O ex-presidente da Câmara de Vereadores de Canela, Alberi Galvani Dias (MDB), foi solto na tarde desta sexta-feira (4). Ele estava detido desde o dia 28 de dezembro, quando foi encaminhado ao presídio pela segunda vez no âmbito da Operação Caritas, da Polícia Civil, que investiga um suposto esquema de corrupção na prefeitura do município da Serra. A decisão sobre a liberdade do político foi assinada pelo titular da 1ª Vara Judicial de Canela, juiz Vancarlo Andre Anacleto, atendendo pedido da defesa de Dias.
De acordo com o despacho, o magistrado alegou excesso de prazo e que o político não deve aguardar o andamento do inquérito sem o mínimo de previsão de quando haverá a manifestação do Ministério Público (MP). O juiz entende que caberia ao MP, após análise do inquérito, apresentar denúncia, requerer diligências ou pedir o arquivamento, o que não ocorreu. A operação foi desmembrada em 10 inquéritos, que foram encaminhados ao Judiciário no mês passado.
Entretanto, no termo de soltura, o juiz faz uma série de ressalvas para a liberdade de Dias. Uma delas é que ele deve ser afastado do cargo por um período de 60 dias. Como se trata de um afastamento, ele não exercerá a função como vereador, mas seguirá recebendo os vencimentos. A Câmara de Vereadores de Canela retoma as sessões na próxima segunda (7) e se prepara para convocar um suplente para ocupar a vaga.
Além disso, Dias está proibido de se aproximar das atividades que envolvem a administração pública na prefeitura e Câmara de Vereadores, não pode ter contato com testemunhas, além de não mudar de endereço e de ausentar-se da cidade, por mais de cinco dias, sem a expressa autorização judicial.
Essa é a segunda vez que o parlamentar foi preso. Na primeira, em 8 de novembro, Dias passou pouco mais de 24 horas detido e liberado no dia seguinte junto com outros dois investigados após decisão judicial. Após, em janeiro, o delegado Vladimir Medeiros, que está à frente das investigações, solicitou novamente a prisão de Dias porque novos elementos da operação indicam a suspeita de uma efetiva participação do vereador na organização criminosa. Segundo Medeiros, Dias é suspeito de agir como líder e supostamente manteria núcleo próprio para praticar diversos delitos.
O advogado Romulo Campana, que representa o vereador Dias, nega que o cliente tenha cometido os crimes.
Relembre o caso
:: A Operação Caritas começou em 9 de abril do ano passado, quando foram apreendidos materiais de construção do Hospital de Caridade de Canela que haviam sido desviados para propriedade particular.
:: Na segunda fase, em 30 de junho, policiais civis apreenderam uma lista com nomes de cargos em comissão (CCs) que pagavam valores em dinheiro para o partido político após acompanharem, durante todo o dia, a atividade de recolhimento do dinheiro em diversos locais, inclusive prédios públicos.
:: A mais volumosa ação foi em 8 de novembro, quando 175 policiais civis cumpriram simultaneamente mais de 200 medidas judiciais, que incluíram prisões preventivas, afastamentos cautelares de servidores públicos e 44 mandados de busca e apreensão em nove cidades, além de outras medidas
:: Em 29 de novembro, durante a quarta fase da operação Caritas, foram cumpridos mandados de busca em endereços ligados a empresas que prestam serviços de maquinário e terraplanagem para a prefeitura de Canela.
:: Em dezembro, no dia 16, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão em residências e propriedades rurais localizadas na cidade e no interior do município em imóveis que estariam supostamente ligados a um dos investigados pela Polícia Civil, o qual foi preso na terceira fase da operação. Foi apreendido um cheque de R$ 200 mil, que seria utilizado, segundo a investigação, para adquirir um imóvel supostamente utilizado para lavagem de dinheiro.
:: A então última fase havia sido realizada no dia 23 de dezembro, quando a Polícia Civil de Canela havia prendido outro investigado, acusado de intimidar, ameaçar e coagir testemunhas do inquérito policial.