Autor de 18 livros jurídicos, atividade que já lhe rendeu dois prêmios Jabuti, Bruno Miragem (Novo) disputa pela primeira vez uma eleição: concorre a vice-governador de Mateus Bandeira (Novo). O advogado e professor foi procurador-geral de Porto Alegre no início da gestão Nelson Marchezan, mas deixou a função seis meses depois, alegando motivos pessoais. Miragem é o primeiro entrevistado da série de GaúchaZH com os vices. A publicação segue a ordem das entrevistas dos candidatos a governador.
Qual a principal característica que um vice-governador precisa ter?
É preciso ter perfil cooperativo com o governador. Nos tempos atuais, também é preciso reforçar a ideia de comunhão de propósitos e lealdade. É importante ter capacidade de contribuir com o governo, tanto na sua função constitucional, substituir o governador em seus impedimentos, mas também auxiliando no curso da administração, ao lado do titular na sua matéria de especialidade ou em missões designadas a ele.
Se eleito, como pretende colaborar com o governador?
Fizemos um plano de governo que nos dá muito orgulho. Eu e Mateus coordenamos esse documento a quatro mãos, com uma equipe muito qualificada, de especialistas em diferentes pastas. A ideia é contribuir na execução desse plano em várias áreas, na medida em que o governador compreender que nossa cooperação possa ser relevante. Somos contra a ideia de um vice decorativo. O povo do Estado paga salário para o vice-governador, então ele tem de trabalhar. Para nós, essa atividade tem a ver com execução do nosso programa de governo.
Há alguma causa ou assunto mais específico com o qual planeja se envolver se for eleito?
Tenho entusiasmo por vários temas. A contribuição se dará na medida em que encontrarmos ou não pessoas específicas para cada área. Então poderei estar ao lado ou eventualmente contribuir junto daqueles que serão escolhidos como secretários. Minha formação é no Direito, que é um aspecto importante do governo. Embora haja um assessoramento jurídico específico, a concepção das políticas públicas envolve conhecimento e certas estratégias desta área com as quais posso contribuir.
Cite um exemplo de vice que o senhor admira.
Tenho admiração por várias pessoas que foram vice, mas não pelo exercício do cargo. São pessoas brilhantes que exerceram essa função. Aqui no Estado, lembro do João Gilberto Lucas Coelho e do Antonio Hohlfeldt, este último muito cooperativo. Sinval Guazzelli (1930-2001) foi também um grande sujeito. Voltando mais no tempo, podemos lembrar do João Neves da Fontoura (1887-1963), vice do Getúlio de 1928 a 1930. Todos foram grandes sujeitos, mas não especificamente pela atuação como vice-governador, mas por suas qualidades pessoais inspiradoras. A discrição é um valor, ou seja, é a consciência de seu papel, que é importante e decisivo, mas que compõe o governo, não podendo atropelar o protagonismo que é do governador, eleito para isso nas urnas. As funções estão bem definidas na Constituição.