A economia se tornou um dos principais temas da campanha à Presidência da República. GaúchaZH selecionou as três principais propostas ou promessas dos cinco candidatos mais bem colocados nas pesquisas eleitorais – Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT).
Os pontos foram submetidos à análise de economistas de diferentes linhas de pensamento, para averiguar aspectos positivos, negativos e possíveis dificuldades de implementação. Apesar de a campanha estar em pleno andamento, a maior parte das ideias ainda é apresentada de forma genérica, sem detalhes de como poderão ser colocadas em prática.
Confira as propostas de Jair Bolsonaro:
1) Acabar com o déficit primário em um ano
O déficit primário previsto para o ano que vem na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é de R$ 139 bilhões. Bolsonaro promete alcançar a meta com a privatização de estatais, devolução de recursos de bancos federais, revisão de renúncias fiscais e controle de gastos públicos. O pesquisador do Instituto o Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Samuel Pessôa, considera a proposta inexequível.
As principais dificuldades são os prazos para fazer uma privatização, de ao menos um ano, em muitos casos com a necessidade formal de a proposta passar pelo Congresso, além da dificuldade de cortar gastos obrigatórios. A vantagem da proposta, se alcançada, seria resolver rapidamente um problema que tranca a volta do crescimento da economia.
2) Apoio a privatizações
Apesar de seu passado estatizante, o candidato do PSL diz ser favorável a privatizações, mas não de todas as empresas. A posição colide com a ideia de seu guru na área, o economista Paulo Guedes, que prega a venda de todas as estatais. Empresa-símbolo do país, a Petrobras poderia ter “partes” privatizadas, mas não o seu “miolo”, declarou Bolsonaro. Embora não tenha esmiuçado sua intenção, acredita-se que a Petrobras manteria ao menos os negócios de produção e exploração de petróleo. Bolsonaro citou que o Brasil tem cerca de 150 estatais que poderiam ser repassadas à iniciativa privada ou extintas. Em relação à Eletrobras, que o governo Temer tentou privatizar, o candidato já demonstrou ter reservas. Questionado, disse que era preciso saber o modelo. Mas já afirmou ser contra a venda de empresas de áreas estratégias, como energia e mineração.
3) Autonomia do Banco Central
Na tentativa de se mostrar como concorrente de viés mais liberal, Bolsonaro também começou a defender, desde o final do ano passado, a autonomia do Banco Central (BC). Para o candidato, essa característica dá liberdade para os membros da autoridade monetária tomarem decisões baseadas em critérios econômicos, e não influenciados por mandatários “populistas ou demagogos”, como já se manifestou, que poderiam trocar a estabilidade de longo prazo do país por posturas que trariam apenas ganho político de curto prazo. Guedes, ministro da Fazenda se Bolsonaro for eleito, é conhecido defensor da autonomia do BC. Em um comunicado no ano passado, quando se posicionou sobre o tema, lembrou que o BC é responsável por dois pontos do chamado tripé econômico, taxa de câmbio flutuante e metas de inflação. O terceiro é o superávit primário.