Faltam 471 dias para o primeiro turno das próximas eleições municipais, que ocorrem no dia 6 de outubro de 2024, o primeiro domingo do mês. Esse longo período, entretanto, não impede as movimentações políticas de serem feitas em Caxias do Sul. Enquanto a esquerda se apoia na força do PT, que conta atualmente com uma deputada federal (Denise Pessôa), partidos que oscilam entre esse espectro político e o centro, como o MDB, PDT e PSB, seguem sem um caminho claro para seguir nos próximos meses. Atual prefeito, Adiló Didomenico (PSDB) é o nome mais provável da sigla para 2024, ao lado do fiel PTB. Com tantas indefinições, a direita caxiense aproveita para negociar apoios e a construção de uma ampla frente unindo os partidos alinhados com a mesma ideologia.
Atual vereador do Novo, Maurício Scalco é o principal nome da direita para 2024. É ele, ao lado do deputado federal, Maurício Marcon (Podemos), quem encabeça as negociações da frente ampla da direita. O vereador diz que, no momento, está conversando com siglas, como o Progressistas e o Republicanos, para criar uma chapa com força e chances de atingir segundo turno.
– Estamos montando uma ampla frente de direita, conversando com todos os partidos, para ser competitiva na cidade, e estamos começando a construir com os partidos alinhados à direita, mas não tem nada ainda definido. Esses partidos têm o mesmo alinhamento à direita, queremos o melhor pela cidade de Caxias do Sul, e então precisamos construir um consenso. Dividir entre 10 candidatos não vai ser a solução, a esquerda sempre foi muito unida para uma eleição, e a gente tem que entender que a direita tem que se unir para mostrar a posição – antecipou.
Uma eventual candidatura de Scalco deve movimentar o cenário político caxiense. Ainda não há um nome lançado para ser vice candidato desta chapa, mas o interesse de fazer esta indicação é quase unânime em cada um dos potenciais aliados. O próprio Marcon, que não esconde. em declarações nas redes sociais, seu apoio a Scalco para a prefeitura a partir de 2025, é ventilado como uma possibilidade. A definição entretanto, segundo Scalco, deve ser feita entre as siglas que compuserem a eventual frente ampla.
Além disso, tudo indica que o vereador deve deixar o Novo rumo ao PL, que já lhe fez convite. O presidente dos liberais, Pedro Rodrigues, tentou desconversar sem citar nomes, afirmando que ainda não é ano eleitoral e que a janela partidária está fechada, mas relatou que “existem namoros”. Scalco confirmou o convite, mas garantiu que irá cumprir seu acordo com o Novo.
– Estou analisando a proposta, conversei com meu partido, o Novo, que me colocou que, devido a posições morais e legais assumidas, eu tenho um compromisso assumido e preciso cumprir até a janela, que é em março. Continuo trabalhando da mesma forma até lá – confirmou.
Sobre a movimentação, o presidente do Novo caxiense, Eduardo Letti, foi taxativo ao ser questionado se o partido conta com Scalco:
– Com certeza. Isso é uma hipótese, não tem nada confirmado. Não conto com isso (a saída de Scalco) porque não aconteceu ainda. Ele comunicou a gente, que recebeu um convite do PL, mas ele tem um compromisso que assumiu quando foi eleito vereador, e ele tem que cumprir o mandato até a janela partidária pelo menos – confirmou.
Siglas querem estar na majoritária
O Progressistas, presidido pelo vereador Alexandre Bortoluz, e o Republicanos, do também vereador Elisandro Fiuza, têm uma intenção em comum para 2024: ter um nome concorrendo ao Executivo, seja cabeça de chapa ou vice-prefeito. Bortola, que comanda o PP desde o início de junho, relata que a nova executiva ainda não se reuniu desde que assumiu o posto, mas que as conversas nos bastidores do partido expressam a vontade de fortalecer a sigla.
– Em nível municipal nós temos que ter um nome na majoritária, é o que o partido deseja em Caxias. Como vai se construir isso, depende de uma série de fatores. Vamos fortalecer o partido, nossa intenção é tentar puxar algumas pessoas de relevância para que também possam concorrer e vir a aumentar a bancada Progressistas na Câmara (de Vereadores). Vamos fazer de tudo pelo bem, tanto dessa frente ampla de direita, mas também pensando no crescimento e fortalecimento do Progressistas em Caxias – declarou Bortoluz.
Já Fiuza diz que o Republicanos está aberto para discussões, e que pretende estar alinhado ao que a cidade exige de um governo municipal.
A esquerda sempre foi muito unida, e a gente tem que entender que a direita tem que se unir para mostrar a posição
MAURÍCIO SCALCO
Vereador de Caxias, do Novo
– O partido está aberto a construções, e sabemos que, de uma certa forma, Caxias tem um grande potencial de ter no mínimo três vias, a da esquerda, a que está no governo hoje e a de direita, esse é o cenário que temos notado. O partido está mais alinhado a ter essa proposta daquilo que Caxias vem exigindo, uma candidatura de direita.
O Podemos aposta suas fichas no nome de Scalco para o Executivo, que é apoiado não só por Maurício Marcon, como também pelo deputado estadual Professor Claudio Branchieri. Presidente do partido em Caxias, Gabriela Perini explica que a sigla faz parte da articulação entre os partidos da direita e afirmou que ainda há “bastante tempo” para decidir sobre candidatos a vereador ou vice-prefeito. Marcon, entretanto, se esquivou, mas não descartou integrar a chapa com o atual vereador.
– Estamos construindo uma frente de direita, composta por pessoas tementes a Deus e comprometidas com o conservadorismo e os princípios liberais na economia, sem negociação com a turma que defende ditadores, aborto, liberação de drogas e por aí vai. Meu apoio é integral ao Scalco, que será nosso candidato a prefeito. Sobre o cargo de vice, ainda estamos em negociação, mas o nome escolhido será alguém que tem compromisso e histórico de defesa dos valores mencionados – destacou.
O que dizem os partidos
Alexandre Bortoluz, presidente do PP: “Estamos em um alinhamento muito bom, tanto com o partido em nível estadual e nacional, que é um alinhamento de direita, e vamos fazer de tudo pelo bem, tanto dessa frente ampla de direita, mas também pensando no crescimento e fortalecimento do Progressistas em Caxias.”
Eduardo Letti, presidente do Novo: “Nosso principal foco sempre é eleição para vereadores, nos preocupamos em fazer uma nominata forte, de pessoas alinhadas com valores do partido. Estamos dispostos a participar (da união dos partidos). Desde que seja com partidos que tenham o mínimo de alinhamento com nossas ideias e princípios, não teria problema.”
Elisandro Fiuza, presidente do Republicanos: “O partido é de centro-direita, e está aberto a construções. O partido está mais afinado, alinhado a ter essa proposta daquilo que Caxias vem exigindo, uma candidatura de direita.”
Gabriela Perini, presidente do Podemos: “Nessa articulação entre os partidos de direita, o Podemos também faz parte, participa por óbvio por causa principalmente do deputado Marcon. Temos bastante tempo ainda, estamos envolvidos nos trabalhos em nível federal e estadual.”
Pedro Rodrigues, presidente do PL: “Acho positivo (união dos partidos), porque sempre vai ser positivo unir forças. Se houve rumores de que a direita é desunida, desorganizada, a tendência é que vá se corrigindo e melhorando esse ponto.”