O barulho provocado pelo ato da campanha do candidato ao governo do Estado, Onyx Lorenzoni, na tarde de sábado, forçou a suspensão de atividades que estavam na programação da 38ª Feira do Livro de Caxias do Sul, na Praça Dante Alighieri. Grande parte do público, incomodado com o buzinaço, também deixou o evento, o que frustrou e indignou livreiros, que contavam com o bom movimento para aumentar as vendas.
Ainda no sábado, a Secretaria Municipal de Cultura emitiu um pedido oficial de desculpas aos frequentadores da Feira nas redes sociais:
A Secretaria (...) pede desculpas a todos que vieram até a praça Dante, para prestigiar a Feira do Livro, que teve a sua programação interrompida devido a manifestação que está acontecendo em frente à Catedral.
Ontem, a secretária de Cultura, Aline Zilli, voltou a lamentar o fato:
— A gente sabe que manifestação é livre e estava tentando manter a programação com algum grau de normalidade, mas quando o trânsito teve o fluxo reduzido, além do caminhão com som alto, se tornou inviável. A gente lamentou muito pelos artistas que estavam no palco, nas galerias e nas sessões de autógrafo, e também sentiu que o público ficou frustrado, por isso preferiu suspender. Não tinha como competir com o barulho da manifestação.
A presidente da Associação dos Livreiros de Caxias do Sul (Alca), Maria Helena Lacava, considerou um desrespeito da campanha do candidato com o evento:
— Infelizmente, a manifestação atrapalhou a Feira. Nós estávamos com um público muito bom, mas muita gente foi embora por causa da barulheira e da falta de respeito com a comunidade, com a cidade e com o evento Feira do Livro.
Procurada pela reportagem, a campanha de Onyx Lorenzoni não respondeu. O secretário municipal de Urbanismo, João Uez, que participou do ato, disse que estava presente como cidadão, atendendo a um convite pessoal do amigo Onyx Lorenzoni. Uez não quis comentar sobre as reclamações.
O secretário municipal de Trânsito, Alfonso Willenbring, explica que manifestações populares como a ocorrida no sábado, e que também já ocorreram em edições anteriores da Feira, por outros grupos, não precisam de autorização prévia. O que houve foi o pedido, concedido, de reserva de vagas de estacionamento rotativo em frente à Catedral para pessoas com bandeiras.
— Não há como proibir uma manifestação social popular. O que não gostamos, e que eu solicitei uma intervenção da Fiscalização quando soube do fato, foi com relação à utilização de carro de som, porque perturba as atividades da Feira do Livro, que é um evento do município. Também pedi a intervenção porque foi citado para mim que houve bloqueio no trânsito, e quando há esse tipo de situação, aí sim teria de haver autorização prévia, e isso não foi autorizado.
O secretário não tinha a informação, na noite de ontem, sobre eventuais autuações aos envolvidos.