A seis dias para a votação de 7 de outubro, os candidatos com mais chances de avançar ao segundo turno das eleições para governador e presidente pretendem intensificar as agendas de campanha para conquistar os indecisos e retirar votos dos adversários.
A corrida para o Palácio Piratini está divida em dois polos, José Ivo Sartori (MDB) e Eduardo Leite (PSDB), que lideram as sondagens de intenção de voto em empate técnico. A última pesquisa Ibope, divulgada na quinta-feira, aponta que, no cenário estimulado (os nomes dos concorrentes são apresentados), 8% dos eleitores estão indecisos.
Os estrategistas dos quatro candidatos com melhor desempenho nas pesquisas já definiram suas ações: conquistar essa fatia de indecisos cujo voto pode ajudar a virar o jogo, partir para o corpo a corpo na Região Metropolitana, atrelar imagem a presidenciável ou se defender de ataques dos adversários.
Na disputa para a Presidência da República, os concorrentes estacionados no pelotão intermediário das pesquisas entram na semana decisiva com uma árdua missão. Eleitores de Jair Bolsonaro (PSL) e de Fernando Haddad (PT), que lideram os levantamentos, são os menos dispostos a trocar de candidato, reduzindo as chances de transferência de votos. A quem vem atrás e segue com esperança de estar no segundo turno, restará apelar ao “voto útil”, pesando o discurso contra a polarização e se apresentando como terceira via.
Entre os principais canais para difundir as mensagens nesta semana derradeira de campanha, está o horário eleitoral em rádio e TV. Os postulantes ao Piratini terão esta segunda-feira (1º/10) e quarta-feira (3/10) para falar ao eleitores, enquanto os presidenciáveis ocuparão seus espaços na terça e quinta-feira, último dia de veiculação da propaganda obrigatória.
Na quarta-feira (3/10), a RBS TV realizará o debate entre os candidatos a governador. Na quinta, será a vez do embate entre os concorrentes ao Planalto na Rede Globo. No tempo restante, a aposta recairá nas redes sociais, que oferecem espaço ilimitado, além do velho corpo a corpo junto ao eleitorado.
Veja ao lado as estratégias dos candidatos mais bem colocados nas pesquisas para as eleições aos governos gaúcho e federal na última semana de campanha.
DISPUTA ESTADUAL
Reação preparada
Em primeiro lugar na última pesquisa do Ibope, empatado tecnicamente com José Ivo Sartori (MDB), o candidato do PSDB ao Piratini, Eduardo Leite (na foto, com eleitoras na orla do Guaíba, no sábado), tentará percorrer o maior número de lugares em pouco tempo e fugir de ataques. Ao saltar de 8% das intenções de voto no início da campanha para 30%, o ex-prefeito de Pelotas está na mira dos adversários.
Na última semana, passou a ser alvo de críticas em rádio e TV sobre a polêmica dos exames preventivos de câncer e chegou a destinar um programa inteiro para se defender. Os roteiros para as propagandas do tucano ainda estão em aberto – podem ser modificados às pressas para rebater as investidas.
– Nossa estratégia não é de ataque, mas de proposição. Mas, se tivermos ataques, o Eduardo vai responder à altura – diz Valdir Bonatto, coordenador-geral da campanha.
Corpo a corpo nas ruas
Para garantir um lugar no segundo turno, Jairo Jorge (PDT) também irá centrar as atenções nos indecisos. O ex-prefeito de Canoas (na foto, conversando com eleitores no sábado no Gasômetro, na Capital), que tem preferência de 8% dos eleitores segundo o mais recente levantamento do Ibope, subiu o tom na última semana.
– O que esperar de um governador que mandou os professores buscarem o piso no Tumelero – chegou a declarar o pedetista em Caxias do Sul, onde Sartori começou na vida pública.
A coordenadora de comunicação da campanha, Flávia Lima Moreira, nega que Jairo tenha partido para o ataque:
– Vamos reforçar as propostas e botar Jairo para fazer o corpo a corpo (nas ruas). Por causa dos debates da última semana, focaremos na Região Metropolitana, assim como nas redes sociais.
Foco na rejeição
Com 29% das intenções de voto, José Ivo Sartori (MDB) aposta em conquistar votos de indecisos para repetir o desempenho no final da campanha de 2014 – na época, faltando uma semana para o primeiro turno, o atual governador (na foto, em ato eleitoral na Restinga, zona sul da Capital, no sábado) estava com apenas 11% das intenções.
Agora, o candidato à reeleição trabalhará para reduzir o maior índice de rejeição na corrida ao Piratini – 32%, segundo o Ibope, contra 44% no início da campanha – e conquistar os indecisos na Grande Porto Alegre, onde se concentra cerca de um terço do eleitorado.
– Vamos falar a verdade, de forma objetiva, sem promessas que não se pode cumprir e sem elevar o tom. Temos a esperança de que os indecisos votarão no Sartori, pelo que sentimos nas ações no Interior – diz o coordenador-geral de campanha, Idenir Cecchim.
No vácuo de Haddad
A estratégia do PT é colar a imagem de Miguel Rossetto (na foto, em ato contra Jair Bolsonaro, na Redenção, no sábado) à do presidenciável Fernando Haddad (PT). Conforme pesquisa Ibope sobre a intenção dos gaúchos para ao Planalto, divulgada na quinta-feira, a vantagem de Bolsonaro sobre o ex-prefeito de São Paulo caiu de 17 para 13 pontos percentuais.
