Pela primeira vez, desde o anúncio de um campus da UFRGS em Caxias do Sul, a instituição esteve presente na discussão sobre a sua implantação. Na tarde desta segunda-feira (29/7), durante a visita de representantes do Ministério de Educação (MEC) no Campus 8 da Universidade de Caxias do Sul (UCS), oferecido para ser a sede da unidade federal na cidade, o vice-reitor eleito da universidade gaúcha, Pedro de Almeida Costa, sinalizou que, assim que todos os trâmites forem confirmados, a instituição irá assumir a gestão do campus. No entanto, as questões de quais serão os cursos ofertados e quando as atividades irão iniciar ainda seguem sem uma definição.
O vice-reitor e a reitora, Márcia Barbosa, foram eleitos pelo Conselho Universitário da UFRGS, mas ainda precisam ser confirmados pelo MEC. Contudo, Almeida destaca que a ideia do campus na Serra já era discutida internamente e que, agora, com a disponibilização de verbas federais, será possível que ela saía do papel.
— A visita simboliza um gesto da UFRGS, da nova administração, que ainda não assumiu, vir aqui escutar, no sentido de retomar essa proposta de implementação de uma universidade federal na região e que pode, no momento inicial, ser uma extensão da UFRGS, por razões de mais velocidade, e de ordem burocrática e formal. E, para depois, no futuro, se tornar a universidade federal da região. Até então, (o projeto) era um plano sem data fixa de colocação, mas agora, com o anúncio do PAC (de verba de R$ 60 milhões), entra uma variável muito importante, que são recursos extraordinários — frisa.
O representante da UFRGS destacou as primeiras impressões sobre a estrutura do Campus 8, oferecido para ser a sede da instituição federal na Serra.
— Essa primeira visita foi para reconhecimento. A gente sai com uma impressão muito boa, de acolhida em primeiro lugar, do próprio espaço físico que é colocado, mas, principalmente, da disposição da comunidade — comentou.
A gestão do campus ainda pode demorar para ser oficialmente definida, mas o vice-reitor afirma que a UFRGS assumirá a tarefa.
—Esse desenho ainda está sendo elaborado, mas em princípio, sim, até pelo grau de velocidade, porque diz respeito de a gente trazer, da nossa parte, alguma expertise na construção de planos de expansão para se constituir. Formalmente, ainda não está instaurado (o processo de expansão), acho que os próximos passos, a partir da chegada do MEC, é começar a se construir um cronograma para expansão. É importante frisar, embora a nova reitoria, Márcia e eu, tenhamos todo o apreço pela proposta, toda a tramitação passa pelos conselhos superiores, tem todo um rito que tem que ser seguido.
Os cursos
O anúncio inicial do MEC foi de seis cursos. No entanto, o vice-reitor comenta que nada foi definido, o que será feito em conjunto com a comunidade.
— Parece que o projeto inicial proposto e anunciado no PAC tinha uma estimativa disso (seis cursos), porque acaba dando uma certa dimensão dos custos necessários para o governo, mas vamos ter um diálogo intenso com a sociedade, para poder identificar, futuramente, que cursos que a sociedade espera, qual é a demanda social que está colocada, de que formato de ensino, turno de estudo, que tipo de carreiras que se deseja e tudo mais.
As etapas necessárias à implantação
Junto do secretário-adjunto executivo do MEC, o número 2 da pasta, Gregório Grisa, estava o assessor especial e representante do MEC no RS em razão das enchentes, Amilton de Moura Figueiredo, para a visita no Campus 8. De acordo com Grisa, a avaliação inicial da estrutura apresentada pelo reitor da UCS, Gelson Rech, e comitiva é positiva, mas quem precisa qualificar a estrutura será a UFRGS.
— Nesse primeiro momento, a gente tem já a iniciativa da UCS, ofertando um local, que é o Campus 8, para que a gente faça uma avaliação inicial sobre o espaço. Os trâmites passarão para a nova gestão da UFRGS, que deve assumir em pouco tempo: a parte mais técnica de análise de engenharia, de análise de precificação mesmo das instalações, para que isso seja instruído. Do ponto de vista pessoal, posso dizer que a minha impressão é muito positiva. Trata-se de um espaço excelente, consolidado e está numa região, num lugar que congrega, inclusive, outros municípios além de Caxias do Sul. Parece ser um espaço muito adequado para dar o start, vamos dizer assim, ao campus da Federal do Rio Grande do Sul em Caxias do Sul — destacou.
Todo o processo que envolve a possível compra da estrutura pelo governo federal até a finalização de todos os trâmites burocráticos para início das aulas pode se tornar longo. O número 2 do MEC diz que o prazo ainda segue para 2025, mas não sabe dizer para qual período.
— É difícil dizer. A gente está aqui para receber uma proposta da UCS sobre o espaço. Ainda não há decisão, necessariamente, sobre essa aquisição. Esse é um passo que congrega esforços. A partir do momento em que há a definição do governo federal, representado também pela universidade federal, da eventual aquisição, por óbvio, a tendência é de que comece mais rápido que uma eventual construção do zero. O nosso foco é garantir educação pública, gratuita, de qualidade, cursos com boa capacidade de empregabilidade e um grau de inovação importante com as mudanças do mundo do trabalho. E, se conseguirmos fazer, conforme temos construído, a gente deve ter, no ano que vem, já um desenho do início das atividades. Agora eu friso, até para não criar grandes expectativas, de que isso depende de um passo a passo técnico, de vistorias, de análises de viabilidade, e depende também da nossa capacidade institucional de realizar concursos para técnicos, para professores, de adequar também as aprovações dentro do Conselho UFRGS — reforça Gregório.
"O campus está totalmente apto a receber estudantes"
O reitor da UCS, Gelson Rech, destacou que a estrutura está pronta para receber os alunos.
—A Universidade de Caxias do Sul, que é uma universidade comunitária, é a favor do acesso à educação. Se hoje o governo federal identifica que Caxias do Sul é um local para a implantação de um campus, então nós estamos concordando com isto e também disponibilizando este local para aquisição via governo federal. Hoje, neste campus, funcionam seis cursos, cerca de 700 estudantes, já tivemos bem mais. É um campus que está totalmente apto a receber estudantes já no próximo ano — comenta.
Todas as atividades ainda realizadas no Campus já estavam programadas para serem transferidas para o campus sede da UCS em janeiro de 2025.
A deputada federal Denise Pessôa (PT), uma das lideranças pela mobilização regional pela universidade federal, diz que acredita que o Campus 8 é suficiente para a instalação da UFRGS.
— Eu digo que o MEC é o lugar que eu mais frequento, além de Caxias, porque a universidade precisa sair do papel —ressalta.