O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou, em entrevista ao Jornal Nacional, na noite desta segunda-feira (29), que pretende ser um presidente que vai governar para todos no Brasil. Ele pediu a união de todos os brasileiros, independentemente da escolha nas urnas. O futuro chefe do Executivo voltou a dizer que respeitará a Constituição:
— Primeiro (quero) dizer que as eleições acabaram. Chega de mentiras. Chega de fake news. Realmente, agora, estamos em outra época. Quero governar para todos no Brasil. Não apenas para os que votaram em mim. Temos uma Constituição que tem de ser realmente a nossa bíblia aqui na terra. (Temos de) Respeitá-la, porque só dessa maneira podemos conviver em harmonia.
O presidente eleito também aproveitou o espaço no noticiário para fazer um pedido aos eleitores que não votaram nele no pleito:
— Quero dizer para todos vocês que não votaram em mim que nós estamos no mesmo barco. Se o Brasil não sair dessa crise ética, moral e econômica, todos nós sofreremos as consequências do que se aproxima no futuro. Nós queremos é junto com vocês... afinal de contas nós temos tudo para ser uma grande nação. O que está faltando é a união de todos. Evitar as divisões.
Questionado sobre o que diria sobre uma pessoa que agride outra pessoa apenas pela orientação sexual dela, Bolsonaro adotou tom mais ameno:
— A agressão contra um semelhante tem de ser punida na forma da lei e se se for por um motivo como esse, tem de ter sua pena agravada.
Bolsonaro também confirmou ser "totalmente favorável à liberdade de imprensa" e aproveitou o assunto para desferir ataques ao jornal Folha de S. Paulo, citando especificamente o caso de uma suposta funcionária fantasma em seu gabinete, denunciado pelo jornal paulista. Segundo o político, a servidora estava de férias quando foi supostamente flagrada pela reportagem vendendo açaí em outro local em suposto horário de serviço.
— Não quero que ela acabe (a Folha de S. Paulo), mas, no que depender de mim, na propaganda oficial do governo, imprensa que se comportar dessa maneira, mentindo descaradamente, não terá apoio do governo federal.
Questionado por Bonner se queria o fim da Folha de S. Paulo, como afirmou em pronunciamento a militantes na Avenida Paulista, Bolsonaro disse que o próprio veículo está forçando essa situação:
— Por si só, esse jornal já se acabou. Quase todas as fake news que se voltaram contra mim, partiram da Folha de S. Paulo. Inclusive, a última matéria, onde eu teria contratado empresas fora do Brasil via empresários aqui para espalhar mentiras contra o PT. Uma grande mentira. Mais uma fake news da Folha de S. Paulo.
Citando o seu cargo como editor-chefe do Jornal Nacional, William Bonner pediu espaço para citar que já discordou de algumas posturas da Folha de S. Paulo contra a Globo, mas que o concorrente sempre abriu espaço para a emissora apresentar os seus argumentos.
— A Folha é um jornal que cumpre um papel importantíssimo na democracia — disse Bonner.
No final da noite desta segunda-feira (29), o jornal Folha de S. Paulo respondeu ao presidente eleito.
Assim como na entrevista à Record, Bolsonaro voltou a falar em convite ao juiz Sergio Moro para cargo em seu governo. Segundo o presidente eleito, Moro "tem de ter seu trabalho reconhecido".
"Marginais vermelhos"
Bolsonaro também foi questionado sobre o que queria dizer quando disse a frase "Esses marginais vermelhos serão banidos da nossa pátria", em pronunciamento na Avenida Paulista. O presidente eleito afirmou que se referia às cúpulas do PT e do PSOL.
— No Brasil de Bolsonaro quem desrespeitar a lei sentirá o peso — declarou, referindo-se a uma fala de Guilherme Boulos, candidato à presidência pelo PSOL, que afirmou que "invadiria a casa de Bolsonaro" por ser "terreno improdutivo".