O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, proibiu a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de explorar a entrevista em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fala sobre um encontro com adolescentes venezuelanas.
A restrição vale para publicações nas redes sociais e para propagandas no rádio e na TV. A multa é de R$ 100 mil por cada eventual descumprimento.
Moraes também notificou as redes sociais a apagarem publicações sobre o caso em contas ligadas ao petista e a seus apoiadores. O presidente do TSE disse que a declaração do presidente foi tirada de contexto.
"Tal contexto evidencia a divulgação de fato sabidamente inverídico e descontextualizado, que não pode ser tolerada por esta Corte, notadamente por se tratar de notícia falsa divulgada durante o 2º turno da eleição presidencial", escreveu.
Entenda o caso
Durante entrevista a um podcast alinhado a ele na sexta-feira (14), Bolsonaro afirmou que estava passeando de moto na região periférica do Distrito Federal, num sábado de manhã, quando avistou um grupo de adolescentes "bonitas", na faixa de 14 anos, 15 anos, quando "pintou um clima". O presidente disse que pediu para entrar na residência e deu a entender que estavam se arrumando "para ganhar a vida", indicando possível exploração sexual de menores.
— Tinha umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando. Todas venezuelanas. Eu pergunto, meninas bonitinhas, 14, 15 anos, se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida — afirmou o presidente.
A frase, explorada por adversários, que passaram a associá-la à pedofilia e a uma suposta omissão do presidente em tomar providências quanto à situação de vulnerabilidade das meninas, abriu uma crise na campanha do presidente. Vídeos com a frase já circulam na propaganda eleitoral de Lula.
No sábado, coordenadores da campanha bolsonarista publicaram vídeos que registraram parte do encontro de Bolsonaro com um grupo de imigrantes venezuelanas, em 2020.
Na madrugada deste domingo, Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo às pressas nas redes socais para se defender. O comitê também gastou pelo menos R$ 145 mil de última hora na compra de anúncios online dizendo que "Bolsonaro não é pedófilo".