Um variado grupo de empresários aderiu a uma carta em tom duro em defesa da democracia brasileira e ao sistema eleitoral nesta terça-feira (26). O manifesto, que vem sendo gestado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e circula desde a semana passada, ganhou assinaturas de peso no mundo empresarial e financeiro. Até a tarde desta quinta-feira (28), havia passado de 300 mil o número de pessoas que aderiram ao manifesto.
Entre os nomes que assinaram o texto estão o de Roberto Setubal e Cândido Bracher (Itaú Unibanco), representantes da indústria como Walter Schalka (Suzano) e de empresas de bens de consumo como Pedro Passos e Guilherme Leal (Natura). Assinaram também Eduardo Vassimon (Votorantim), Horácio Lafer Piva (Klabin), Pedro Malan (ex-ministro da Fazenda do governo Fernando Henrique Cardoso), o economista José Roberto Mendonça de Barros, o cineasta João Moreira Salles e o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello.
Conforme o Estadão informou na última quarta-feira (20), empresariado e juristas se articulavam para unir forças em uma mobilização que terá como ápice um ato no dia 11 de agosto, nas arcadas do Largo de São Francisco, em defesa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da democracia brasileira.
O texto que ganhou adesão do empresariado não faz menção expressa ao presidente Jair Bolsonaro, mas afirma que o país está "passando por um momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições".
Ao citar "desvarios autoritários" que puseram em risco a democracia dos Estados Unidos, a carta diz: "Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão".
O manifesto é inspirado pela Carta aos Brasileiros de 1977, um texto de repúdio ao regime militar, redigida pelo jurista Goffredo Silva Telles, e lida também na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
Há inda um outro manifesto, que sendo preparado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), intitulado “Em Defesa da Democracia e da Justiça”, e faz parte de um dos atos organizados para ocorrer no dia 11 de agosto, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
Atos de 11 de agosto
Dois atos estão programados para acontecer na manhã do dia 11, ambos na Faculdade de Direito da USP. O primeiro, com empresariado e entidades da sociedade civil, deve ocorrer no Salão Nobre da faculdade.
Já o segundo ato do dia será aberto com a leitura da Carta aos Brasileiros, que será feita pelo ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello.