Esta semana, o governo do prefeito Adiló Didomenico promoveu mais uma alteração no primeiro escalão. Além da troca de nomes na Secretaria da Educação (Smed), com a saída da ex-titular Sandra Negrini e o ingresso de Edson da Rosa, ex-secretário da pasta no governo do ex-prefeito José Ivo Sartori (MDB), a movimentação ampliou a base de sustentação do Governo Adiló, inclusive na Câmara. No mesmo dia da posse, na segunda-feira (4/9), Edson filiou-se ao Republicanos, depois de deixar o MDB para entrar no Progressistas, onde teve uma passagem apagada. Assim, o Republicanos, ex-partido do prefeito cassado Daniel Guerra, incorporou-se à base de sustentação do Governo Adiló. Em compensação, com as mudanças recentes, o PSDB, partido do prefeito, perdeu três nomes no primeiro escalão
O governo já havia adotado no primeiro semestre deste ano outro movimento de troca no primeiro escalão para contemplar a ampliação da base de apoio e do arco de potenciais parcerias, projetando a eleição de 2024. Em fevereiro, o então vereador Wagner Petrini, do PSB, ingressou na Secretaria de Habitação, após um complexo movimento partidário que levou para a cadeira dele o terceiro suplente do partido, Alberto Meneguzzi, e que só foi concluído no final de maio.
Para que a mudança fosse possível, foi necessária a sintonia e a costura com o governo, que alojou os dois primeiros suplentes do partido, Idair Moschen e Edi Carlos Pereira de Souza, respectivamente na presidência da empresa Festa da Uva e no setor de iluminação da Secretaria de Obras e Serviços Públicos. Essa movimentação toda sacramentou a presença do PSB na base de apoio do governo, o que foi reconhecido pelo prefeito Adiló, quando do anúncio de Petrini no secretariado, em fevereiro, como “um ato de coragem”:
– Quero cumprimentar o PSB pela coragem de assumir o compromisso com o prefeito, que fez campanha para o (ex-presidente e candidato à reeleição Jair) Bolsonaro, mas, na hora de olhar para os desafios, (o PSB) sempre esteve junto – disse Adiló à época.
Esta semana, também, o Governo Adiló alojou mais um partido em sua embarcação, o União Brasil, que recém formou a comissão provisória em Caxias do Sul, comandada pelo ex-vereador e ex-candidato a vice-prefeito em 2020, Kiko Girardi. O próprio Kiko foi confirmado como diretor executivo da Secretaria de Urbanismo, acomodando-se em um CC8, e definiu que uma candidatura do governo “é a mais viável” para receber apoio do partido, “analisando os nomes que estão colocados no cenário eleitoral”. Nesse caso, não se trata de um cargo de primeiro escalão.
Vale lembrar que Adiló elegeu-se em 2020 com a coligação Levanta Caxias, ao lado de Solidariedade e do PSC. E que o Cidadania formou federação nacional em 2022 com o PSDB, partido de Adiló, e seus efeitos se estendem por todo o país. Nas federações, os partidos são obrigados a se manter unidos, como uma única sigla, por pelo menos quatro anos.
Quem já embarcou no governo
Assim, com movimentos semelhantes, Adiló obteve o embarque de PSB e Republicanos, e agora do União Brasil, a um governo que, politicamente, é sustentado por PSDB e PTB, os principais partidos da base e com maior número de representantes no primeiro escalão. No início do ano, após uma reestruturação no secretariado que incluiu colocar Petrini na Secretaria da Habitação, Ricardo Daneluz na Secretaria de Turismo, Cristina Nora Calcagnotto na Cultura e Ronaldo Boniatti na pasta de Recursos Humanos e Logística, além de remanejar João Uez para a Secretaria do Meio Ambiente e Giovani Fontana para o Urbanismo, o PSDB tinha oito nomes no primeiro escalão, mais o prefeito Adiló e a vice Paula Ioris, e o PTB, sete. A presença do PTB, na ocasião foi encorpada com um remanejo que levou Grégora Fortuna dos Passos para a chefia de gabinete, Flávio Cassina para secretário de Governo e Cristiano Becker da Silva para a Secretaria de Gestão e Finanças. Quer dizer, os dois partidos dominavam, com 15 indicações, um governo composto por 27 nomes entre secretários municipais e titulares de órgãos de governo. Naquele momento, 10 nomes da equipe não tinham partido.
As mudanças no secretariado não pararam aí e o PSDB perdeu três nomes. Maurício Batista da Silva, de Parcerias Estratégicas, e Katiane Boschetti, da Fundação de Assistência Social (FAS), pediram para deixar o governo. E agora, esta semana, saiu a titular da Secretaria da Educação, Sandra Negrini. Eles foram substituídos, respectivamente, por Matheus Neres da Rocha, Geórgia Tomasi e Edson da Rosa – os dois primeiros, sem partido e Edson, que se filiou imediatamente ao Republicanos. Assim, a participação do PSDB no primeiro escalão despencou de oito para cinco, e deve-se considerar ainda a condição de Uez, de licenciado do PSDB, analisando convites para ingressar em outras siglas. Com essas mudanças, o número de integrantes do primeiro escalão que estão sem partido saltou de 10 para 12.
Os partidos e o primeiro escalão
PSDB – 5 integrantes
* Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Inovação: Élvio Gianni
* Secretaria do Meio Ambiente: João Uez (licenciado)
* Secretaria de Obras e Serviços Públicos: Norberto Soletti
* Secretaria de Recursos Humanos e Logística: Ronaldo Boniatti
* Procurador-Geral do Município: Adriano Tacca
PTB – 7 integrantes
* Secretaria de Gestão e Finanças: Cristiano Becker da Silva
* Secretaria de Governo: Flávio Cassina
* Secretaria da Receita Municipal: Roneide Valdecir Dornelles
* Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade: Alfonso Willenbring Júnior
* Secretaria do Urbanismo: Carlos Giovani Fontana
* Chefia de Gabinete: Grégora Fortuna dos Passos
* Samae: Gilberto Meletti
PSB – 1 integrante
* Secretaria da Habitação: Wagner Petrini
MDB – 1 integrante
* Controlador-Geral do Município: Gilmar Santa Catharina (função eminentemente técnica e da escolha pessoal do prefeito Adiló).
Republicanos – 1 integrante
* Secretaria de Educação: Edson da Rosa
Sem partido – 12 integrantes
* Secretaria da Agricultura: Rudimar Menegotto (tem filiação no Progressistas, mas não tem atuação ativa no partido e não foi indicação política ao cargo de secretário)
* Secretaria de Cultura: Cristina Nora Calcagnotto
* Secretaria do Esporte e Lazer: Gabriel Citton
* Secretaria de Parcerias Estratégicas: Matheus Neres da Rocha
* Secretaria do Planejamento: Margarete Bender
* Secretaria da Saúde: Daniele Meneguzzi
* Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social: Paulo Roberto Rosa da Silva
* Secretaria do Turismo: Ricardo Daneluz
* Codeca: Maria de Lourdes Fagherazzi
* Festa da Uva (Comissão Comunitária): Fernando Bertotto
* Ipam: Flavio Alexandre de Carvalho
* FAS: Geórgia Tomasi
MDB e PDT demarcam posição e ficam de fora
O líder do governo na Câmara desempenha uma função estratégica. Não ocupa cargo do governo mas é linha de frente da administração municipal na Câmara de Vereadores, e a escolha do prefeito Adiló Didomenico pelo pedetista Lucas Diel tornou-se um capítulo à parte. Diel assumiu vaga na Câmara após a saída de Ricardo Daneluz para a Secretaria de Turismo. O “sim” de Daneluz ao convite do prefeito precipitou sua expulsão do PDT, um desfecho para o processo interno que tramitava no partido devido a manifestações reiteradas de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Sem interesse em integrar o governo, o PDT caxiense fez reunião na Câmara para tentar demover Diel da ideia de ser líder de governo, mas não conseguiu, e ele segue líder até hoje. Tanto o PDT como o MDB fizeram questão de deixar claro que não têm interesse em participar do governo. Em decorrência dessa posição partidária, a nova secretária da Cultura, Cristina Nora Calcagnotto, que era filiada ao MDB, optou por pedir a desfiliação do partido assim que ingressou no primeiro escalão.
O MDB tem um representante no governo, o controlador-geral do município, Gilmar Santa Catharina, mas é uma função eminentemente técnica e da escolha pessoal do prefeito Adiló.