Está formado o cenário eleitoral para a eleição ao governo do Estado. As convenções dos principais partidos no Estado, encerraram-se nesta segunda-feira (1), com o encontro do PSD, partido da candidata ao Senado Ana Amélia Lemos. Estava reservada para a segunda também a troca de candidato do PSB ao governo. Beto Albuquerque, o candidato original, desistiu, e será substituído na disputa ao Piratini por Vicente Bogo, ex-vice-governador do Estado. A decisão foi tomada em reunião da executiva estadual, que aproveitou e anunciou a chapa completa: Josiane Paz, que foi candidata a vice-prefeita em Montenegro em 2022, é o nome para vice e Airto Ferronato, vereador de Porto Alegre, para o Senado.
— Tivemos uma intensa pauta de conversas tanto com a federação PT-PCdoB-PV quanto com o PDT, partidos que têm em comum oposição a (Jair) Bolsonaro. São os limites dados a nós pela direção nacional do partido, coligar com partidos que têm clareza de oposição a Bolsonaro. Eu lutei para ser candidato. Desejei ser candidato. Mas eu não posso ser candidato sem que haja um mínimo de condições para disputar a eleição. Não basta ser candidato é preciso ser candidato com chances com possibilidades viáveis, reais
O PSB mantém a sua candidatura ao Piratini. Em nota, o partido destaca que a decisão de Beto é "de foro íntimo e personalíssimo, (...) o que lamentamos, mas respeitamos e agradecemos", e justifica que a executiva estadual "reafirma a decisão do Congresso Estadual do partido, de ter candidato ao governo do Estado".
Com a saída do deputado estadual da corrida sucessória ao governo do Estado, conforme decisão da convenção estadual do partido no domingo, e com a incorporação da federação PSOL-Rede à chapa liderada pelo deputado estadual Edegar Pretto (PT), que implica a retirada do até então pré-candidato ao governo Pedro Ruas (PSOL), o número de candidatos ao Piratini, que era de 12, cai para 10 candidaturas.
São três do campo bolsonarista — Luis Carlos Heinze (PP), Onyx Lorenzoni (PL) e Roberto Argenta (PSC) _ uma de centro, a do ex-governador Eduardo Leite; duas do campo da esquerda, com Edegar Pretto (PT) e Vicente Bogo (PSB); uma de centro-esquerda, a de Vieira da Cunha, pelo PDT; uma de perfil liberal, de Ricardo Jobim (Novo); e duas de siglas pequenas de esquerda _ com Carlos Messalla (PCB) e Rejane de Oliveira (PSTU). Rejane, aliás, é a única candidata mulher ao governo do Estado.
Passadas as convenções, partidos e federações têm até 15 de agosto para registrar as candidaturas dos escolhidos. A partir de 16 de agosto, os candidatos estão liberados para fazer propaganda eleitoral na internet e nas ruas. Caminhadas, carreatas com carro de som, distribuição de material de campanha, comícios e compra de publicidade paga nos meios de comunicação estão liberados até 1º de outubro, um dia antes do primeiro turno.
Confira a seguir, em ordem alfabética, quem são os 10 candidatos ao governo do Estado do Rio Grande do Sul.
Quem vai concorrer em 2022
Carlos Messalla (PCB)
Trabalhador dos Correios, Carlos Messalla Lima da Rosa foi oficializado como candidato a governador pelo PCB. Ele é natural de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre, e tem 46 anos. Nas eleições de 2020, Messalla concorreu a vereador de Porto Alegre, mas não se elegeu. Já foi dirigente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios no RS e milita na corrente sindical Unidade Classista.
Edegar Pretto (PT)
Nascido em Miraguaí, no noroeste gaúcho, Edegar Pretto tem 50 anos, é formado em Gestão Pública e pai de três filhos. Filho de Adão Pretto, deputado federal falecido em 2009, Edegar está em seu terceiro mandato como deputado estadual, sendo o mais votado do PT nas três eleições das quais participou. Em 2017, foi presidente da Assembleia Legislativa. Na última eleição, fez votos em 473 municípios. Edegar foi oficializado como o candidato do Partido dos Trabalhadores, com Pedro Ruas, do PSOL, que abriu mão da sua candidatura, como vice.
Eduardo Leite (PSDB)
Natural de Pelotas, Eduardo Leite é formado em Direito e tem 37 anos. Filiado ao PSDB, foi governador do Estado entre 2019 e março de 2022, quando renunciou ao cargo. Um dos mais jovens governadores da história do Estado, foi o primeiro político em cargo no Executivo a se declarar homossexual. Anteriormente, de 2013 a 2017, foi prefeito de Pelotas, cidade onde havia sido eleito vereador em 2008. Em 2021, disputou prévias do PSDB para concorrer à Presidência, mas foi derrotado pelo então governador paulista, João Doria. Leite oficializou sua candidatura ao Piratini em evento realizado no Teatro da Amrigs.
