Vice de Roberto Robaina (PSOL) na disputa pelo Palácio Piratini, Camila Goulart (PSOL) é professora da rede pública de ensino. Militante da causa feminista, participa pela primeira vez de uma eleição. Caso seja eleita, além de propor pautas relativas às mulheres, também pretende tornar a educação um dos focos da gestão. Camila é a segunda entrevistada da série de GaúchaZH com os vices. A publicação segue a ordem das entrevistas dos candidatos a governador.
Qual a principal característica que uma vice-governadora precisa ter?
Tenho dito que o vice não pode ser uma figura decorativa e também não pode ser uma representação de uma aliança por tempo de televisão ou pelo loteamento da máquina pública. Tem de ser uma parceria ideológica para ajudar o governo em conjunto, não somente em alguns aspectos, sempre em alinhamento com o governador.
Se eleita, como pretende colaborar com o governador?
Tem dois pontos, que inclusive são motivos para a escolha do meu nome pelo partido para vice, que é a questão da educação e das mulheres. Temos falado muito sobre um novo modelo de governar, com a inteligência do Estado. No caso da educação, não há como pensar em um projeto de um governo educacional sem construir com a comunidade escolar, que é a mais afetada e mais entende desse assunto. É necessário buscar relação com os professores, funcionários de escolas e estudantes. No caso das mulheres, junto aos movimentos organizados. É preciso tomar decisões a partir do acúmulo coletivo.
Há alguma causa ou assunto mais específico com o qual planeja se envolver se for eleita?
Pretendo me envolver mais com as questões de educação e de mulheres. O governador José Ivo Sartori, no início do mandato, fechou a Secretaria de Políticas para as Mulheres. Achamos importante não só recriá-la, como termos outros tipos de política, como em relação à violência contra a mulher. No Estado, no primeiro semestre, foram mais de 40 casos de feminicídio. É preciso qualificar e ampliar o número de delegacias das mulheres. O atendimento hoje em dia é muito precário, às vezes é feito por homens que não são treinados para esse tipo de acolhimento. Sem a ampliação do número de delegacias e das casas de apoio, bem como de seus horários de atendimento, fica difícil dar resposta concreta para a situação da violência contra a mulher.
Cite um exemplo de vice que a senhora admira.
Quero destacar nossa vice, nossa candidata a copresidente, Sonia Guajajara. Foi um orgulho imenso quando me convidaram para ser vice aqui no Estado, pois na hora lembrei dela. Trata-se da primeira indígena que concorre a um cargo presidencial. Isso diz muito sobre nosso partido e sobre nossas propostas. É um símbolo muito forte da defesa do ambiente e dos povos originários, como também do combate ao machismo. Por ser mulher e indígena, quero indicar o nome da Sonia.