O pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, fez duras críticas ao PT em entrevista ao programa Central das Eleições, da GloboNews, na noite desta quarta-feira (1º). Foi a primeira declaração pública de Ciro após o anúncio do PSB de manter a neutralidade nas eleições, sem apoiar o ex-governador e ex-ministro cearense. Para Ciro, o movimento da Executiva Nacional do PT foi um ato de "hostilidade" do partido.
— Não sei o que fiz para merecer esse desapreço e essa hostilidade. Nós estamos na luta, e se você olhar, o Brasil tem um lado da política tradicional que impôs uma escolha entre PT e PSDB, ao longo dos anos, que impôs um certo benefício à sociedade por um tempo. Ambos pegaram a popularidade generosa que o povo atribuiu a eles e transformaram-se em promotores de projetos de poder. E eu sou um rebelde. Lembrem-se que fui candidato em 1998 e 2002.
Ciro também afirmou que apoiou os governos petistas por 16 anos, mas considera arriscada a ideia do PT de manter a candidatura de Lula até o julgamento final no TSE. Na sua opinião, o partido de Lula está dançando "uma valsa na beira do abismo".
— O que está acontecendo hoje é o Bolsonaro sombreando o Alckmin e o Lula me sombreando. A pessoas têm que ler minhas opiniões como uma pessoa que não está preocupada em conveniência. Hoje o PT tomou a seguinte decisão: vamos com Lula candidato. No senso médio do Brasil, sabemos que a Lei da Ficha Limpa não permite isso. Portanto, o PT está ensaiando uma valsa na beira do abismo, com um país com 13 milhões de desempregados. O nosso povo vê a política como uma roubalheira. Se o Lula é inocente, o Palocci é réu confesso. Eles não querem que eu seja o candidato que representa a esperança do povo brasileiro.
O ex-ministro também deixou claro que tem divergências com Lula, apesar de ter apoiado os quatro governos petistas eleitos para o Palácio do Planalto.
— O Lula é um anjo ou um ser humano? Se ele não é um anjo, como alguns petistas pensam, é um ser humano. Ele é um grande homem, que fez muita coisa pelo país. Foi o mesmo homem que loteou a Petrobras, nomeou o Meirelles para o Banco Central. Com esse homem, eu não concordo.
Nesta quarta-feira (1), o PT anunciou um "pacto de neutralidade" com o PSB, apoiando o partido em quatro Estados. O acordo provocou críticas na Executiva Nacional do Partido, que desistiu de apoiar a candidatura de Marília Arraes.
— O nível de radicalismo e miudice que eles estão me tratando, de uns tempos para cá, me surpreende, porque eu não sei o que fiz para merecer isso. Mas já, já, eu venço eles.