Tetraneto de Dom Pedro II, Luiz Philippe de Orleans e Bragança defende a monarquia parlamentarista no país. Mas reconhece que, por ora, sua ideia está deslocada da realidade.
Mestre em ciência política, o administrador de empresas com sangue imperial lança nesta terça-feira (17), em Porto Alegre, o livro Por que o Brasil é um país atrasado?. Na obra de 256 páginas, lançada pela editora Novo Conceito, promete identificar as raízes da crise brasileira e indicar soluções.
— O importante não é o rótulo de monarquia ou república, mas a estrutura debaixo, com freios e contrapesos para validar poderes e estabilizar o país. De resto, é questão de opinião. A motivação (pela monarquia) surge da falta de opções, porque temos uma derrocada moral do sistema e, nessa falência, nossa família se manteve intacta — discorre Bragança.
Para além do flerte com a realeza, o também ativista político defende o parlamentarismo e uma nova Constituição. Fundador do movimento Acorda Brasil, nascido no furor dos movimentos pró-impeachment contra Dilma Rousseff (PT), Bragança define-se como um liberal-conservador.
Temos uma derrocada moral do sistema e, nessa falência, nossa família se manteve intacta
Presença frequente em movimentos alinhados à direita, como em recente congresso promovido pelo Movimento Brasil Livre (MBL), o administrador declara a inexistência de um Estado de Direito no país e prega a descentralização do poder em Brasília, bem como o voto distrital misto e a livre iniciativa.
— Nosso sistema é liderado por oligarquias. No Estado de Direito, quem comanda são as leis e as instituições, nunca grupos de interesse. Existe uma estrutura de poder atrás da fachada que constituímos como uma república federativa. De fato, não temos uma República — argumenta.
Desde que a Dilma saiu, o Brasil piorou. (O impeachment) transferiu o problema, que antes era encarnado em uma pessoa, para o sistema. E é difícil se mobilizar contra um sistema
Luiz Philippe de Orleans e Bragança
Entre suas ideias, está a possibilidade de "recall" de mandatos e a de revogação de projetos de lei pela população. O descendente da família imperial deixa em aberto a hipótese de candidatar-se nas eleições em 2018 e, após liderar protestos contra a corrupção, sugere os motivos pelos quais as ruas esvaziaram-se mesmo diante das denúncias que implicam Michel Temer (PMDB).
— Desde que a Dilma saiu, o Brasil piorou. Os poderes constituídos em Brasília continuam nessa tocada porque não temos meios populares para frear o crescimento do poder central. Isso transferiu o problema, que antes era encarnado em uma pessoa, para o sistema. E é difícil se mobilizar contra um sistema — argumenta o ativista.
Ao afirmar que Dilma e PT eram somente o "problema político do momento", Bragança também direciona críticas ao atual presidente.
— É um governante ilegítimo. Não tem base de apoio popular, somente no Congresso. Isso é ruim porque as reformas precisam passar. Seria melhor para o Brasil fazer reformas legítimas com governantes legítimos. Não reformas legítimas nas mãos de governantes ilegítimos. O atual modelo presidencialista nunca vai estabilizar o sistema político brasileiro — conclui.