É difícil descobrir as propostas do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para a educação. O plano de governo é genérico e as declarações dele e de seus assessores, conflituosas. As propostas já ventiladas incluem unir três pastas no Ministério da Educação, Cultura e Esporte, "doutrinar menos" em escolas, reduzir as cotas, qualificar professores, aproximar universidades públicas da iniciativa privada e expandir o modelo militar de educação.
De forma bastante genérica, também foi citada a revisão da reforma do Ensino Médio e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o impedimento da "aprovação automática" de ano. Para especialistas, as propostas são pouco efetivas para resolver os problemas da educação, como o baixo desempenho em português e matemática ou a evasão no Ensino Médio.
Um documento do grupo Interdisciplinaridade e Evidências do Debate Educacional (Iede), redigido por especialistas de grandes universidades brasileiras, selecionou algumas propostas do presidente eleito e se opôs a todas.
Um dos consultores para a educação de Bolsonaro é Stravos Xanthopoylos, ex-presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed). Contatado por Zero Hora, ele concordou em falar antes do resultado das eleições apenas sobre educação a distância (EAD). Questionado sobre a afirmação de Bolsonaro de estender a metodologia até o Ensino Fundamental, Xanthopoylos diz que o presidente eleito foi mal interpretado e que o real objetivo é propor uma "revolução digital" na educação brasileira.
— Não vai ter EAD para crianças, obviamente. O que queremos é preparar os jovens para o século 21, utilizando tecnologias baratas à disposição. A gente não pode ter um país com 200 milhões de habitantes e em 14 anos (de governo PT) não evoluir no Pisa. O plano de governo é melhorar a educação. É resumido, mas retomaremos depois. Todos os planos de governo são genéricos – diz.