Seis dos oito candidatos a prefeito de Porto Alegre receberam sugestões de entidades do setor de comércio de bens e serviços e expuseram suas prioridades para garantir o desenvolvimento do município em um painel realizado no começo da tarde desta terça-feira (3) no Palácio do Comércio.
Cada concorrente dispôs de sete minutos para apresentar propostas que contemplassem as reivindicações dos empresários em áreas como segurança, mobilidade, incentivos fiscais e promoção da economia. A atuação de diferentes níveis de governo diante da enchente de maio voltou a pautar boa parte das discussões.
O evento foi realizado por Associação Comercial (ACPA), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL POA), sindicatos dos Hotéis (SHPOA) de Hospedagem e Alimentação (Sindha) e dos Lojistas do Comércio (Sindilojas) de Porto Alegre. Na primeira hora, representantes das entidades leram um documento com propostas aos concorrentes. Na sequência, cada um dos seis candidatos subiu ao palco para falar sobre seus planos sem interrupções dos demais — Cesar Pontes (PCO) e Luciano Schafer (UP) foram convidados, mas não puderam comparecer. Veja, a seguir, um resumo do que disseram os principais nomes na disputa pela prefeitura.
Recebeu aplausos do público, formado principalmente por empresários, em dois momentos ao longo do discurso. Primeiro, ao se referir à defesa do socialismo feita pela candidata Fabiana Sanguiné (PSTU) dizendo que "O Muro de Berlim já caiu, Fabiana", e quando declarou ser preciso coragem "para pedir o impeachment do (ministro) Alexandre de Moraes". Nos temas específicos da Capital, defendeu o empreendedorismo e a concessão do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae):
— A gente precisa de coragem pra fazer a concessão do Dmae, para botar R$ 4 bilhões de investimento nessa cidade e conseguir fazer com que, especialmente, o mais pobre tenha esgoto tratado.
A pedetista focou na importância de melhorar a educação pública na Capital.
— Precisamos qualificar a nossa mão de obra, e não teremos uma mão de obra qualificada se não tivermos uma educação de qualidade. Infelizmente, Porto Alegre não vem olhando para a educação como deveria. Há crianças que não têm creche, mas, muito além disso, há queda na qualidade da educação dentro de sala de aula. Porto Alegre é a penúltima capital em desenvolvimento educacional, no Ideb — afirmou.
Juliana argumentou que o problema da Capital não é falta de dinheiro, mas de gestão.
Propôs criar um "polo tecnológico industrial da saúde" para estimular o desenvolvimento econômico:
— A saúde é atendimento, é a dimensão social. Nós temos a Santa Casa, o Instituto do Cérebro, já somos um polo de inovação fundamental, somos um polo de atendimento também. E vamos crescer a economia da cidade.
Ela voltou a fazer críticas à resposta da prefeitura às chuvas que resultaram na enchente de maio:
— A manutenção básica do sistema não foi feita. É preciso responsabilidade com o hidrojateamento de todo o sistema embaixo da terra. É preciso fazer as obras, fazer o básico, ter ruas limpas. Os senhores têm lojas que, em frente delas, os contêineres se transformaram em depósitos de lixo a céu aberto.
O atual prefeito rebateu as críticas sobre sua atuação frente à cheia:
— A Constituição Federal estabelece que quem protege de cheia é o governo federal. Eles me criticam agora, mas governam o país há 18 anos. O que fizeram até agora? Governaram o país, governaram a cidade 16 anos, os seus puxadinhos governaram mais seis, e me diga: o que fizeram pra mudar o sistema? E agora o culpado é o Melo?
Melo defendeu seu mandato citando que a passagem de ônibus não é reajustada há três anos, afirmou ter trocado 110 mil pontos de iluminação e ter comprado quase 6 mil vagas em creches. Sustentou, ainda, que em sua gestão 65% dos empreendimentos são licenciados em 10 minutos.
Outros candidatos
Fabiana Sanguiné (PSTU) criticou as gestões municipal, estadual e federal para atuação na cheia e defendeu mais apoio à camada mais pobre da população. Carlos Alan (PRTB) citou três vezes o nome do presidente de honra da sigla, Pablo Marçal, e declarou que a cidade não precisa de políticos, mas de gestores.
As sugestões das entidades empresariais
Veja um resumo de algumas das ideias apresentadas aos candidatos:
- Segurança pública: aumentar efetivo da guarda municipal, em especial em áreas comerciais e no Centro Histórico, que concentra mais de 10% dos casos de furto na cidade. Segurança integrada em dias de eventos e integração de sistemas público e privado de monitoramento por câmeras.
- Infraestrutura e mobilidade: ampliar revitalização de espaços públicos em regiões de viés comercial, como Assis Brasil, Azenha e Centro. Modernização da Rodoviária, concessão de incentivos para adotantes de espaços públicos, construção e ampliação de espaços para eventos, melhoria da iluminação.
- Incentivos fiscais e desburocratização: apoio a leis que reduzam impostos, facilitação do pagamento de tributos, regulamentação e agilização da concessão de desconto no IPTU para prédios históricos no Centro, redução de IPTU em imóveis comerciais no Centro e 4º Distrito e redução de ISS sobre royalties de franquias e empreendimentos hoteleiros de 5% para 2%.
- Promoção do comércio e do turismo: melhorias na estratégia de turismo, reforço do portal DestinoPOA, política de incentivo para instalação de centro de eventos de grande porte, combate ao comércio ilegal e ao consumo de produtos falsificados.
- Responsabilidade socioambiental: adoção de comitê técnico para estimular redução de impactos ambientais, ampliação de áreas verdes em espaços públicos, parcerias para estruturar abrigos e oferecer trabalho remunerado a pessoas em situação de rua.
- Capacitação e qualificação profissional: programas voltados para jovens e idosos, parcerias com instituições de ensino para cursos de qualificação.