Para ser eleito em primeiro turno, não basta a um candidato a presidente ou governador conquistar mais eleitores do que seus concorrentes. É preciso obter mais da metade dos votos válidos. Mas que votos são esses? De acordo com a legislação brasileira, são todos aqueles registrados para um candidato na urna eletrônica — ou seja, brancos e nulos não contam. Para se eleger no primeiro turno, são necessários metade dos votos válidos mais um.
Nas pesquisas, os institutos excluem também os indecisos. Conforme o Datafolha de quinta-feira (4/10), o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, tem 39% dos votos válidos, contra 25% de Fernando Haddad (PT). Quando contabilizados brancos, nulos e quem não sabe ou não respondeu, o capitão da reserva alcança 35% e o petista, 22%.
Para conquistar uma eleição em primeiro turno, Bolsonaro precisaria elevar seu percentual em mais de 11 pontos percentuais. Ele teria de ter, no mínimo, 50% dos votos válidos mais um. Os eleitores de outros concorrentes que se abstiverem podem beneficiar o candidato melhor colocado. As únicas eleições vencidas em primeiro turno no Brasil foram em 1994 e 1998, quando Fernando Henrique Cardoso (PSDB) obteve 54,3% e 53,1% dos votos válidos.
Com base nos resultados das pesquisas, Mercedes Cánepa, cientista política e professora aposentada da UFRGS, avalia que a eleição presidencial não deve ser definida em primeiro turno:
— Não há mais tempo. O que me preocupa é que as pessoas não entenderam a importância da política. Abstenção é dar ao outro poder de decidir sobre algo que ela mesma poderia decidir.
Mercedes entende que a descrença nos políticos contribui para a abstenção. A especialista alerta para a necessidade de esclarecer dúvidas com fontes confiáveis, para evitar a influência de informações falsas:
— É melhor se informar do que abrir mão. É preciso filtrar notícias falsas e buscar fontes seguras. Procurar aquele candidato que se afina mais com o que espera para o país.