A organização dos partidos no âmbito municipal se dá, normalmente, pela formação dos diretórios municipais ou comissões provisórias — órgãos formados por um número menor de participantes, que se encarregará de obter registro para o futuro diretório municipal. Em Caxias do Sul, são diversos os partidos organizados dessa maneira e que já possuem uma longa história no município.
Dois partidos ganham visibilidade neste ano eleitoral por lançarem candidatos ao governo do Rio Grande do Sul: Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Apesar das duas siglas não terem representantes no Congresso Nacional, são legendas históricas no Brasil.
O PCB chega às eleições estaduais com Carlos Messalla como candidato ao governo e Edson Canabarro como vice. Em âmbito federal, Sofia Manzano concorre à Presidência da República, e Antônio Alves como vice.
Já o PSTU tem Rejane de Oliveira como candidata a governadora, e Vera Rosane como vice. Para a eleição presidencial, Vera Lúcia é a candidata do partido, que terá Kunã Yporã como vice.
No segundo maior município do Estado, a representatividade do PCB e do PSTU em números ainda é tímida, mas as duas siglas têm movimentos bem definidos de luta e certeza do propósito dos partidos
PCB é organizado em célula
O PCB, em seu site, considera a trajetória do partido “parte constitutiva da história do Brasil”. Fundado em março de 1922, completou seu centenário neste ano. Em Caxias do Sul, o partido foi retomado em 2017, após a extinção da sigla em 1992. Na cidade, o PCB está organizado como célula. Segundo o manual do partido, a célula é a forma como os comunistas se organizam em seus locais de atuação, e é nela “que o militante estabelece uma relação orgânica entre o partido e o movimento social”.
Para a constituição da célula, deve haver, pelo menos, três membros: o secretário político, o secretário de organização e o secretário de finanças. Na cidade, o secretário político é Raimundo Bertuleza, conhecido como Poty, que foi candidato federal pelo partido em 2018. Ele conta que, atualmente, a célula tem 10 militantes ativos na cidade.
Diferentemente de outras siglas, o PCB não tem filiados, mas, sim, militantes. O membro da Célula Internacionalista e a Fração Indígena Nacional, Claudio Ribeiro explica que o ingresso no partido se dá por compromisso moral pela luta na construção de uma sociedade sem classes, fraterna e comunitária, que é o contrário do que se vê no capitalismo.
— A pessoa que quiser ingressar no PCB precisa estar de acordo com os postulados do estatuto. Ela passa por um período de convivência para ter certeza que fez a escolha certa. Diferentemente de outras siglas, o PCB tem muito cuidado com a qualidade do ou da ingressante. É por isso que historicamente o partido sempre teve quadros de excepcional capacidade intelectual, desde o segmento da juventude até figuras como Oscar Niemeyer, João Saldanha, Beth Carvalho, Jorge Amado, Pagú, Ivan Pinheiro, Mauro Iasi, Sofia Manzano e centenas de nomes — comenta Ribeiro.
O termo filiado só é usado no partido quando algum militante se candidata eleitoralmente. Nesse caso, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) exige que a pessoa esteja filiada a algum partido. Então, cumprindo com a legislação, apresentam-se como filiados aqueles que irão concorrer.
Além da célula municipal, o partido em Caxias também tem seu complexo partidário, em que se organizam os coletivos. Os coletivos não se constituem apenas militantes da célula do PCB, mas também, pessoas com simpatia às propostas. São três coletivos na cidade, que contabilizam entre 50 e 60 participantes, segundo Poty: União da Juventude Comunista (UJC), a Unidade Classista (UC) e o Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro (CFCAM).
Em Caxias, a história do partido teve início em 1940, e contou com nomes importantes como Geraldo Daniel Stedile, Bruno Segalla, Percy Vargas, Henrique Ordovás Filho, Ernesto Bernardi e João Ruaro Filho.
No Brasil, as principais instâncias deliberativas do PCB são os chamados Congresso do Partido e o Comitê Central. Nos estados brasileiros, são os comitês regionais, que funcionam como elementos de ligação entre o Comitê Central e as células.
PSTU atrai filiados na cidade
Apesar de existir no Brasil desde 1994, a atuação do PSTU no município é recente. A sigla iniciou sua formação no final de 2020, em plena pandemia da covid-19. Atualmente, estão registrados entre 10 e 15 filiados em Caxias do Sul, conta Roberto Rost, um dos representantes da legenda. Porém, já existem cerca de 30 novos filiados que ainda serão lançados no sistema do Superior Tribunal Eleitoral (TSE).
O PSTU ainda não tem uma comissão provisória na cidade. A proposta atual é estruturar um grupo de filiados com formação política e atuação nos movimentos sociais.
— O nosso partido se organiza para atuar no dia a dia, não somos um partido que busque a qualquer custo eleger representantes, somos programáticos, sabemos que isso leva a construção ser mais lenta, mas é um processo — comenta Rost.
O movimento tem feito algumas atividades de divulgação das propostas das candidaturas de Rejane de Oliveira ao governo do RS e de Vera Lúcia à presidência da República, como panfletagem em algumas fábricas, no centro da cidade e em faculdades.
— Ainda não pautamos isso (formação da comissão provisória) como nossa prioridade, porque isso também demanda outras necessidades organizacionais. Como são todos trabalhadores, o objetivo é priorizar a nossa atuação e intervenção nos movimentos sociais [...] Participamos das eleições, mas não acreditamos que somente pelo processo eleitoral se dará a transformação — finaliza Rost.
OS PARTIDOS NO RS
PSTU
- Número de filiados no RS: 736
- Presidente estadual: Vera Rosane de Oliveira
- Vice-presidente estadual: João Augusto Gomes
PCB
- Número de filiados no RS: para o partido, o termo filiado só é usado quando um militante se candidata eleitoralmente. Nesse caso, é exigido pela legislação eleitoral que a pessoa esteja filiada a algum partido. Então, cumprindo com a legislação, apresentam-se como filiados somente aqueles que irão concorrer. Segundo Cláudio Ribeiro, atualmente, há em torno de 500 pessoas participando ativamente nas tarefas diárias do partido.
- Presidência e vice estaduais: não existe a figura de presidente e vice-presidente do partido no Estado. A sigla trabalha com o cargo de secretário geral, que atualmente é exercido por Rafael Cerva Melo.