A avaliação dos petistas é de que a população do Estado está antecipando o voto útil. Para capitalizar ainda mais votos dos gaúchos, a candidata a vice-presidente Manuela D’Ávila (PCdoB) deverá marcar presença no Estado a partir de quarta-feira.
– Haddad deve crescer no Estado e encostar no Bolsonaro até o final do primeiro turno. Vamos atrelar a imagem do Miguel à de Haddad – diz Carlos Pestana, coordenador-geral da campanha de Rossetto.
DISPUTA NACIONAL
Carona no antipetismo
Os últimos programas eleitorais trarão as principais propostas de Ciro Gomes (PDT), como a revogação da reforma trabalhista e o apoio para que cidadãos saiam do SPC. Em redes sociais, em entrevistas e no debate da TV Globo, ele irá apelar para o voto útil, se colocando como o único candidato capaz de vencer Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno.
O pedetista (na foto, em encontro na sábado com o filósofo americano Noam Chomsky) tentará conquistar os eleitores que se declaram antipetistas, mas não querem votar no capitão reformado do Exército. Para evitar que seu nome seja ligado ao PT, vem afirmando que não convidaria o partido para compor aliança em um eventual governo. Caso fique fora do segundo turno, Ciro nega que apoiaria Fernando Haddad (PT).
As críticas ao petista, seu principal adversário no campo da esquerda, serão intensificadas. O foco será difundir a ideia de que ele não teria experiência para assumir a Presidência.
Foco no Sul e no Sudeste
Liderando em oito dos nove Estados do Nordeste, a aposta de Fernando Haddad (na foto, em evento em Belém, no sábado) será melhorar o desempenho nas regiões Sul e Sudeste. Na semana passada, o candidato do PT marcou presença em eventos no RS. Entre está segunda-feira (1°/10) e terça-feira (2/10), há visitas previstas no Rio, no Paraná e na Bahia. Por sugestão de Lula, participará de atos em cidades das regiões metropolitanas.
Aliados acreditam que é possível crescer em locais onde eleitores ainda não ligam o candidato a Lula. A campanha será finalizada na capital paulista, governada por Haddad entre 2013 e 2016.
Críticas aos adversários serão evitadas no primeiro turno. A avaliação dos petistas é de que os ataques de Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB) a Bolsonaro estão cumprindo a função de desgastá-lo. O eleitorado feminino, o mais indeciso até agora, terá atenção especial no horário eleitoral.
Ofensiva contra os líderes
A estratégia de ataques ferrenhos aos principais adversários será mantida por Geraldo Alckmin (PSDB), que caminhou por ruas do Grajaú, na capital paulista, neste domingo (30/9) (foto). Bolsonaro seguirá no foco, principalmente após as críticas de seu vice na chapa, general Hamilton Mourão, ao pagamento de 13º salário e de abono de férias a trabalhadores. Ainda assim, haverá cautela para não afastar os antipetistas.
Haddad também será alvo. O tucano seguirá apelando para o voto útil. As ações serão reforçadas em São Paulo, onde João Doria (PSDB) lidera a disputa estadual, e em Minas Gerais, que tem Antonio Anastasia (PSDB) à frente. O Rio de Janeiro também está no roteiro.
O Rio Grande do Sul receberá atenção devido ao bom desempenho do partido na disputa estadual, com Eduardo Leite. A vice na chapa, Ana Amélia (PP), irá ao Nordeste e participará de eventos no centro do país, em busca do voto feminino.
Só na internet
Há três semanas afastado de eventos públicos, o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, recebeu alta do hospital no sábado (na foto, em desembarque no Rio), mas não deverá sair de casa antes do primeiro turno. Aparições podem ficar restritas a transmissões pela internet. O debate promovido pela TV Globo, na quinta-feira, poderá ser exceção.
Sem a principal estrela da coligação, aliados seguirão levando mensagens de Bolsonaro em seus Estados, em especial no Sul e no Sudeste. Outra aposta é a atração de integrantes do centrão e do PSDB, desertores de Geraldo Alckmin, estagnado nas pesquisas. A figura de antipetista será estimulada, assim como a defesa de ações contra a corrupção.
Dois protagonistas na campanha, por causa de declarações polêmicas, deverão diminuir a participação em eventos: o vice na chapa, general Hamilton Mourão (PRTB), e o economista Paulo Guedes.
Aposta nas mulheres
O comportamento de Marina Silva (Rede), que participou dos protestos contra Bolsonaro em São Paulo no sábado (foto), na reta final da campanha não irá se distanciar do período eleitoral anterior. Ela não pretende fazer críticas contundentes aos adversários, apesar de ter subido o tom contra Haddad nos últimos debates e já ter protagonizado discussão com o candidato do PSL.
Aliados afirmam que a queda nas pesquisas ocorreu pela polarização da corrida eleitoral. A defesa é de que ela mantenha o discurso visando à conquista do eleitorado feminino, onde há potencial de crescimento devido ao índice de indecisas.
No horário eleitoral, Marina seguirá apostando em sua biografia, citando a infância pobre no Acre e a ascensão na política. Ela também manterá o discurso de que os líderes das pesquisas não serão capazes de pacificar o Brasil e que, caso algum seja eleito, o desenvolvimento do país ficaria comprometido.