Na primeira eleição da sua vida, para líder de classe do quarto ano do Colégio Madre Imilda, do qual ainda tem o hino na ponta da língua, Cláudio Libardi Júnior perdeu. Na segunda, em 2010, ainda no colégio, foi escolhido presidente do Grêmio Estudantil. Na sequência, na eleição para a presidência do Diretório Acadêmico do curso de Direito da Universidade de Caxias do Sul (UCS), também não foi eleito. Para coordenar o Diretório Central dos Estudantes (DCE), foi escolhido em 2014, já para vice-prefeito de Caxias do Sul foi derrotado nas urnas em 2020 ao lado de Pepe Vargas (PT). Agora, nas eleições de 2024, foi eleito para representar a população no Legislativo.
Com 2.591 votos conquistados, Libardi será, no ano que vem, um estreante na Câmara de Vereadores, mas está longe de ser um calouro na política. Quando tinha 16 anos, já viajava com movimentos sociais e estudantes secundaristas.
Filiado ao PCdoB, é advogado do Sindicato dos Metalúrgicos, onde trabalha desde os 19 anos. Na entidade, atende a 21 pessoas, diariamente, com horário marcado.
— Fui reconhecido, uma parte de mim está muito feliz, mas é algo que me traz preocupação. Não tem hipótese de não seguir atendendo as pessoas do sindicato. Minha vida profissional é muito bem estruturada e não vou desestruturá-la porque fui eleito — diz.
A defesa dos trabalhadores, aliás, junto da proteção ambiental, serão as principais pautas de Libardi nos próximos anos, porque, afinal, para ele "o mínimo é justiça social":
— Enquanto tiver alguém passando fome, a minha vida não vai estar boa. Eu tento viver a minha da melhor forma possível. Não sou um cara franciscano, sou alguém que entende que o outro pode ter acesso a tudo e que se eu pudesse escolher uma vida para o outro, seria a minha.
A campanha e a política de Libardi, portanto, são, nas palavras dele, voltadas para quem trabalha na fábrica. O que na opinião do vereador eleito, que irá compor a bancada de esquerda, o diferencia de quem está no mesmo lado político:
— Não há ninguém mais honesto que um peão de fábrica: o cara chega 7h30min, bate o ponto, trabalha até as 17h, faz três horas extras e ganha R$ 100 pra isso tudo. Minhas pautas não são parecidas com os outros que se elegeram da esquerda. Acredito em um Estado forte, que cresça para cumprir as necessidades da população.
PRINCIPAIS PROPOSTAS
Defesa dos trabalhadores
"Representação das pautas e políticas dos trabalhadores na Câmara. Defesa do desenvolvimento da cidade, com aumento do percentual da massa salarial no Produto Interno Bruto (PIB)."
Legislação ambiental
"Corrigir a delegação de legislação ambiental ao Poder Executivo e reverter a decisão que permite legislar por meio de decretos, garantindo a proteção ambiental."
Logística reversa
"Apresentar um projeto de lei para instituir uma Lei Municipal de Logística Reversa. Envolver cidadãos, empresas e poder público na gestão adequada de resíduos, abrangendo agrotóxicos, embalagens, eletroeletrônicos, baterias, pneus e medicamentos."
Poda de árvores
"Revogar a autorização de poda de árvores sem fiscalização. Garantir que todas as podas sigam critérios técnicos e ambientais rigorosos."
Tratamento de resíduos sólidos
"Promover discussões no parlamento para aprofundar o tratamento do lixo urbano. Buscar alternativas, como a transformação de resíduos em energia (biogás) e soluções ambientalmente sustentáveis."
QUEM É
Perfil: Cláudio Libardi Júnior tem 29 anos, é advogado, bacharel e mestre em Direito Ambiental pela Universidade de Caxias do Sul (UCS).
Trajetória: foi presidente do Grêmio Estudantil do Colégio Madre Imilda em 2010, coordenador do Diretório Central de Estudantes (DCE) da Universidade de Caxias do Sul (UCS), filiado ao PCdoB desde 2013 e trabalha no Sindicato dos Metalúrgicos desde os 19 anos.
Referências: Flávio Dino e Déo Gomes. Dino, atualmente ministro do Supremo Tribunal Federal, foi governador do Maranhão pelo PCdoB, mesmo partido de Libardi, e depois filiou-se ao PSB, partido pelo qual elegeu-se ao Senado. Já Déo Gomes é liderança histórica do PCdoB caxiense, tendo sido vereador e presidente da legenda.
Pessoal: juventudista por influência do tio, Carlos Roberto Maitelli, vice presidente do clube da década de 2000. Filho de Cláudio Libardi e Jaqueline Echer, namora com Laís Andreazza, também advogada. Tem três gatos, Tibério, Rita e Flora.