Daqui exatamente a um mês, os brasileiros vão às urnas para a escolha de cinco cargos: presidente da República, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. São escolhas que exigem uma preparação, tanto para decidir os candidatos que ganharão o voto, como para relembrar a ordem de votação na urna. Os locais públicos de Caxias do Sul ainda não são palco de grandes campanhas, com bandeiraços, santinhos, comícios, passeatas e propagandas por alto-falantes, algo que via de regra marca e traz um sentimento de que o Brasil se prepara para uma eleição geral.
O Pioneiro foi às ruas de Caxias na tarde desta quinta-feira (1) para conversar com os eleitores e entender qual é o nível de interesse da Serra Gaúcha para o pleito de outubro. A reportagem esteve na área central da cidade, e passou pela Praça Dante Alighieri, Rua Sinimbu e Avenida Júlio de Castilhos. Os 15 entrevistados para a enquete foram escolhidos de forma aleatória, conforme a reportagem circulava pelos espaços. Foram três questionamentos para cada um dos eleitores: qual o grau de interesse pelas eleições (pequeno, médio ou grande); se sabe todos os cargos que estão em disputa em 2022; e se já tem candidato para algum dos cargos.
No geral, o interesse dos entrevistados é grande, apesar da indecisão para a escolha de alguns cargos. Alguns, no entanto, reconhecem que ainda não sabem todos os cargos que serão votados neste ano.
Na última pesquisa DataFolha divulgada nesta quinta-feira (1), os votos em branco ou nulo somam 4%, já os que não sabem ou os que não responderam representam 2%. Ou seja, no âmbito federal, a indecisão quanto aos candidatos é baixa. Já nas eleições para o governo do Rio Grande do Sul, o cenário é diferente. Na pesquisa Ipec, contratada pelo Grupo RBS, divulgada nesta sexta-feira (2), no cenário estimulado, os eleitores que pretendem votar em branco ou nulo somam 7%, enquanto outros 9% ainda não sabem ou não responderam.
Redução no tempo de campanha pode aumentar a indecisão
Apesar da eleição presidencial não apresentar um cenário de indecisão, outros cargos ainda não receberam muita atenção dos eleitores. Segundo o professor de Ciências Políticas da UFRGS, Mauricio Assumpção Moya, uma das explicações para o eleitor já ter o voto decidido para presidente é, justamente, a questão polarizada das eleições.
— O fato de os eleitores estarem decididos pelos candidatos à presidência não afeta em nada a decisão dos candidatos ao Legislativo, ou seja, no máximo eles conseguem vislumbrar um partido ou pensar em um perfil que seja parecido com o que eles vão votar para presidente.
Moya também explica que a indecisão para os cargos do Legislativo é histórica, assim como uma certa desvalorização desses cargos:
— Vemos nas redes sociais e em alguns jornais, os especialistas tentando chamar a atenção mais do que em outras eleições para a importância da eleição para o Legislativo. Ninguém governa sozinho. Nós não elegemos o salvador da pátria, nós elegemos uma pessoa que vai ter que negociar com muitas outras.
A campanha eleitoral mais curta da história, com apenas 46 dias em 2022, é considerada pelo professor como uma das razões que acentua a indecisão dos eleitores.
— A cada eleição a quantidade de dias do período eleitoral diminui. É o tempo em que as pessoas vão se informar. As pessoas já não têm tanto interesse por política, e ainda diminuem o período eleitoral? É claro que, na internet, a informação está sempre lá, mas nem todo mundo consegue operar na internet da mesma maneira. Além desse período reduzido, nas ruas temos menos pessoas fazendo campanha. Uma coisa bem esvaziada. Tem um lado bom porque a poluição visual e sonora é bem menor, mas daí parece que não estamos em eleição. Poderia ter um período mais longo de rádio e TV para os candidatos poderem se apresentar — reflete.