A exatos três meses, no dia 2 de outubro, os eleitores brasileiros vão às urnas para escolher presidente, governadores, senadores e deputados federais e estaduais. Com isso, iniciativas que buscam educar politicamente e preparar os eleitores para as suas escolhas são uma das opções para quem deseja explorar mais as pautas eleitorais nesse período.
Iniciativas locais já apresentam bons resultados. Um desses projetos é o Nosso voto, Nossa voz. Promovido pela Escola do Legislativo de Caxias do Sul, a intenção é levar conteúdo educativo sobre o pleito eleitoral em formato de vídeo, em entrevistas com especialistas voluntários. A linguagem é clara, objetiva e didática, de forma que a comunidade não tenha dificuldade para compreender informações sobre o cenário das eleições.
Entre os assuntos estão as federações partidárias, mulheres na política, fake news, sistemas eleitorais, propaganda política, segurança da urna eletrônica, o que é permitido no dia da eleição, entre outros.
Todo o conteúdo do projeto é lançado em módulos no canal do YouTube do Legislativo caxiense e instituições parceiras, no dia 10 de cada mês. Até o momento, três módulos já foram lançados: Voto e Cidadania; Eleições 2022: Voto na Prática; e Eleições 2022: Principais Regras. Cada um dos módulos contém, em média, cinco vídeos curtos sobre diversas pautas em torno do assunto principal.
A diretora da Escola do Legislativo, vereadora Marisol Santos (PSDB), conta que o formato em vídeos também permitiu que assuntos que ainda são dúvidas da população, mas não estavam previstos nos módulos, pudessem ser adicionados posteriormente.
— Quando lançou um dos módulos, uma pessoa me procurou e disse: "Vereadora, em algum momento vocês vão abordar acessibilidade nas eleições? Desde as questões das seções eleitorais, mas também a urna eletrônica sendo acessível, ser em braile, ter os sinais sonoros". Acabamos incluindo em um dos módulos.
O projeto também foi apresentado em encontros de Escolas do Legislativo e Escolas de Governo de todo o Brasil. A iniciativa, inclusive, já está sendo utilizada pelas Escolas de Brasília, Uruguaiana e Novo Hamburgo e por algumas Assembleias Legislativas de outros Estados.
— Estamos bem felizes com o resultado e com o retorno das pessoas. Temos a certeza de que a informação é o principal instrumento que nós temos para melhorar a nossa democracia e para, efetivamente, ter uma eleição mais tranquila, com as pessoas entendendo a importância de votar e de como escolher os seus candidatos — destaca Marisol.
O material foi produzido pela Escola do Legislativo em parceria com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o Instituto Gaúcho de Direito Eleitoral (Igade), a Ordem dos Advogados do Brasil seccional Caxias do Sul (OAB) e instituições de ensino superior da cidade.
Igreja Católica organiza cartilha inspirada no Papa Francisco
Não são apenas os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário que lançam iniciativas sobre as eleições. A Igreja Católica também é um exemplo. Afinal, toda a sociedade está envolvida na política.
Organizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Cartilha de Orientação Política 2022 da Igreja Católica tem a finalidade de contribuir para a formação política das pessoas, motivá-las a participar do processo político e entregar orientações para as eleições gerais deste ano.
O conteúdo das 25 páginas da cartilha é embasado, principalmente, no pensamento do Papa Francisco sobre a política, expresso na mais recente encíclica social (cartas que visam fixar a posição da Igreja), a "Fratelli Tutti — Sobre a fraternidade e a amizade social".
O coordenador diocesano de Pastoral, padre Paulo César Nodari, explica que, em um primeiro momento, a Diocese encomendou 1,5 mil cartilhas para serem entregues aos padres de cada comunidade. A sugestão é que os párocos também façam a entrega da cartilha às prefeituras e Câmaras de Vereadores de cada um dos 32 municípios atendidos pela Diocese de Caxias do Sul. Além disso, foi enviada uma cartilha para cada uma das 983 comunidades da região de abrangência, onde o material pode ser encontrado.
O material já foi entregue para a Mesa Diretora do Legislativo caxiense e para o prefeito Adiló Didomenico (PSDB) e vice-prefeita Paula Ioris (PSDB).
— O Papa Francisco nos diz que a política é a caridade em seu sentido mais elevado. É uma forma de caridade de cada pessoa que se disponibiliza a trabalhar, seja na Casa Legislativa ou no Executivo. Porém, a caridade aqui é entendida na perspectiva do bem comum _ reflete o padre.
Dividida em três partes, a cartilha vem a ser um subsídio para ajudar as pessoas a colocar em discussão o que é a política, segundo padre Paulo.
— Nós olhamos a política muito partidariamente, ideologicamente, e esquecemos que a política tem a finalidade, sobretudo, do bem comum e faz parte do ser humano. É uma maneira que a Igreja Católica tem de participar e incentivar para que todos assumamos juntos a política, não deixarmos ela só para algumas pessoas.
De acordo com o padre, ainda são poucos exemplares em cada comunidade. Contudo, ele indica que se a reflexão conquistar mais interessados, a ideia é encomendar mais exemplares e, talvez, realizar lives nas redes sociais sobre o assunto.
Onde encontrar: há pelo menos um exemplar em cada uma das 983 comunidades da região de abrangência da Diocese de Caxias do Sul ou na Câmara de Vereadores.
Plataforma do TSE para informar fake news
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lançou no mês de junho o Sistema de Alerta de Desinformação Contra as Eleições. Com a ferramenta, a população poderá comunicar à Justiça Eleitoral o recebimento de notícias falsas, as chamadas fake news, descontextualizadas ou manipuladas sobre o processo eleitoral brasileiro.
Qualquer pessoa pode acessar o sistema pelo site do TSE e comunicar, rapidamente, as desinformações. Mas, atenção: o site alerta que o canal não é apropriado para o apontamento de infrações eleitorais e desinformação contra candidatos e partidos políticos, apenas sobre o processo eleitoral, como distorção dos horários, locais e documentos exigidos durante a votação.
As denúncias do sistema serão repassadas às plataformas digitais e às agências de checagem parceiras do TSE. Dependendo da gravidade, os relatos poderão ser encaminhados ao Ministério Público Eleitoral (MPE) e demais autoridades.