Luis Carlos Heinze (PP)
O senador Luis Carlos Heinze tem 71 anos e nasceu em Candelária, no Vale do Rio Pardo. Em 2018, foi eleito senador pelo PP. Engenheiro agrônomo, entrou para a vida pública em 1989 e, entre 1993 e 1996, foi prefeito de São Borja. Em 1998, foi eleito para o primeiro mandato como deputado federal, sendo reeleito em 2002. Em 2014, foi o deputado federal mais votado entre os gaúchos. Em 2021, atuou na CPI da Covid-19 defendendo o tratamento precoce contra o coronavírus. Em convenção partidária no sábado passado, o Progressistas confirmou Heinze como candidato ao Piratini.
Onyx Lorenzoni (PL)
Aos 67 anos, Onyx Lorenzoni está no quinto mandato como deputado federal. Ele é médico veterinário e foi duas vezes deputado estadual. Nascido em Porto Alegre, Onyx concorreu duas vezes à prefeitura da Capital. Aliado do presidente Jair Bolsonaro, foi coordenador da elaboração do plano de governo e foi designado para coordenar a transição governamental. No governo federal, foi ministro em quatro pastas diferentes. Na última sexta-feira (22), o Partido Liberal (PL) do RS confirmou a candidatura de Onyx Lorenzoni ao governo do Estado. O nome do concorrente a vice na chapa não foi anunciado.
Rejane de Oliveira (PSTU)
Única mulher entre os candidatos ao Piratini, Rejane é professora aposentada da rede estadual e foi presidente do Cpers-Sindicato por duas gestões. Foi durante sua gestão que o Cpers realizou protesto na frente da residência da então governadora Yeda Crusius (PSDB) em 2009. A mobilização era contra as então chamadas "escolas de lata", salas de aula improvisadas dentro de contêineres. O PSTU formalizou a candidatura de Rejane de Oliveira ao Piratini em convenção no sábado passado.
Ricardo Jobim (Novo)
Natural de Santa Maria, Ricardo Jobim tem 46 anos, é casado e pai de três filhos. É advogado e empresário no ramo da comunicação, além de professor universitário. Foi conselheiro da OAB-RS e presidente da OAB Santa Maria. Em 2018, atuou como voluntário junto à candidatura do deputado estadual Giuseppe Riesgo e efetivou sua filiação ao Novo em 2020. Em evento realizado em 23 de julho, em Porto Alegre, o partido apresentou chapa pura ao Palácio Piratini. Além de Ricardo Jobim, o Novo traz como candidato a vice o também advogado Rafael Dresch.
Roberto Argenta (PSC)
Aos 69 anos, o empresário calçadista Roberto Argenta já foi vereador e prefeito de Igrejinha, no Vale do Sinos, e deputado federal na legislatura 1999-2003, então pelo PFL (mais tarde DEM e atual União Brasil). Entre 2004 e 2006, presidiu a Companhia de Processamento de Dados do Estado (Procergs). No ano passado, tentou viabilizar a candidatura pelo MDB, mas acabou migrando para o PSC. Em convenção em 20 de julho, Argenta foi o primeiro postulante ao Piratini a ter a sua candidatura homologada. A vaga de vice da chapa é da servidora pública de Caxias do Sul Nivea Rosa, do Solidariedade. O candidato a senador segue em aberto.
Vicente Bogo (PSB)
Vicente Joaquim Bogo tem filiação recente ao PSB, partido no qual ingressou no início de abril, aproveitando o período de janela partidária, com a intenção de concorrer a uma vaga à Câmara Federal. Ele é egresso do PSDB, partido ao qual estava filiado desde 1988 e pelo qual foi vice-governador na gestão do ex-governador Antônio Britto (1995-1998). É graduado em Filosofia em Santa Rosa, cidade da qual foi vereador pelo então PMDB. Elegeu-se para a Câmara Federal em 1986, assumindo como deputado constituinte e entrou no PSDB no meio do mandato. Professor, Bogo lecionou no ensino fundamental, médio e superior.
Vieira da Cunha (PDT)
Carlos Eduardo Vieira da Cunha é natural de Cachoeira do Sul, tem 62 anos, é pai de quatro filhos e atua como procurador do Ministério Público. Filiado desde 1981 ao PDT, em 1986 tomou posse como vereador em Porto Alegre. Em 1994, elegeu-se deputado estadual para o primeiro de três mandatos. Foi presidente da Assembleia em 2004. Em 2006, foi eleito deputado federal, sendo reeleito em 2010. Em 2014, concorreu ao Piratini. Vieira da Cunha foi oficializado como candidato ao governo do Estado pelo PDT durante convenção realizada sábado passado.