O presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL, participou, neste sábado (8), de uma romaria fluvial em celebração ao Círio de Nazaré, evento da Igreja Católica, em Belém, no Pará.
Bolsonaro chegou às 6h20min ao navio da Marinha com o qual fez um percurso de cerca de três horas pelas águas da Baía do Guajará. O presidente estava acompanhado das deputadas Bia Kicis (PL-DF) e Carla Zambelli (PL-SP).
O anúncio da presença de Bolsonaro no evento religioso foi contestado por autoridades paraenses. Reeleito governador do Estado visitado por Bolsonaro, Helder Barbalho (MDB) afirmou que "o Círio de Nazaré é algo absolutamente intocável, algo que nenhum político tem o direito de se apropriar". Recentemente, Barbalho anunciou apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição presidencial.
Em foto do evento publicada nas redes sociais, o perfil de Bolsonaro errou a grafia da solenidade, o que ampliou as críticas ao presidenciável. A mensagem dizia "Sírio de Nazaré (08/10/2022)", com a letra "S" — o que remete ao que pertence à Síria, país do Oriente Médio. A grafia correta do evento religioso, no entanto, é "Círio", com "C". O equívoco foi corrigido, mas a imagem circulou nas redes sociais e repercutiu entre adversários de Bolsonaro.
O senador do Amapá, Randolfe Rodrigues, cobrou respeito do candidato à reeleição no pleito nacional, após o ato falho. "Sei que você (Bolsonaro) não conhece nada sobre o país que governa, mas pelo menos deveria saber escrever o nome da maior manifestação religiosa do mundo. Sua ignorância e desrespeito com a Amazônia está cada dia mais evidente. Tenha respeito com a devoção dos cristãos", escreveu em seu perfil no Twitter.
"É um falso religioso", disparou Flávio Dino neste sábado. "Sírio é quem nasce na Síria. Círio de Nazaré. Nada conhece da fé cristã e nunca leu a Bíblia", disse o ex-governador do Maranhão.
O que é a romaria fluvial
A romaria fluvial é uma das atividades da celebração do Círio de Nazaré, uma das maiores comemorações católicas. Responsável pela organização do evento, a Arquidiocese de Belém informou, por nota, que não houve convite a qualquer autoridade.
"Temos o dever de observar a plena liberdade de qualquer cidadão ou cidadã de participar dos eventos do Círio de Nazaré. Todavia, não desejamos e nem permitimos qualquer utilização de caráter político ou partidário das atividades do Círio", diz a nota.
A assessoria de Bolsonaro afirmou, segundo o g1, que o presidente participou da celebração como um "chefe de Estado" e que o comparecimento dele não é um compromisso como candidato à reeleição.