O reforço contra os crimes eleitorais nas eleições municipais de 2020 virá pelo ar. A Polícia Federal (PF) vai usar drones — pequenas aeronaves não tripuladas e controladas remotamente — para fiscalizar crimes como boca de urna, transporte de eleitores e compra de votos. Todos os equipamentos são equipados com câmeras de alta definição, o que deve permitir flagrantes registrados em imagem.
No Rio Grande do Sul, 16 drones serão utilizados em todas as regiões. A maioria deles chegou nos últimos dias, em um investimento feito pela corporação pensando nas eleições.
Nesta terça-feira (27), a PF fez um exercício simulado para apresentar a tecnologia, na superintendência regional, no bairro Azenha, em Porto Alegre. A ideia inicial era sobrevoar o bairro, mas a chuva nesta manhã impediu a demonstração.
— É uma ação inédita, não só no Rio Grande do Sul, mas no Brasil inteiro. Nosso objetivo é prevenção: que os crimes não ocorram no dia das votações e nas eleições. Eventualmente ocorrendo, vamos ter as provas necessárias para a apuração dos delitos — disse o delegado regional de investigação e combate ao crime organizado Alessandro Maciel Lopes.
Na Capital e na Região Metropolitana, serão usados três drones. Os outros 13 estão sendo espalhados no Interior. Segundo o delegado, ficarão nas cidades de maior concentração de eleitores.
— Vamos estar atentos aos municípios expressivos, maiores, movimentando equipes com esses drones e acompanhando os principais locais de votação — complementa o Lopes.
De acordo a superintendência local da PF, o Rio Grande do Sul é um dos Estados que vai usar o maior número de drones, ao lado de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Todos receberam o mesmo número de equipamentos.
A corporação não detalha o investimento feito para a aquisição, mas adianta que alguns deles têm câmeras de até R$ 15 mil. Os equipamentos serão usados pra outros fins após o período eleitoral.
— É uma ferramenta que vem para ficar e vai contribuir para uma normalidade do período eleitoral— detalha João Luiz Correa da Rocha, chefe da delegacia de Defesa Institucional.
Os drones
Um dos drones usados é um Inspire 2, modelo da fabricante chinesa DJI. Com quatro quilos, o equipamento é capaz de voar a uma altura de cinco quilômetros e atingir velocidade máxima de 95 km/h. O alcance da câmera é de sete quilômetros.
Em Brasília, o diretor da Polícia Federal, Rolando Alexandre, destacou que foram comprados mais de cem drones, com alta tecnologia, sendo que alguns custaram em torno de R$ 200 mil. Com as câmeras, é possível identificar suspeitos, placas de veículos, entregas de santinhos e situações de compra de votos, com imagens de alta nitidez.
— São drones altamente sofisticados, com poder de alcance de zoom de 180 vezes. Nos permite a até uma distância de seis quilômetros obtermos imagens de centímetros. Esses drones não ficarão visíveis para as pessoas que estão na zona eleitoral, mas, pode ter certeza, eles estarão vendo tudo. É uma forma até de inibir, sabendo que essas zonas mais complicadas, que já idenficamos, estarão sendo acompanhadas de perto.
Sobre a distribuição dos drones nas zonas eleitorais, Rolando Alexandre diz que, além do quesito tamanho, foi levado em conta também o histórico da zona eleitoral. Aquelas que em outras eleições apresentaram maior quantidade de problemas, terão uma atenção especial na eleição.
Os drones serão usados em todos os Estados. As imagens capturadas serão transmitidas a uma equipe da Polícia Federal que estará preparada para monitorar toda as eleições e adotar as medidas cabíveis diante de atividades suspeitas. Depois, agentes em solo devem ser deslocados até os locais para o prosseguimento das medidas.