Marcando o início da campanha eleitoral de 2018, a Rádio Gaúcha realizou o primeiro debate entre candidatos ao governo do Rio Grande do Sul na manhã desta quinta-feira (16). Após responderem perguntas elaboradas por jornalistas e pelos outros candidatos, e comentarem assuntos abordados por ouvintes em redes sociais, no último bloco, cada concorrente teve dois minutos para considerações finais.
O tempo foi usado pelos aspirantes ao Piratini para expor prioridades, os bons resultados de suas trajetórias políticas e críticas ao governo atual. No tempo do governador José Ivo Sartori, o candidato rebateu um comentário feito sobre ele em etapas anteriores do debate.
Veja como foi o quarto e último bloco do debate da Gaúcha:
Jairo Jorge (PDT)
"Eu só vou propor nessa campanha o que eu sei que posso fazer, porque já fiz e deu certo. Eu tive a honra de ser o prefeito mais bem avaliado do Rio Grande do Sul, em pesquisa realizada pelo Correio do Povo e Instituto Methodus entre as maiores cidades do Rio Grande do Sul — recebi, ao final do meu governo, aprovação de 77,8% dos canoenses. Em oito anos, com menos burocracia e menos impostos, eu aumentei três vezes a arrecadação da minha cidade. O piso dos meus professores é R$ 4.214,34, o segundo melhor piso do Rio Grande do Sul. Eu reduzi em 17,5% os homicídios, enquanto o Rio Grande do Sul, entre 2009 e 2016, aumentou 60%. Eu construí cinco UPAs — Canoas é a cidade com mais UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) do Rio Grande do Sul. Eu acabei com as filas nos postos de saúde.
Eu quero uma oportunidade para aprofundar no segundo turno propostas e ideias, buscar soluções inovadoras para o Rio Grande. Eu não atirei pedras em ninguém. Estou há 17 meses percorrendo o Rio Grande, falei com mais de 28 mil gaúchos, percorri mais de 100 mil quilômetros, visitei as 497 cidades. Entendo que é preciso unir, utilizar as pedras para construir alicerces do futuro que desejamos. Ao meu lado está o empresário Cláudio Bier, que é vice-presidente da Fiergs (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul) e presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas. Queremos unir o Rio Grande que produz com o Rio Grande que trabalha. Esta é a mensagem, de união, de diálogo, de convergência. Eu afirmo: é preciso experiência para mudar, competência para fazer, e o Rio Grande tem solução".
Eduardo Leite (PSDB)
"Eu escolhi a política como uma missão de vida, não como um meio de vida. Tanto é que quando eu tive oportunidade de concorrer à reeleição, mesmo com 87% de aprovação — em pesquisa publicada pelo jornal Diário Popular, lá em Pelotas —, eu escolhi não concorrer. Acho que na política a gente tem que cumprir nossa missão, e entre nossa missão está ajudar a formar novas lideranças, abrir espaço para outras pessoas, que também querem e podem colaborar muito. E assim a única cidade que elegeu a continuidade de governo em 2016 foi Pelotas, com a maior votação da história: a nossa vice-prefeita se elegeu com 60% dos votos.
Eu acho que muitas são as prioridades que o governador tem que ter, entre elas estão a segurança, a educação, a saúde, e, para poder cumprir com isso, a primeira coisa que a gente tem que fazer é reconhecer as pessoas que podem nos ajudar. Trouxemos ao nosso lado, para ajudar a fazer um plano ousado na área da segurança pública, o delegado Ranolfo (Vieira Júnior, candidato a vice-governador), que foi chefe da Polícia Civil. Nós vamos botar ordem no RS para que as pessoas possam viver com mais tranquilidade.
Todo mundo conhece alguém que, apesar de todas as dificuldades desse cenário difícil na economia, ousa, empreende, abre seu próprio negócio, está enfrentando esse tempo turbulento da economia. Porque os gaúchos são muito dispostos ao trabalho, não têm medo de serviço, gostam de empreender e de inovar. A gente tem que ter um governo que deixe fazer, porque as pessoas fazem, o povo faz. O governo tem que deixar fazer o Rio Grande crescer, se desenvolver, retomar a confiança em si mesmo. Essa é nossa grande meta: o Rio Grande do Sul vai voltar a ter confiança no futuro".
