Integrante da chamada Federação Brasil da Esperança, juntamente com o Partido dos Trabalhadores (PT) e Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o Partido Verde (PV) em Caxias do Sul junta forças para impulsionar a legenda na cidade serrana.
Com cerca de 300 filiados, o PV atualmente conta com uma comissão provisória do partido em Caxias, que tem Abrelino Frizzo como presidente e Aquilino Dalla Santa Neto como vice-presidente, além de outros 10 integrantes na comissão. Segundo Frizzo, eles assumiram a sigla na cidade no início da pandemia, em 2020, o que desacelerou os trabalhos de filiação e as movimentações políticas.
— Nós pegamos o PV no início da pandemia e não deu para montar nada. Tinham dívidas atrasadas, o Cartório Eleitoral e a Receita Federal fechados. Passamos os dois anos da pandemia tentando desenrolar.
"NADA DE VAGA"
Na análise de Frizzo, a entrada na federação junto com PT e PCdoB inviabilizou possíveis candidaturas regionais da sigla nas eleições deste ano.
— Agora saiu essa federação que nos engoliu. Nós tínhamos levantado alguns nomes para soltar (para concorrer à Assembleia ou Câmara dos Deputados), mas o pessoal da estadual disse: "não tem nada, nada, nada de vaga".
As federações são uma das novidades criadas com a reforma eleitoral, aprovada em 2021 pelo Congresso. Com elas, a forma de organização dos partidos muda. A partir de 2023, PT, PCdoB e PV, que formam a Federação Brasil da Esperança, precisam atuar de forma conjunta em torno de um programa comum, como se fossem uma só sigla, por no mínimo quatro anos.
Para o presidente do PV em Caxias, a federação será uma primeira experiência para os partidos entenderem como vai funcionar daqui para frente.
— O PSB ia entrar na federação, mas pulou fora. Tu vê que coisa maluca. Não entraram na federação, mas colocam o (Geraldo) Alckmin como o vice do Lula. É um fato novo a federação, mas para nós, partidos pequenos como aqui em Caxias, inviabilizou qualquer candidatura.
Ex-liderança do PT no Partido Verde
Em maio, o ex-vereador e ex-presidente do PT, Alfredo Tatto, que ficou como segundo suplente no último pleito pelo PT, filiou-se ao Partido Verde. Tatto havia se afastado do Partido dos Trabalhadores por volta do segundo semestre de 2021. Segundo ele, a filiação ao PV ocorreu "sem nenhuma crítica ao PT".
— Eu fiz um "upgrade". Quero me ater à questão ambiental. Estou no "campo onde sempre estive", mas agora posso limitar minha ação na defesa do ambiente natural e do ambiente criado. Ou seja, "nós e nossa relação com a vida" — escreveu Tatto em mensagem.
Sobre uma candidatura futura, o ex-vereador não descarta a possibilidade.
— No futuro a gente vê, mas pessoalmente não pretendo concorrer. Sempre fui um militante comprometido com o coletivo.
Tatto afirma que a federação foi fundamental para a decisão dele de se filiar ao PV. Mesmo não filiado, ele conta que ajudou a construir o partido na cidade desde o ano passado.
Sausen e Jaison não chegaram a se filiar
Outros dois nomes dissidentes do PDT que teriam sido cotados para o Partido Verde, mas não chegaram a se filiar, foram do líder comunitário Paulo Sausen e do ex-vereador e ex-secretário municipal de Turismo no governo de José Ivo Sartori (MDB), Jaison Barbosa.
Os dois afirmaram que chegaram a conversar sobre a possível filiação, porém, decidiram não entrar no partido.
— Estou pensando, mas não fiz migração ainda. Não tive sequer reunião com ninguém. Respeito muito e quero bem o PV, mas, por enquanto, ainda não fiz essa caminhada. Eu me desfiliei dos movimentos sociais. Estou refletindo. Porém, com certeza, o caminho será em direção à esquerda — afirmou Jaison.
Para Sausen, a filiação não se concretizou, apesar de ter afinidade com o PV, principalmente, na área socioambiental.
— Tinha essa conversa (para se filiar ao partido). Eu tive conversas com a direção estadual da sigla, mas não senti nenhuma objetividade do que eles querem para o partido no Rio Grande do Sul e, principalmente, no município e na região da Serra Gaúcha. Diante disso optei em me manter sem filiação partidária — explicou Sausen.
O comunitarista pretende focar nos trabalhos da Associação Amigos da Maesa, da qual foi escolhido presidente, e da Feira Maesa Cultural.