Em discurso no plenário do Senado para lançar sua pré-candidatura à Presidência da República, nesta terça-feira (6), o senador Fernando Collor (PTC-AL) se colocou como um nome de centro, progressista e liberal. Collor relembrou sua eleição em 1989, lamentou que não tenha concluído integralmente o mandato presidencial por causa do impeachment e garantiu que possui "a experiência, a coragem, o equilíbrio e maturidade" para comandar o país.
— O íntimo do meu sentimento público hoje me diz que seria covardia de minha parte renunciar à verdade e desviar de mais um desafio que o destino me impõe. Os temores da história não podem preceder aos ardores da modernidade — declarou.
O parlamentar afirmou que o Brasil precisa de "um centro democrático progressista e liberal capaz de promover as mudanças demandadas pelo povo brasileiro" e que os movimentos não devem mais se prender ideologicamente a "meros rótulos da esquerda ou da direita".
Em seu discurso, o ex-presidente criticou o que classificou como um forçado espírito de renovação política e defendeu um "novo pacto federativo" para aglutinar no governo os "melhores quadros".
— Não precisamos de revolução, mas de evolução. Da mesma forma não precisamos de renovação, mas de inovação.
Collor discursou por cerca de 20 minutos, para oito senadores, e não quis falar com a imprensa após o pronunciamento. Ele também afirmou que sua postulação possui suporte em sua experiência como prefeito, governador, presidente e parlamentar.
Candidatura
Anunciada em evento no interior de Alagoas, em janeiro deste ano, a candidatura do ex-presidente tem o objetivo de garantir a sobrevivência de seu partido, o nanico PTC, por causa das novas regras aprovadas pelo Congresso para que as legendas tenham acesso ao Fundo Partidário e ao tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV.
Pela chamada "cláusula de barreira", aprovada em outubro passado, as legendas deverão atingir pelo menos 1,5% dos votos válidos para a Câmara em 2018 em pelo menos nove Estados ou ter eleito, no mínimo, 13 deputados em nove Estados. Nas eleições de 2014, o PTC ficou longe desse porcentual: teve apenas 0,35% dos votos e só conseguiu eleger dois deputados.
A estratégia do PTC é usar a candidatura como atrativo para eleger de 9 a 11 deputados federais. A legenda também traçou como meta eleger de três a quatro senadores em outubro deste ano, pelo Amapá, Rio Grande do Norte e Amazonas. Eles se juntarão a Collor, que, caso não se eleja presidente, terá mandato de senador até 2022.
Réu na Operação Lava-Jato, Collor é acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Em agosto de 2017, o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a denúncia do então procurador-geral da República Rodrigo Janot contra o político. Ele é acusado de ter recebido ao menos R$ 29 milhões em propinas, entre 2010 e 2014. A defesa do senador nega e diz que vai provar sua inocência.