A direção executiva do PDT recebeu manifestações pela manutenção da candidatura própria de Vieira da Cunha (PDT) ao Palácio Piratini, em reunião no final da tarde desta quinta-feira (21), em Porto Alegre. O encontro ocorreu para que a sigla debatesse a proposta de indicar Vieira como candidato a vice-governador na chapa liderada por Beto Albuquerque (PSB).
Apesar do indicativo de manutenção da chapa própria, o PDT evitou emitir resposta definitiva sobre o convite do PSB. Tudo foi adiado para esta sexta-feira (22), às 13h30min, quando os presidentes dos partidos e os dois pré-candidatos irão se reunir. A intenção do PDT é manter a interlocução aberta para tentar definir com o PSB critérios para a escolha do candidato: um deles seria a contratação de uma pesquisa conjunta. Beto já havia rejeitado essa possibilidade em reunião recente em Brasília.
— A ampla maioria se manifestou pela candidatura própria, registrando a importância da vontade do Vieira. A proposta do PSB tem pontos interessantes (envolve retribuição de apoio no futuro), mas vejo que ela não teve eco aqui — avaliou a deputada estadual Juliana Brizola (PDT).
Presidente estadual do PDT, Ciro Simoni confirma a majoritária manifestação pela chapa própria encabeçada por Vieira, mas faz uma ressalva:
— Ao mesmo tempo, a decisão ficou a cargo do Vieira e minha para que possamos esgotar as conversas nesta sexta e definir critérios.
Vieira estava em roteiro em Santa Cruz do Sul e sequer participou da reunião, mas tem reiterado aos correligionários que sua disposição é por concorrer como cabeça de chapa. O próprio Vieira já considerou “difícil” o apoio ao PSB. Por outro lado, uma parcela de pedetistas acredita que ele poderá, ao final, aceitar concorrer como vice de Beto, o que ainda dependerá de ajustes. Há certo incômodo com a postura de Beto, irredutível em considerar apenas a hipótese de ser o cabeça de chapa.
Além da vontade de Vieira, deverá pesar para a decisão o fato de o PDT ser maior do que o PSB no Estado e a relevância de uma candidatura própria para ajudar na eleição de deputados estaduais e federais. Esses são aspectos que fortalecem a tese da candidatura própria do PDT. De outra parte, o apoio ao PSB não está descartado até o momento porque os dirigentes pedetistas reconhecem a dificuldade em apresentar isoladamente uma candidatura ao Palácio Piratini, que também terá a missão de ser o palanque do presidenciável Ciro Gomes (PDT) no Rio Grande do Sul.
Cenários possíveis
Nas palavras do deputado federal Pompeo de Mattos (PDT), se os dois partidos caminharem sozinhos na eleição, a tendência é de que sejam “degrau para a escada dos outros”. Em outra leitura, quer dizer que não terão envergadura para confrontar as candidaturas já consolidadas e que despontam como favoritas. E isso pode afetar os desempenhos ao Legislativo.
Beto já reiterou diversas vezes que será somente candidato a governador, sem exceção. Nos bastidores, o entendimento é de que, sem aliados, ele terá dificuldade para manter a candidatura. Pedetistas avaliam que, caso Beto se retire da disputa, o PSB poderá indicar o candidato a vice-governador na chapa liderada por Vieira. Essa composição, desejo do PDT para sair do isolamento, também é de complexa execução. A direção do PSB se reuniu entre o final da manhã e o meio da tarde desta quinta-feira, horas antes do encontro dos pedetistas. O encaminhamento foi de que a candidatura de Beto será firmada neste sábado (23), na convenção estadual da legenda, independentemente da resposta do PDT.
Um dirigente do PSB afirmou, sob anonimato, que o nome de Beto será referendado para “mostrar ao PDT que a única chance de estarem conosco é nos apoiando para governador”. Se a estratégia não funcionar e mais adiante Beto decidir pela retirada da candidatura devido ao isolamento, dirigentes da sigla consideram lançar outro nome próprio, em chapa pura, o que seria uma demarcação de posição. As hipóteses de apoiar o PDT ou a candidatura de Edegar Pretto (PT), da federação PT/PCdoB/PV, foram rechaçadas pelo PSB nesta reunião.