Miguel Rossetto (PT)
"A nossa candidatura representa uma proposta de mudança para o Rio Grande do Sul. O Estado passa por uma crise grave, o Brasil passa por uma crise grave, precisamos mudar o Brasil. Quero que o Lula volte a governar o nosso país, e quero governar o Rio Grande através de um projeto de desenvolvimento, de crescimento, de respeito ao nosso povo. O atual governo ampliou os problemas do Rio Grande do Sul e governou de uma forma desastrosa. PMDB (MDB), PSDB, PP, governam o Estado do Rio Grande do Sul, por isso que essas duas candidaturas, a candidatura Sartori e a Leite, representam as duas caras do mesmo governo: um governo fracassado, que piora a vida dos gaúchos. Queremos um outro futuro para o nosso Estado. Governar é difícil, exige escolhas de forma permanente. Foi assim que fizemos com Olívio Dutra e Tarso Genro. Fui vice-governador de Olívio e aprendi a governar em dificuldade e tirar o Rio Grande da crise. Nós vamos recuperar crescimento e desenvolvimento, ter prioridade absoluta na criação de trabalho e emprego, apoiar nossos agricultores, trabalhadores, empresários. Nós vamos pagar salário em dia, como sempre fizemos enquanto governamos — para os servidores públicos, professores, professoras, policiais. E, a partir daí, retornar uma agenda de desenvolvimento para o Rio Grande.
Uma boa escola pública para a nossa juventude, eu quero uma educação de excelência para a juventude gaúcha. Segurança, paz e tranquilidade para o nosso povo. Uma saúde dialogada com os nossos prefeitos e próxima da nossa população, com qualidade, e acolher bem a nossa população idosa. Combater em definitivo essa violência contra mulheres, recuperando experiências como a Patrulha Maria da Penha. Quero te convocar para caminhar conosco num grande projeto de mudança, para um Rio Grande do Sul desenvolvido, vivendo em paz, segurança e em esperança. Caminhe conosco mudando o Brasil e o Rio Grande".
Mateus Bandeira (Novo)
"Quero deixar uma mensagem de otimismo: essa eleição é uma oportunidade única de renovação. Vocês ouviram aqui vários políticos profissionais que fazem da política um meio de vida. Chegou a hora de a gente trazer pessoas admiradas pelo que fazem, de fora da política, que têm preparo, que têm experiência, capacidade de liderança e de gestão para fazer melhor que os políticos profissionais. Quero propor uma renovação verdadeira na política. Eu estou aqui porque eu sou otimista com o futuro do Rio Grande e quero construir um novo Rio Grande, um Estado mais simples, mais junto, com menos intervenção estatal, que fomente a livre iniciativa. Um Estado, sobretudo, com oportunidades iguais para todos, onde cada gaúcho possa chegar lá. Oportunidades para quem empreende, para quem trabalha, porque quem cria riqueza é o indivíduo, com sua iniciativa, com seu trabalho, quem toma risco. Quem cria riqueza é quem empreende e quem trabalha, não é o governo. O governo não é canhão de transformação da sociedade, é o indivíduo. O papel do governo é tão somente gastar bem o dinheiro dos impostos nas funções básicas, priorizando os que mais precisam. E quem governou até aqui não soube nem escolher prioridade, nem governar com mão de ferro sobre as finanças públicas.
É por isso que a gente precisa renovar. Está na hora de escolher algo realmente novo, e o partido Novo é a única novidade na política brasileira, que está trazendo pessoas honestas 100% ficha limpa. Gente nova na política, mas com experiência, preparo, capacidade de liderança para fazer diferente. Eu quero deixar uma mensagem de otimismo, uma frase de Peter Drucker, que foi um professor americano já falecido, um dos gurus da gestão moderna. Ele dizia o seguinte: 'se tu queres algo novo, tem que parar com o velho'. Velho é a política nesse caso, os velhos políticos profissionais, os velhos métodos e práticas. Está na hora de escolher algo realmente novo, um candidato novo, mas com preparo e experiência".
José Ivo Sartori (MDB)
"Nós continuamos no mesmo rumo e na mesma caminhada. Quero fazer uma referência, antes de abordar outras questões: teve uma fake news aí de que eu aumentei o meu próprio salário, mas eu abri mão do aumento do meu salário — que fique bem claro isso.
