A imprensa britânica repercutiu a ideia de um intuito eleitoral na viagem do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), a Londres para o funeral da rainha Elizabeth II. Já no primeiro dia, no domingo (18), o chefe do Executivo fez um discurso em tom de campanha para apoiadores de seu governo no Reino Unido e foi a um posto de gasolina gravar um vídeo comparando o preço do combustível com o do Brasil.
O conservador The Times deu o seguinte título a uma matéria: "Bolsonaro rompe o luto para marcar pontos políticos". O texto diz que "o presidente do Brasil usou sua viagem para o funeral da rainha para mostrar ao seu país quão caro é o combustível em Londres". O jornal diz ainda que os brasileiros reagiram de forma "mista" ao vídeo, "com muitos argumentando que os salários do Reino Unido são significativamente mais altos".
O The Guardian chamou o presidente de "populista da América do Sul" e classificou a viagem como uma "oportunidade de ouro para impulsionar sua campanha à reeleição". "Jair Bolsonaro usa visita a Londres para funeral da rainha como 'plataforma eleitoral'" foi o título dado pelo jornal. "Bolsonaro entrou imediatamente no modo de campanha, apesar do momento de luto", diz o texto.
O Independent titulou que "Bolsonaro é acusado de transformar visita ao funeral da rainha em comício político". Na mesma linha das demais publicações, o veículo noticiou a viagem como uma conveniência para a campanha eleitoral do chefe do Executivo. "O presidente do Brasil realizou um comício eleitoral improvisado, fazendo um discurso de campanha ao ar livre em Londres, onde ele veio para assistir ao funeral da rainha Elizabeth II", diz o jornal.
No último domingo, da sacada da casa do embaixador do Brasil, onde ficou hospedado, Bolsonaro fez discurso de campanha e afirmou que a maioria do país não aceita discutir legalização do aborto, descriminalização das drogas e a chamada "ideologia de gênero".
"Esse é o entendimento da grande maioria do povo brasileiro. Estive no interior de Pernambuco e a aceitação é simplesmente excepcional. Não tem como a gente não ganhar no primeiro turno", disse o presidente e candidato à reeleição, em Londres. Apoiadores do presidente o recepcionaram no Reino Unido vestindo camisas da seleção brasileira e aos gritos de "mito" e "homem extraordinário".
Também em frente à casa do embaixador, houve um protesto contra o governo, mas em menor número. A polícia teve de cercar o local após os dois grupos se desentenderem e trocarem xingamentos.