O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) avaliou como um "erro político" a decisão do presidente do partido, Valdemar da Costa Neto, de dar sequência à ação que pode cassar o mandato de Sérgio Moro (União Brasil-PR). Ele falou em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (18) em Caxias do Sul, após visita à sede da UCS Graphene. Advogados do Partido Liberal disseram que vão recorrer da absolvição de Moro até a próxima segunda-feira (22).
Em 9 de abril, o senador Moro foi absolvido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) das acusações que pediam a cassação do mandato do por abuso de poder econômico na pré-campanha eleitoral de 2022. Foram cinco votos a dois a favor da absolvição. Os autores das ações contra Moro eram PL e a Federação Brasil da Esperança (composta por PT, PC do B e PV).
Houve pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao partido para retirar a acusação, mas para isso, segundo Costa Neto, uma multa de R$ 1 milhão teria que ser paga aos advogados. Além disso, há interesse do PL na cadeira de Moro. Se fosse cassado, novas eleições seriam convocadas para escolher novo nome para ocupar a vaga no Senado, e o ex-deputado federal Paulo Martins (PL-PR) é considerado favorito.
Na coletiva, Flávio Bolsonaro defendeu que há uma perseguição política contra Sérgio Moro, que teria "desafetos que estão hoje no poder".
— Vou falar por mim. O presidente Bolsonaro não está podendo conversar com o Valdemar por ordem judicial. Mas, na minha cabeça, é um erro político enorme o PL insistir com esse recurso para o TSE. E, do meu ponto de vista, nem amparo jurídico tem. É uma perseguição política a alguém que tem desafetos que estão hoje no poder. Quando você vai para esse lado, você deixa de cometer justiça — afirmou o senador, que completou defendendo que não se pode aplaudir esse tipo de ação contra o senador, pois não é uma atitude democrática:
— E não é porque hoje é com alguém que, em tese, está mais do nosso lado que as pessoas podem aplaudir, que o governo hoje pode aplaudir só porque é alguém ligado a Bolsonaro. Porque amanhã mudam os atores desse quadro todo, e aí a gente vai ficar aplaudindo perseguição com alguém de esquerda? Eu acho que isso não é um caminho, isso não é democrático, isso não é inteligente, isso não é saudável para que a gente consiga conviver com os antagonismos dentro da política que são necessariamente obrigatórios dentro de uma democracia.
Confira outros assuntos abordados pelo senador Flávio Bolsonaro na coletiva de imprensa:
"Eu não entendi. Eu acho que é importante, às vezes, o imperador descer do seu trono e respirar um pouquinho fora da bolha, conversar com os normais, com aqueles que estão, no dia a dia, querendo produzir, trabalhar para resolver as necessidades da população. O Brasil tem tantas necessidades. O brasileiro espera tanto de nós políticos que resolvamos os problemas que são importantes na vida de cada um. E eu acho que, nesse sentido, é sempre muito bem-vinda qualquer autoridade dentro do Senado Federal, se for na construção do retorno da normalidade."
É importante, às vezes, o imperador descer do seu trono e respirar um pouquinho fora da bolha, conversar com os normais
Eleições municipais
"Nossa expectativa é que o PL faça muitos prefeitos e vereadores. O saldo final vamos poder mensurar não só com o PL, mas com aqueles partidos que também são aliados nossos, que têm candidatos que defendem as mesmas bandeiras, mas por algum motivo específico não estão dentro do PL. Nossa expectativa é que, em 2026, haja uma grande capilaridade do nosso grupo político para as eleições nacionais. Pela primeira vez, nós estamos num partido que vai ter tempo de televisão, tem recursos que são suficientes para dar suporte a muitas candidaturas importantes. Nossa expectativa é que 2024 seja um ano muito vitorioso para o PL, para a direita no Brasil. O que, sem dúvida nenhuma, vai ser um importante passo para uma eleição com muito mais alcance, com muito mais capilaridade em 2026. Lembrando que a gente nunca fez campanha nacional pensando nesse plus, nessa outra parte da política que são os prefeitos, os vereadores. Sempre foi algo muito orgânico, muito espontâneo. E, dessa vez, a gente está participando diretamente da eleição deles e contando, obviamente, com a retribuição lá na frente desse apoio em caso de sucesso de todos. A expectativa é maravilhosa."
Sucessor da direita em 2026
"Está muito longe para falar de 2026. Eu, como acredito em Deus, só o Senhor é Deus. E, enquanto tiver recurso nos tribunais, a gente tem que acreditar que o Bolsonaro pode reverter esse quadro (atualmente, o ex-presidente Jair Bolsonaro está inelegível). Porque a gente já viu outros cenários muito mais impensáveis e a política muda muito rápido, se reverte muito rápido. Então, é óbvio que é possível que aconteça uma mudança no que estão fazendo com o presidente Bolsonaro. A nível de perseguição, a nível de injustiça, de forçar a barra, de querer imputá-lo crimes que ele não cometeu, nem sequer de forma tentada ou pensada. Então, é óbvio que tem muito tempo pela frente. Esse cenário pode mudar sim. Nome não dá para falar. Quem vai, em não sendo o Bolsonaro, em não mudando o cenário, é ele (Jair Bolsonaro) que vai apontar o nome lá na frente."