E quero dizer que temos três pilares. Primeiro: aderir ao regime de recuperação fiscal, porque uma parte nós já fizemos e renegociamos, inclusive com o governo anterior. Eu não tenho esse preconceito e nem me coloco contra um ou contra outro. O segundo pilar é privatizar ou federalizar estatais para concentrar esforços no que é necessário: segurança, educação, saúde, infraestrutura e políticas sociais. Durante os três anos de suspensão do pagamento da dívida, prorrogáveis por mais três, o Rio Grande do Sul tem que ser um Estado eficiente, sustentável e indutor do desenvolvimento.
Mas eu sou otimista com o Rio Grande do Sul. Tenho certeza que nós vamos vencer essa crise. Mas é preciso muita solidariedade, é preciso todo mundo trabalhar junto. E o que plantamos aqui, eu tenho certeza que estamos modificando os rumos do Rio Grande do Sul. E apresentamos uma possibilidade de estar justamente no rumo certo. Agradeço à Gaúcha e quero citar aqui o vice Cairoli (vice-governador José Paulo Cairoli) e os dois Betos, o Beto (José)Fogaça e o Beto Albuquerque, como nossos senadores e deputados estaduais e federais".
Júlio Flores (PSTU)
"Acabei de receber uma mensagem de um operário dizendo que nós, do PSTU, temos as melhores propostas para resolver os problemas do nosso Estado e do país. Isso me dá orgulho porque nós somos um partido socialista dos trabalhadores, nós representamos e queremos representar as maiorias exploradas do país. Por isso peço aos trabalhadores, ao povo, aos pobres desse Estado, aqueles que moram nas periferias, que venham conosco construir a possibilidade de fazer uma rebelião no país, para construir um governo dos trabalhadores. Onde o operário seja eleito no seu local de trabalho, onde o bancário, o professor, o funcionário de escola, enfim, os trabalhadores como um todo componham esse conselho que vai governar o Estado.
Nós queremos tomar aquelas medidas fortes contra o capital porque governar significa contrariar interesses, para beneficiar, obviamente, a maioria da população. Nós, efetivamente, temos observado que o que tem, historicamente, sido levado a cabo é o contrário. Os ricos têm dominado a política, os ricos estão governando desde a escravidão. Na verdade, a burguesia brasileira e os partidos que as representam tem no seu DNA a escravidão. E nós queremos justamente o contrário: libertar os trabalhadores da escravidão a que estão submetidos. E queremos chamar a todos para vir construir conosco essa campanha".
Roberto Robaina (PSOL)
"Nós vamos chamar o voto no 50 para fortalecer a ideia de uma nova política, uma política comprometida com os trabalhadores, com a juventude, com o movimento das mulheres, com o movimento antirracista, com a comunidade LGBT. Nós temos a candidatura nacional do Boulos, com a Sonia. Aqui no Estado, no Senado, PCB e PSOL, Cleber (Soares) e Romer Guex. Para nós é muito importante ter uma bancada de deputados estaduais que mostrem que é possível fazer política de outra forma. O Pedro Ruas é candidato a reeleição a deputado estadual, fez um mandato excepcional na Assembleia Legislativa, é um defensor do povo. Temos agora a Luciana Genro, fundadora do partido, que fez inúmeros projetos sociais centrados no Emancipa, como candidata a deputada estadual. O nosso camarada Jurandir Silva, da Região de Pelotas. Nós temos, para deputada federal, encabeçando a nossa chapa, a nossa camarada Fernanda Melchionna, que foi a vereadora mais votada de Porto Alegre. Então o voto no 50, na bancada de deputados estaduais do PSOL, de deputados federais, é fundamental.
Agora com a experiência de vereador de Porto Alegre, eu vi o governo do PSDB, o Marchezan (prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan), que na campanha fez promessa de todos os tipos, agora nos traz uma cidade abandonada, dizendo que não tem recursos. As promessas da campanha foram fáceis, agora no governo está fazendo um governo antipovo, contra os servidores. No Estado, nós vimos a mesma coisa. Nós acreditamos que é preciso dizer de onde vão sair os recursos, e a nossa plataforma vai mostrar que existem grupos empresariais que não pagam imposto, que existem isenções fiscais injustificadas e vai mostrar que se pode, deixando de pagar a dívida e revogando a Lei Kandir, melhorar a vida do povo".