A Comissão Processante ouviu, na tarde desta terça-feira (27), mais seis testemunhas sobre o caso que investiga o vereador Lucas Caregnato (PT), acusado de quebra de decoro parlamentar. Desta vez, os depoentes foram apontados pela defesa. As audiências foram realizadas na Sala de Comissões Geni Peteffi, na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. As manifestações começaram às 14h, com o deputado estadual Pepe Vargas (PT), que falou por videochamada direto da Assembleia Legislativa, em Porto Alegre. Na sequência, falaram a suplente de vereadora do PCdoB, Andressa Marques; o presidente da UAB (União das Associações de Bairros), Valdir Walter; a produtora cultural Sara Rosa; a presidente do PDT Caxias, Cecília Pozza; e o advogado Rodrigo Balen (leia abaixo).
Andressa e Sara estavam envolvidas diretamente no tumulto em audiência pública sobre projeto para ocupação e gestão da Maesa, em 25 de abril, realizada no Centro Administrativo, que gerou a abertura do processo de cassação contra o vereador Caregnato. Ambas reforçaram que não houve diferenciação na forma com que o parlamentar se dirigiu à chefe de gabinete da prefeitura, Grégora dos Passos, ou aos outros secretários, Cristiano Becker (Gestão e Finanças) e Adriano Tacca (procurador-geral).
Questionadas pelo relator da Comissão Processante, vereador Sandro Fantinel (PL), as duas também concordaram que não veriam problemas no tratamento de Caregnato se estivessem no lugar da chefe de gabinete Grégora.
Na próxima segunda-feira (3), mais quatro testemunhas, além do próprio vereador Caregnato, serão ouvidas pela Comissão Processante: a historiadora Luiza Iotti será ouvida a partir das 14h. Na sequência, falam o ex-vereador e ex-vice-prefeito, Edio Elói Frizzo (14h15min); historiador Ramon Tissot (14h30min); engenheiro mecânico e líder comunitário, Orlando Michelli (14h45min).
Leia o que disseram as primeiras seis testemunhas da defesa:
Pepe Vargas (PT), deputado estadual
“Dá para ver nos vídeos que o Lucas se manifesta de forma bastante contundente perante a secretária (chefe de gabinete) Grégora (Fortuna dos Passos) e ao secretário (de Gestão e Finanças) Cristiano (Becker da Silva). Eu não estava presente. Não vi em nenhum momento o vereador fazer nenhum gesto violento contra Grégora nem contra ninguém, nada que possa configurar uma conduta criminosa ou que seja indecoroso. Reação indignada pode ter sido acima do tom, mas não vejo isso como algo que tenha ferido o decoro parlamentar.”
Andressa Marques (PCdoB), suplente de vereadora
“Nos deram a instrução de que poderíamos entrar, desde que assinada a lista de presenças. Estávamos todos de cabeça quente, houve acirramento dos ânimos de todos os presentes, mas não fugiu do embate político. Não esperava uma postura da gestão daquela forma, acho que eles (prefeitura) estavam bastante preocupados e incomodados com nossa presença, mas depois resolveram abrir as portas e acalmaram os ânimos. Acho que perceberam que estavam se excedendo. Não houve diferenciação nenhuma (no tom de voz usado por Caregnato com os secretários), inclusive me causou espanto chegarmos nesse ponto (processo de cassação).”
Valdir Walter, presidente da UAB
“É normal a gente se alterar em problemas que a gente tenta solucionar, principalmente quando tentam barrar pessoas que querem participar. Foi um momento de nervosismo. As pessoas estavam lá para colaborar. Acho que (Caregnato) não (estava alterado), naquele momento calórico, a gente altera um pouco a voz.”
Sara Rosa, produtora cultural
“Discussão foi acalorada, mas não foi desrespeitosa. A discussão foi igual com todos, tinha um cerco de secretários diante da gente. Mulheres, quando assumem cargos políticos, precisam conviver com discussões acaloradas. Hoje temos definição do que é violência política de gênero, e quando falamos de discussões exaltadas, acaloradas, elas ainda passam longe do que podemos caracterizar de violência contra as mulheres. A discussão foi acalorada, sem dúvidas, mas não só entre a secretária (Grégora) e o vereador (Caregnato). Houve clima tenso de todos os lados, porque a audiência não foi conduzida de forma salutar. Normal uma discussão acalorada nunca é, mas não foi uma questão de desrespeito àquela autoridade nem pela sua condição de gênero. Desde quando entramos, havia um clima de tensão.”
Cecília Pozza, presidente do PDT Caxias
“Me assustei com a quantidade de guardas municipais. Não tenho dúvida de que as audiências não eram democráticas. Fiquei ali embaixo (na prefeitura), depois que a coisa se acalmou eu subi e entrei na audiência, e então a porta ficou aberta.”
Rodrigo Balen, advogado
“Vi pelos vídeos a situação e me causou espanto a repercussão. Se banalizou o instrumento de cassação. Foi um momento de calor, mas não vi nada de excesso. Não vi nenhuma agressão que motivasse tudo isso, não acho que seja motivo de cassação.”