O candidato típico a uma vaga como vereador nas eleições de 2024 no Rio Grande do Sul é homem, branco, está na faixa dos 40 anos e, na maioria dos casos, não concluiu o Ensino Superior. Embora o perfil médio dos concorrentes sintetize as desigualdades sociais do país, que acabam por dificultar a participação política direta de mulheres e negros, as características de quem busca uma vaga nas Câmaras Municipais, mesmo assim, são mais diversas do que aquelas de quem pretende se eleger prefeito.
Um dos principais aspectos do universo de quem almeja o cargo de vereador, conforme os registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é a disparidade entre sexos: praticamente dois terços dos postulantes são homens, e apenas um terço, mulheres — embora, na população em geral, cada sexo corresponda a cerca de metade das pessoas.
A distribuição entre as etnias também demonstra algumas distorções. Os brancos somam 83% das candidaturas, cinco pontos percentuais acima da proporção de 78% apurada pelo Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre todos os moradores do Rio Grande do Sul. Já os pretos e pardos, embora representem um quinto dos gaúchos, são apenas 15% de quem tenta conquistar uma cadeira no Legislativo municipal.
Em relação à escolaridade, um quarto dos candidatos informou ter Ensino Superior completo (veja os dados detalhados no infográfico abaixo). Essa cifra é ligeiramente superior à média geral da população, apurada pelo IBGE em 19,6% em 2022.
Perfis diferentes
As principais características dos concorrentes às câmaras, porém, apresentam diferenças significativas em relação aos atributos mais comuns de quem tenta o mandato de prefeito. Em geral, quem busca comandar os municípios é ainda mais frequentemente branco (95%) e homem — nove em cada 10 concorrentes são do sexo masculino.
Em relação à faixa etária, quem mira as prefeituras é, em geral, mais velho do que aqueles que procuram uma cadeira legislativa. Apenas 10% dos postulantes a prefeito têm menos de 40 anos, número que salta para 24% entre os que tentam vaga nas câmaras. Os primeiros também têm escolaridade bem mais elevada, com seis em cada 10 pretendentes com Ensino Superior completo — patamar que representa mais do que o dobro em relação aos candidatos a vereador.
Essas variações expressam diferenças entre eleições majoritárias, como a de prefeitos, e as proporcionais, para as Câmaras Municipais. Conforme o cientista político da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Paulo Peres, as majoritárias são mais disputadas e, por isso, geralmente os "caciques" dos partidos abrem menos espaço para novos concorrentes.
Já as proporcionais contam com muitas vagas em disputa e um interesse dos partidos de apresentar o maior número possível de candidatos para angariar mais votos e alcançar o quociente eleitoral — número mínimo necessário para emplacar um eleito. Dessa forma, a eleição para o Legislativo favorece o lançamento de candidatos que tenham apelo a nichos específicos de eleitores, favorecendo uma maior diversidade nas candidaturas.