A direção executiva do PDT se reunirá às 17h desta quinta-feira (21), em Porto Alegre, para decidir se aceita ou não a proposta de indicar Vieira da Cunha (PDT) como candidato a vice-governador do Rio Grande do Sul em uma chapa liderada por Beto Albuquerque (PSB). O encontro entre as direções nacionais do PDT e do PSB, junto dos seus pré-candidatos ao Palácio Piratini, realizado na terça-feira (19), em Brasília, aflorou afinidades, mas dificilmente terá o condão de fazer o ex-deputado pedetista desistir de disputar a eleição na cabeça da chapa.
Entre as lideranças do partido, a avaliação é semelhante: apoiar Beto não é impossível, a relação das siglas é positiva, todos os esforços são válidos para evitar o isolamento, mas o PDT é maior no Rio Grande do Sul. E ter candidatura própria é considerado importante para melhorar os resultados das bancadas estadual e federal. Os trabalhistas ainda apontam que a posição de Vieira será uma bússola para a decisão. Ele tem demonstrado, nos bastidores, motivação e convicção para concorrer.
— A cabeça de chapa é um complicador, mas não é irremovível. O Beto tem a intenção de ser o cabeça de chapa e está irredutível. Vamos levar a proposta, mas é difícil o PDT apoiá-lo em função do tamanho dos partidos. Levei à reunião os resultados das eleições de 2018 e de 2020 no Rio Grande do Sul e fica evidente a desproporção entre PDT e PSB. É difícil, mas não cabe a mim decidir — afirma Vieira.
Para o deputado federal Pompeo de Mattos (PDT), a proposta do PSB, de receber apoio agora e retribuir aos pedetistas nas eleições de 2024, na Capital e outras cidades, e em 2026, ao Piratini, é interessante. Pompeo destaca que, caso fiquem isolados, tanto PDT quanto PSB serão “degrau para a escada dos outros”.
— A palavra mais importante, nessa hora, vai ser a do Vieira, seja para ser candidato a governador ou ser vice. O que ele decidir, estaremos com ele — diz Pompeo.
Avaliação semelhante tem o deputado federal Afonso Motta (PDT):
— O PDT tem mais prefeitos, vices e vereadores, é um dos maiores partidos do Rio Grande do Sul. A lógica é valorizarmos nossa candidatura, mas, como há toda uma circunstância, a minha posição vai se basear muito na vontade do Vieira de liderar. Se tiver de votar, minha lógica é seguir a decisão do Vieira.
O PSB aposta todas as fichas na aliança com o PDT para viabilizar a candidatura. O principal trunfo é a apresentação de pesquisas contratadas pela sigla que mostram Beto melhor colocado nas intenções de voto popular. Outra defesa é que Beto, em eventual segundo turno, teria capacidade de ampliar alianças ao centro. Só que o PDT rebate dizendo que Vieira tem menor rejeição. Pedetistas comentam ter levantamentos que mostram “índices muito parecidos” entre os dois.
Na tentativa de estabelecer um método para apontar o cabeça de chapa, é citada com frequência a contratação de uma pesquisa conjunta, que aponte um resultado até o início da próxima semana. Para o núcleo pedetista, aceitar um levantamento de opinião como critério absoluto seria ter um retrato de momento que, em tese, pesaria a favor de Beto. Ainda assim, há quem defenda essa solução no PDT.
— É crucial estarmos juntos. Quem vai ser o candidato ou o vice, considero até secundário no momento. Temos tempo de contratar uma pesquisa para semana que vem. Quem estiver na frente, que seja o candidato a governador — avalia o deputado estadual Gerson Burmann (PDT).
Na disputa nacional, a eventual aliança seria o palanque do presidenciável Ciro Gomes (PDT) no Rio Grande do Sul. Embora Beto esteja liberado para a parceria com Ciro, pedetistas lembram como outro complicador o fato de o PSB ter indicado Geraldo Alckmin (PSB) a vice-presidente na chapa liderada por Lula (PT). Avaliam que Beto não poderia virar as costas ao seu correligionário e, assim, seria um palanque duplo. Já Vieira seria exclusivo de Ciro.
A convenção do PSB ocorre já neste sábado (23) e, na véspera, os dois partidos devem se reunir para que o PDT apresente sua resposta à proposta. Vieira entende que, mesmo em caso de negativa, as tratativas devem continuar. Uma hipótese seria deixar a convenção do PSB em aberto — o prazo fatal é 5 de agosto — ou adiá-la. Nos bastidores, a análise é de que Beto não tem intenção de concorrer sem aliados.
— Podemos encontrar outra fórmula de união. Se não for com o Beto e comigo, poderá ser em outra. Vai depender das conversas — diz Vieira.
Beto testou positivo para a covid-19 nesta quarta-feira (20) e está com sintomas leves, em isolamento. Ele disse que não irá se manifestar antes das reuniões do PDT e do PSB que irão ocorrer nesta quinta.