O candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) renovou ontem o apelo pelo apoio efetivo do terceiro colocado no primeiro turno, Ciro Gomes (PDT). Em entrevista coletiva no início da noite, pouco antes de um ato político em Recife, afirmou que com o pedetista “a virada é mais fácil”.
– Até minha mulher está com ciúme do Ciro de tanto aceno que faço para ele. Vou continuar fazendo aceno porque gosto do Brasil acima de tudo. Não é com arrogância que vamos enfrentar o desafio que está posto. Vamos fazer um governo amplo, de unidade nacional e democrático – declarou.
O petista permanece no Nordeste nesta quinta-feira e deve viajar para São Paulo na sexta-feira. Ele prevê encerrar sua campanha na favela de Heliópolis. Mais cedo, Haddad confirmou ter ligado ao presidente do PDT, Carlos Lupi, para alertá-lo sobre o que chamou de “onda da virada” e que aguarda retorno de Ciro.
O pedetista volta amanhã ao Brasil, após duas semanas na Europa. A expectativa é de que chegue no início da noite ao aeroporto de Fortaleza, onde será recebido por aliados. Desde a votação no dia 7, quando recebeu mais de 13 milhões de votos, Ciro fez críticas a Bolsonaro e defendeu a democracia, mas não mencionou Haddad nem declarou voto nele.
A intenção do grupo do ex-governador do Ceará é tornar a recepção espécie de lançamento informal de sua candidatura à sucessão presidencial em 2022.
A campanha petista considera que manifestação pública de Ciro poderia reverberar nas redes sociais, aumentando a amplitude da candidatura de Haddad como representante do campo democrático, impulsionando uma sonhada virada.
Na busca por apoio, o petista também destacou ontem a importância das declarações de voto nele feitas por Marina Silva (Rede) e Alberto Goldman (PSDB). Afirmou que o apoio de Goldman, adversário histórico do PT, reflete a preocupação de setores mais centristas com o significado da eleição de Bolsonaro.
– Tem de ter grandeza para perceber os riscos que o país está correndo – declarou Haddad.
À tarde, antes de rumar para o Nordeste, o petista teve agendas em São Paulo. Em queixa às notícias falsas nas redes sociais, classificou a campanha deste ano como “a mais baixa de todos os tempos” e disse que seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL), é o maior responsável:
– Bolsonaro quis criar esse clima, que favorece a campanha dele – afirmou.
Relatório sobre fake news entregue à OEA
Haddad concedeu entrevista após se reunir com a ex-presidente da Costa Rica Laura Chinchilla, que chefia a missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Brasil para acompanhar o processo eleitoral.
O candidato disse que entregou à entidade relatório sobre uso ilegal de redes sociais, especialmente o WhatsApp, no primeiro turno. O presidenciável pediu atenção da OEA para que o mesmo não se repita até domingo.
– Este processo está sendo fortemente impactado por alguns fenômenos ligados ao clima político. Entre eles, um discurso de incentivar a violência política. Por isso pedimos que seja enfatizada a utilização de um tom construtivo que venha a impedir manifestações de violência – afirmou a ex-presidente.