O presidente Jair Bolsonaro (PL), que concorre à reeleição, reagiu, nesta sexta-feira (26), à participação de seu principal adversário no pleito de outubro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Jornal Nacional, da TV Globo, na noite anterior. Em entrevista ao Pânico na TV, da Jovem Pan, que teve início ao meio-dia e durou mais de duas horas, Bolsonaro rebateu a declaração do ex-presidente Lula de que a população tem que voltar a comer picanha, ao defender o aumento do poder de compra da população.
— A esquerda vende a ilusão de picanha para todo mundo, e eu digo: não tem filé mignon para todo mundo — afirmou.
O chefe do Executivo também alegou que uma pequena parcela pode ser influenciada pelo que ele chama de "mentiras" ditas por Lula na quinta-feira (25).
— Uma pequena parcela é influenciada sempre. Não tem como você falar que não vai atender alguém, ainda mais quando levantam a bola pra ele dizer que não deve mais nada à Justiça. Para você ver, o Lula saiu da cadeia por uma reinterpretação da segunda instância. Ele saiu da cadeia, tinha três condenações e não poderia ser candidato. E daí, o (ministro Edson) Fachin que sacou a questão do CEP. Deveria ser julgado em Brasília e não em Curitiba. E daí foram anuladas essas condenações e voltou para a primeira instância em Brasília. Algumas das coisas de que ele era acusado existia um prazo prescricional, ou seja, não vale mais até pela idade dele que ajudou aumentar esse prazo. Então a população não sabe o que aconteceu — disse o presidente.
Na quinta-feira, o candidato do PT à Presidência da República concedeu entrevista ao telejornal da TV Globo e disse que "Bolsonaro parece o bobo da corte, ele não coordena o orçamento". Ao Pânico, Bolsonaro contestou a versão de Lula de que fez mais pelo agronegócio, dizendo que pacificou o MST titulando as terras. Para Bolsonaro, os decretos armamentistas melhoraram a vida do agro — ele lembrou que dobrou o número de porte de armas para caçadores, atiradores e colecionadores (CACs ) do Brasil.
— Como nós pacificamos o MST? Titulando terras. Geralmente, eram pessoas que ocupavam posse e eles não eram donos daquilo. Passava um ônibus na frente da propriedade, o pessoal embarcava. Era obrigado a embarcar para não perder a sua posse, e invadiam uma propriedade. Isso começa lá atrás, com o Fernando Henrique Cardoso, oito anos de governo dele, nós tivemos em média uma invasão de terra por dia. No nosso governo, passou a ser quatro por ano. A diferença começa por aí — explanou o candidato do PL.
— O que que nós fizemos pelo agro? Fizemos também pela população em geral. Questão da arma de fogo. A arma de fogo é o seu legítimo direito da defesa. Facilitamos por decretos e portarias a posse e o porte de arma de fogo. Também tivemos os CACs, nós dobramos o número de CACs, colecionador atirador e caçador. Já estamos chegando a 400 mil. Quanto mais armada a população de bem está, mais difícil ela é de ser abusada por parte de marginais — continuou Bolsonaro.
Sobre as questões envolvendo empresários que estariam supostamente apoiando um golpe de Estado por Bolsonaro e o caso do parlamentar Daniel Silveira, o candidato disparou críticas ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes:
— Esse ministro, ele escala o seu delegado da Polícia Federal. E ele determina que se faça isso ou aquilo. E quando o delegado, por ordem dele, pede para fazer uma busca e apreensão e ele assina embaixo, daí fala: "A Polícia Federal...". Não é a Polícia Federal. Não é a Polícia Federal e ponto final. É ele que quer fazer isso daí. É uma interferência buscando atingir os seus objetivos. Que no meu entender é o poder.
Ainda dando sequência aos ataques ao TSE e ao sistema eleitoral, Bolsonaro voltou a dizer que as urnas eletrônicas têm problemas:
— Até essa questão da nova adesão, do não entrar com o celular. Em 2018, eu recebi pequenos vídeos de pessoas pelo Brasil todo que iam votar e ia apertar lá o 17 e não saía. Já dava encerrado, aparecia o 13... o Haddad ali e encerrava a votação. Eles querem evitar isso daí. Será que não conseguiram sanar isso ou isso existe propositalmente para tentar mexer no número da votação no final — disse Bolsonaro, levantando suspeita sobre as urnas mais uma vez.
A agenda de Bolsonaro nesta sexta-feira ainda previa uma entrevista a um podcast e visita à Festa do Peão de Barretos (SP).