Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) relatada nesta quarta-feira (28) mostra que muitos candidatos às eleições de 2020 deixaram escrúpulos de lado. Tiraram auxílio emergencial que deveria ser destinado a pessoas carentes, mesmo possuindo bens, emprego fixo e renda, conforme declararam à Justiça Eleitoral. De acordo com o levantamento, 10.724 aspirantes aos cargos de vereador e prefeito em todo o Brasil retiraram o benefício.
Desse total, 1.320 declararam patrimônio milionário, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e também da Receita Federal, compilados na auditoria. Outros 1.006 têm bens avaliados entre R$ 750 mil e R$ 1 milhão. A lista também inclui 2,5 mil que declararam bens no valor de até R$ 750 mil e 5,8 mil com bens entre R$ 300 mil e R$ 500 mil. Nenhum deles poderia requisitar o auxílio emergencial, porque a medida provisória que instituiu o benefício veda a concessão do auxílio a quem tenha bens e receita superior a R$ 300 mil, ressalta o ministro do TCU Bruno Dantas, relator do levantamento.
— Nos deparamos com pessoas que se apresentam para as eleições e possuem patrimônio totalmente incompatível com esse benefício de R$ 600, que deveria se prestar para aliviar a fome e as dificuldades momentâneas de pessoas que abruptamente perderam o trabalho, a renda, as condições de produzir o sustento da família. É lamentável, dá asco — afirmou Bruno Dantas, ao apresentar o relatório do TCU.
A auditoria cruzou dados da Base Unificada de Pessoas, da folha de pagamentos do INSS e do Bolsa Família, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e também do Cadastro de Pessoas Físicas.
Bruno Dantas determinou que a auditoria seja encaminhada ao Ministério da Cidadania, ao INSS e à Procuradoria-Geral Eleitoral do Ministério Público Federal, para que sejam cobrados os beneficiários e providências criminais sejam tomadas. O TCU não divulgou estatísticas por Estados.