A Câmara de Vereadores de Caxias aprovou por maioria requerimento requisitando instalação da Frente Parlamentar pelas Escolas Cívico-Militares em Caxias do Sul na sessão desta quinta-feira (2). Foram 14 votos favoráveis e sete contrários. Votaram contra os parlamentares Clóvis Xuxa (PTB), Denise Pessôa (PT), Estela Balardin (PT), Rafael Bueno (PDT), Juliano Valim (PSD), Lucas Caregnato (PT) e Renato Oliveira (PCdoB).
Os embates se concentraram no esperado, entre a bancada do PT e vereadores da frente anti-PT. Sandro Fantinel (Patriota), Adriano Bressan (PTB) e Alexandre Bortoluz (PP) foram os que defenderam mais enfaticamente a criação do subgrupo, enquanto os professores Estela Balardin (PT) e Lucas Caregnato (PT) contestaram a proposta.
— As escolas cívico-militares são uma espécie de remendo das escolas militares. Os argumentos são vendidos como se fossem militares, mas elas não são. Segundo argumento, nós temos problemas estruturais na educação e aqui no nosso município. As questões de investimentos em obras, de valorização dos professores. E aí me parece que a gente desvia do foco do problema quando se propõe esse modelo — defendeu Caregnato.
O propositor da iniciativa, Alexandre Bortoluz, afirmou que o modelo se inspiraria em projetos já existentes em outras cidades:
— É um incremento à educação pública que foi proposto pelo governo federal, e que nós queremos implementar em Caxias do Sul também, como já foi implementado em Goiás, como já foi implementado em Bagé, em diversos outros municípios e Estados do nosso país.
O requerimento justifica a criação da frente como meio de viabilizar a implantação de escolas cívico-militares na rede pública municipal, por meio de convênio com o governo do Estado. O modelo de ensino sugere a contratação de servidores militares da reserva da Brigada Militar e das Forças Armadas para a função de monitores.
Assinaram os vereadores Alexandre Bortoluz, Adriano Bressan, Elisandro Fiuza (Republicanos), Mauricio Marcon (sem partido), Maurício Scalco (Novo), Olmir Cadore (PSDB), Ricardo Daneluz (PDT), Sandro Fantinel. Bortola deve ser conduzido à presidência do grupo.
"Não gosto do rumo da discussão"
Na discussão que precedeu a votação, o assunto acabou sendo direcionado ao campo ideológico. Enquanto vereadores conservadores defendiam o modelo de ensino, exaltando suposta linha disciplinar que o sistema criaria nas instituições, parlamentares de oposição criticaram a conduta militar que poderá ser imposta aos estudantes.
Após amplo debate que envolveu as duas alas, os vereadores Elisandro Fiuza e Marisol Santos (PSDB) questionaram o rumo da abordagem dos colegas.
— Nós estamos discutindo o requerimento que requer a instalação da frente parlamentar. É instalação da frente parlamentar, depois é que vai ser discutida, nesta frente parlamentar, se a sociedade, através, eu creio, de audiências públicas, reuniões públicas, se elas, enfim, o corpo educacional, a própria secretária de Educação, se será possível ou não essas escolas cívico-militares — ressaltou Fiuza.
Marisol, que também atuava como docente, reforçou a fala de Fiuza:
— Não gosto nada do rumo que essa nossa discussão levou. Acho que a gente volta a uma questão que me desagrada, mas faz parte, claro, do debate político, que é muito extremo, muito a partidarização de uma discussão que é desnecessária e que aí nos leva, de uma maneira que não me agrada em nada, a algumas palavras mais firmes, até um pouco grosseiras, quem sabe. Não gosto do rumo que toma esse debate — defendeu a tucana.
"É para começar o ano já funcionando"
Conforme o coordenador do Programa das Escolas Cívico-Militar da Secretaria de Educação do Estado (Seduc), Marcelo Borella, a organização para implantação do modelo em Caxias já está bem adiantada. A expectativa, segundo ele, é iniciar o próximo ano letivo com a Escola Estadual Alexandre Zattera adaptada no novo modelo.
— Os brigadianos já estão contratados, estão no quartel. Estamos com processo de licitação dos uniformes e já está sendo implantado, está tudo muito bem encaminhado. É para começar o ano já funcionando normalmente — afirma Borella.
Ele explica que só é esperada abertura do processo licitatório dos uniformes, cujo edital não tem prazo previsto de trâmite. Ainda assim, mesmo sem a padronização da vestimenta, ele afirma que seria possível iniciar o funcionamento:
— O programa prevê até dois anos para implantação dos uniformes, então (pode) sair programa depois a gente manda os uniformes — explica.
A Escola Estadual Alexandre Zattera está localizada no bairro Desvio Rizzo.