O último pronunciamento ao vivo de Jair Bolsonaro (PSL) antes do segundo turno das eleições ocorreu na noite deste sábado (27), pelo Facebook. Entre fortes ataques ao PT, criticou o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, por ter anunciado apoio a Fernando Haddad (PT). O capitão da reserva elogiou a condução das investigações, anos atrás, mas disse não ter entendido a declaração classificada como “surpreendente”.
— O senhor Joaquim Barbosa fez um excelente trabalho, colocou na cadeia o José Genoíno, o Zé Dirceu. Agora ele declara apoio a Haddad. A gente sabe que se, porventura, o PT voltar um dia, (...) essa turma volta a ocupar o centro da política brasileira — disse.
Uma postagem de Bolsonaro neste sábado irritou o magistrado. Foi um vídeo da época do mensalão, em que Barbosa fala da corrupção envolvendo o PT e isenta Bolsonaro de ter participado do esquema. O ministro aposentado, por meio de suas redes sociais, destacou que o candidato do PSL não fazia parte do processo e, por isso, ele nunca foi “absolvido ou exonerado”.
A transmissão, de cerca de meia hora, foi acompanhada por mais de 160 mil pessoas. Ao lado do deputado federal eleito Helio Bolsonaro (PSL-RJ), anteriormente conhecido como Helio Negão, o presidenciável afirmou que será “escravo da Constituição” e voltou a afirmar que não irá propor uma Assembleia Constituinte. Ele afirmou que a Carta dará suporte a seu governo, em caso de vitória nas urnas, para evitar o toma lá, dá cá da política.
— Qualquer presidente que distribua ministérios, estatais e diretorias para conseguir apoio está infringindo o artigo 85 da Constituição. Qualquer um poderia questionar que eu estou interferindo no livre exercício do Legislativo.
Pediu ainda o apoio da mídia, caso algum partido queira negociar cargos em troca de votação favorável de projetos.
Os ataques ao PT e a Haddad foram recorrentes durante a transmissão. Ele criticou as manifestações políticas em universidades federais. Para Bolsonaro, as críticas às operações policiais foram feitas porque os materiais retirados das instituições eram contra a sua campanha. Ele acredita que a abordagem seria diferente, caso faixas e cartazes fossem em apoio a seu nome.
Mencionou uma operação da Polícia Federal em Sergipe, que combateu planos de ataques a seus apoiadores, reclamando que a imprensa não fez a divulgação do caso.
Acusando o opositor de mentiroso, afirmou que não vai demitir professores e merendeiras. O ensino à distância, uma das principais propostas de seu plano de governo para a educação, ficaria limitado a estudantes de zonas rurais.
Ao final, agradeceu aos eleitores, afirmando ser impossível alterar a vantagem nas urnas que, segundo o próprio candidato, é de 20 milhões de votos. Ainda assim, conclamou a militância para seguir mobilizada.
— As eleições não estão ganhas, temos que lutar até o último momento. Tem gente com dificuldade para votar. Vai no sacrifício (…) Não vamos dar a oportunidade para dizer que viraram (Haddad). Não vai tirar (a diferença) em dois dias. Mas temos que fazer nossa parte. Vamos votar, vamos fiscalizar.
Voto mantido
Apesar da recomendação para que não saísse de casa no domingo (28), Bolsonaro confirmou que irá votar durante a manhã. Sua zona eleitoral fica na Vila Militar, também na zona oeste carioca, a cerca de 40 minutos de sua residência. No entanto, diferentemente do primeiro turno, o acesso de profissionais da imprensa será restrito. Apenas repórteres cinematográficos acompanharão o candidato até a sala de votação. Não há a confirmação se ele falará com a imprensa.
Ao final da apuração, o candidato deverá falar ao vivo para um grupo de emissoras de TV, que repassarão as imagens para os demais canais. Ainda não foi anunciado se haverá entrevista coletiva.
Juntos por Bolsonaro, separados no RJ
Desde as primeiras horas da manhã deste sábado (27), apoiadores de Bolsonaro estão em frente a seu condomínio, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, com bandeiras e caixas de som com jingles de campanha. A cerca de 200 metros, outro grupo, que também declara voto ao candidato do PSL, faz ato semelhante. A separação entre os aliados é devido à escolha para o governo fluminense.
Enquanto os militantes mais próximos à residência do capitão reformado apostam na dobradinha de Bolsonaro com Wilson Witzel (PSC), os demais defendem a escolha de Eduardo Paes (DEM) para o Palácio Guanabara.
A exemplo do que ocorreu no primeiro turno, ambulantes aproveitam para faturar. Camisas com o rosto do presidenciável ou, simplesmente, reproduzindo o uniforme da seleção brasileira são vendidas livremente. Bandeiras do Brasil também são comercializadas. Os preços variam de R$ 20 a R$ 50.