O número de candidatos ligados a instituições religiosas concorrendo a cargos de prefeito, vice e vereador em 2020 no Rio Grande do Sul aumentou em comparação com os dois últimos pleitos municipais (2016 e 2012). São 61 postulantes (58 candidatos a vereador, dois a vice e um a prefeito) que preencheram suas ocupações como "Sacerdote ou Membro de Ordem ou Seita Religiosa" no questionário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), conforme dados do órgão.
O número é 11% maior do que o da última eleição municipal, realizada há quatro anos. Na ocasião, foram 55 candidatos ligados a algum tipo de religião (52 a vereador, dois a vice-prefeito e um a prefeito). O aumento já havia sido observado na relação entre o pleito de 2016 e o de 2012, quando o acréscimo foi de 28%.
Como o TSE não faz distinção entre as religiões, não é possível apontar qual teve o maior crescimento, mas especialistas apontam que esse tipo de candidatura ganhou ainda mais força com a eleição do presidente Jair Bolsonaro, em 2018. Segundo o cientista político e professor da UFRGS Paulo Peres, a entrada de lideranças religiosas na política é algo que já vem se observando há certo tempo e não apenas no Brasil.
— É um movimento que começou nos Estados Unidos, mas vem se espalhando por todo o mundo. É uma situação estrutural e proativa de lideranças políticas que entraram no meio político. Aqui no Brasil, existem duas maneiras: com a criação de partidos, pela facilidade que se tem, ou então, se vinculando a um partido "laico", que se interesse de atrair uma liderança com poder de voto. Isso acontece das duas formas por aqui — explica.
Os números desse tipo de candidatura no Brasil também aumentaram no território nacional, conforme levantamento da Agência Pública divulgado recentemente. Além de terem crescido, também bateram o recorde nessa categoria nas eleições municipais desde 2008, sendo 885 candidaturas neste ano.
Segundo o mesmo levantamento, a maior parte das candidaturas (101 candidatos) é ligada ao Republicanos, partido próximo à Igreja Universal do Reino de Deus, cujo presidente é o deputado federal Marcos Pereira, bispo da Universal e vice-presidente da Câmara dos Deputados.
— Essa foi uma decisão intencional das igrejas pentecostais e não pentecostais de entrar na política. Para eles, é importante colocar no poder lideranças religiosas para que exista a implementação de uma agenda religiosa e mais conservadora. A base religiosa foi muito importante para a eleição do Bolsonaro e também para sua sustentação no poder —completa Peres.
Eleições de 2020
- 1 candidato a prefeito
- 2 candidatos a vice-prefeito
- 58 candidatos a vereador
Eleições de 2016
- 1 candidato a prefeito
- 2 candidatos a vice-prefeito
- 52 candidatos a vereador
Eleições de 2012
- 1 candidato a prefeito
- 42 candidatos a vereador
Fonte: TSE