A redução do número de linhas e o atraso no itinerário são os principais alvos de reclamações dos usuários do transporte coletivo. Essa foi a pauta de uma reunião pública na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, nesta quarta-feira (27/04), organizada pela Comissão de Desenvolvimento Urbano, Transporte e Habitação (CDUTH), e comandada pelo presidente do grupo, Adriano Bressan (PTB).
A partir da próxima segunda-feira (2/05), o secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Alfonso Willenbring Júnior, informou que 15 linhas do transporte coletivo irão receber reforços nos horários. As linhas prestigiadas ainda são estudadas e devem ser divulgadas até o final desta semana. Antes da pandemia, eram cerca de 320 ônibus que operavam na cidade. Atualmente, a operação conta com 242 veículos, uma redução de 24%. Porém, o coordenador operacional da Visate, Valdemir Viegas, enfatizou que, no momento, é "impossível" o atendimento com mais ônibus fora dos horários de pico.
— Precisamos entender que o transporte público, hoje, está diferente de antes da pandemia e vai continuar diferente por mais um tempo. O sistema não consegue atender os horários fora do pico como se estivesse no pico. Se for assim, o sistema não sobrevive. Infelizmente, vai ser impossível — reforçou.
Viegas indicou que a empresa ainda tenta superar os resquícios da pandemia quando saiu de 170 mil passageiros/dia para 50 ou 60 mil. Atualmente, a média é de 92 mil passageiros/dia.
Willenbring foi enfático ao afirmar que a situação do transporte público urbano ainda está deficitária, mesmo após as flexibilizações com a redução do número de casos da covid-19. E explicou que as modificações de horários e rotas não são feitas pela Visate sem a aprovação da Secretaria de Trânsito. Atualmente, qualquer alteração precisa ter, no mínimo, 48 horas para a divulgação no aplicativo Caxias Urbano, antes de começar a operar. A secretaria também trabalha com uma equipe destinada às fiscalizações do transporte coletivo, como as queimas de voltas feitas por motoristas.
A renovação do contrato do estacionamento rotativo também deve ser publicada até a próxima semana. O novo documento prevê o aumento da alíquota de participação para o município de 26,2% para 33%. O secretário informou que o repasse que vai para a Fundação de Assistência Social (FAS) permanece, mas, além disso, o valor conquistado com a ampliação de área e de percentual também irá para o Fundo Municipal de Transportes (Funtran), como recurso para o transporte coletivo.
Plano de mobilidade aguarda estudos
Com 2 horas e 20 minutos de duração, os vereadores e a população que estava no plenário puderam fazer seus questionamentos ao secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Alfonso Willenbring Júnior, e ao coordenador operacional da Visate, Valdemir Viegas. Entre os parlamentares, muitos trouxeram relatos da população sobre demora dos ônibus, lotação em horários de pico (começo da manhã e final da tarde) e diminuição da frota em comparação ao ano de 2020, quando iniciou a pandemia da Covid-19.
Willenbring também comentou que são necessárias para a mobilidade urbana, pelo menos, mais quatro EPIs (estações principais de integração) na cidade: Ana Rech, São Leopoldo, Zona Norte e Zona Leste. Os custos para a construção das EPIs podem chegar até R$ 15 milhões, um recurso não disponível atualmente.
Para uma melhor análise dos locais com maior retorno para a instalação de futuros EPIs, o secretário indica que é necessário aguardar o plano de mobilidade urbana para Caxias do Sul. O edital para a contratação dos estudos foi publicado em janeiro de 2022 e está em fase de análise técnica, com quatro empresas concorrentes.
Líder de governo na Casa, Velocino Uez (PTB) ressaltou que o subsídio aprovado pelo Legislativo no mês de março, que garantiu o aporte de R$ 3,35 milhões, injetados no sistema, não foi criado pelo Executivo pensando na parte econômica da empresa, mas sim, para ajudar quem usa o ônibus diariamente.
— Não estou aqui defendendo a empresa, eu defendo a população — afirmou Uez.
O subsídio aprovado já é aplicado na redução da tarifa, que saiu de R$ 5,50 para R$ 4,75 aos usuários do cartão Caxias Urbano, criou gratuidade às pessoas em situação de extrema pobreza, padronizou a tarifa intramunicipal (para o interior) em R$ 5,50 e instituiu a chamada tarifa verde de R$ 3,50 nos horários de entrepico para a tarifa paga com cartão.