Atual vice-governador do Rio Grande do Sul, José Paulo Cairoli (PSD) quer permanecer por mais quatro anos ao lado de José Ivo Sartori (MDB) no comando do Rio Grande do Sul. Empresário do setor primário, já presidiu a Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) e a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB).
Cairoli é o quinto entrevistado da série de GaúchaZH com os vices. A publicação segue a ordem das entrevistas dos candidatos a governador.
Qual a principal característica que um vice-governador deve ter?
É preciso ter muito equilíbrio. Muitas vezes, o vice não toma nenhuma posição, sendo neutro, ou então tenta ocupar espaço que não é o dele. O que se viu no passado foram essas duas coisas. Não penso dessa forma. Sartori e eu somos bem diferentes, mas isso não transparece pois temos objetivo comum, que é fazer o que precisa ser feito para o Rio Grande do Sul. Além disso, não se pode ter projeto pessoal, mas sim de governo. Por não ser político, creio que ajudo no processo, porque não tenho um projeto de hoje ser vice, amanhã ser outra coisa, e depois outra.
Se eleito, de que forma pretende colaborar com o governador?
Esse é um momento de continuidade. É óbvio que, sendo reeleitos, vamos aprofundar algumas coisas necessárias ao Estado. Sartori tem defendido sempre para eu não cuidar só de uma área. Então, tenho a preocupação de atuar na medida da necessidade, como governador em missão. E, na ausência dele, assumo o cargo. Lembrando de exemplos rápidos, há dois anos tivemos a decisão de fazer uma mudança na (secretaria de) Segurança, o secretário foi substituído, e fiquei um período cuidando da segurança. Na greve dos caminhoneiros, criamos um gabinete de crise, que coordenei. Agora, com o regime de recuperação fiscal, tenho ido muito a Brasília para participar das tomadas de decisão.
Há alguma causa ou assunto mais específico com o qual planeja se envolver caso seja eleito?
Como empresário e executivo de empresa, posso contribuir na relação com o setor privado, com a atração de investimentos. Convivo muito com o setor primário. É algo do meu dia a dia fora da política. Mas em momento algum utilizei isso para exercer alguma função. Como trabalhamos em equipe dentro do governo, com decisões compartilhadas, traçamos plano em conjunto. Definem-se posições, e depois há um acompanhamento.
Cite um exemplo de vice que o senhor admira.
Não vejo ninguém desse modo. Uma das coisas mais difíceis, no meu entender, é a escolha do vice. Ele tem de ser uma pessoa que atue, mas que não se atrite, ao menos publicamente, e que fortaleça relações. Embora com personalidade, não sou a última instância, então sempre tem a possibilidade de alguma mudança em alguma decisão. É evidente que, se fosse governador, talvez tomasse decisões divergentes. Mas o fato de sermos diferentes nos fortalece e nos ajuda a ir mais longe. É preciso andar sempre um passo atrás, porque o governo precisa ter a característica do líder maior. Não tenho nenhum exemplo assim para citar. Às vezes, os vices atritam ou são neutros. Costumamos lembrar dos vices que brigam, confrontam.