Criado no dia 30 de agosto no Facebook, o grupo Mulheres Unidas contra Bolsonaro, dedicado a se opor ao candidato do PSL à Presidência, "quebrou" a internet. O agrupamento, formado apenas por eleitoras, começou a chamar a atenção na segunda-feira passada (10 de setembro), ao agregar mais de 300 mil mulheres em um único dia. Dois dias depois, atingiu 1,2 milhão — o equivalente a 1,5% do eleitorado feminino apto a votar este ano.
As adesões acumuladas em alta velocidade mostram a rejeição que o presidenciável enfrenta entre eleitoras — a maioria das votantes no Brasil. Bolsonaro lidera as pesquisas com 26% das intenções de voto, mas entre o eleitorado feminino sua rejeição é de 50%, segundo pesquisa Ibope divulgada na terça-feira (11).
As criadoras do grupo afirmam que o objetivo não é apoiar nenhum partido e que todas as posições políticas são bem-vindas, desde que não votem no candidato do PSL, a quem chamam de "inominável" ou "coiso".
O grupo aproveita a grande mobilização online para marcar atos públicos contra o candidato na sexta-feira, na Avenida Paulista, em São Paulo, e no dia 29, na Cinelândia, no centro do Rio, entre outros eventos. Em Porto Alegre, o evento está marcado para o dia 29, na Redenção.
— Numa conversa informal, resolvemos criar o grupo para demonstrar a nossa insatisfação em relação à candidatura do inominável por conta de seu discurso misógino, de ódio às minorias — disse a publicitária Ludmila Teixeira, criadora do grupo.
Também foram criados grupos de mulheres de apoio a Bolsonaro. O maior deles, Mulheres com Bolsonaro #17 (OFICIAL), soma 172.475 membros (número do dia 13 de setembro). Uma manifestação chamada Mulheres com Bolsonaro foi marcada para o dia 29, na Candelária, no centro do Rio, para "contrapor ao evento criado pelo movimento feminista", afirma um texto que circula nas redes.
Reação
A campanha de Bolsonaro nega o discurso machista e reclama da exploração de imagens do deputado empurrando e insultando a colega deputada Maria do Rosário (PT-RS) e ofendendo uma repórter.
— As mulheres são o grande calcanhar de Aquiles de Bolsonaro — afirmou o diretor de Análises de Políticas Públicas da FGV, Marco Aurélio Ruediger.
— É uma reação importante acontecendo diante das posturas desse candidato — disse a professora de Direito da FGV/SP Luciana Ramos, especialista em participação feminina na política.