A visita do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a Caxias do Sul seguiu o roteiro esperado: rápida, protocolar e com alguns anúncios. Bolsonaro desembarcou na cidade por volta de 13h20min, interagiu com apoiadores em espaço do próprio aeroporto e no trajeto até a Universidade de Caxias do Sul (UCS), onde efetivamente cumpriu a agenda. Visitou a UCSGraphene, primeira e maior planta de produção de grafeno em escala industrial da América Latina, onde participou de ato simbolizando inauguração (embora a operação tenha se iniciado em março de 2020). Em seguida, visitou a exposição de veículos fabricados por Agrale (caminhão da FNM), Randon e Marcopolo, junto à pista de corrida do campo do campus da universidade. Após, Bolsonaro e sua comitiva participaram do lançamento da Primeira Feira Brasileira do Grafeno, no ginásio da UCS e visitaram cada um dos estandes. Por cerca de meia hora, o presidente teve acesso aos produtos fabricados com o material, desde arma — primeiro estande visitado — até capacete de motocicleta, que Bolsonaro ganhou de presente e colocou no evento.
Por volta de 15h30min, a comitiva se deslocou até o palco do evento. O primeiro a discursar foi o prefeito de Caxias, Adiló Didomenico (PSDB), que saudou a presença do presidente.
— Se sinta muito bem acolhido na nossa cidade, em nome do poder público municipal, mas em nome da nossa comunidade. Presidente, sempre que puder retorne a Caxias, aqui o senhor será muito bem acolhido — garantiu o prefeito.
Adiló ainda mencionou ao presidente os avanços no projeto do Aeroporto da Serra Gaúcha ("obra do seu governo", disse Adiló a Bolsonaro) e o convidou para a abertura da Festa Nacional da Uva em 18 de fevereiro de 2022, quando, acredita o prefeito, o próprio presidente assinará o contrato de início de obras do aeroporto. Adiló também ressaltou a necessidade de investimento na região, citando o Porto de Arroio do Sal.
— Presidente Bolsonaro pode ter certeza que cada real investido nessa região o retorno para o país será muito grande — disse Adiló.
Na fala presidencial, que durou 10 minutos, Bolsonaro destacou que o grafeno é objeto de sua atenção de anos que precederam a sua eleição e que hoje o material se mostra uma aposta para o futuro tecnológico do país:
— Não é fácil nós evoluirmos em ciência ou tecnologia, geralmente tem alguém na nossa frente. Agora, uma grande fresta apareceu, um grande horizonte, uma fronteira incomensurável e, ao passar por aqui, vi na prática algo fantástico para a nossa pátria. (...) O que se apresenta no comércio para nós, para o mundo, talvez na próxima década, são trilhões de dólares em comércio com esse material — defendeu Bolsonaro.
Foram assinados quatro ofícios no evento, incluindo convênio entre a UCS e a a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) — vinculada ao governo —, que prevê repasse de cerca de R$ 1,8 milhão para o desenvolvimento de poliméricos contendo grafeno para aplicação em tratamento medicinal.
No Facebook, Bolsonaro publicou um vídeo falando sobre a passagem pela Universidade de Caxias do Sul (UCS).
UCS pede apoio
O reitor da UCS, Evaldo Kuiava, e o presidente da Fundação Universidade de Caxias do Sul (FUCS), José Quadros dos Santos, exaltaram a produção de grafeno e o prestígio de Jair Bolsonaro ao projeto. Quadros aproveitou a ocasião para solicitar apoio institucional do governo:
— Presidente, novamente queremos seguir sua visão, seus instintos. Se o senhor nos emprestar o ministro (Marcos) Pontes e propiciar apoio e o suporte necessários, aceitamos esse desafio. Queremos materializar mais uma de suas demandas. Caxias do Sul tem condições de produzir a bateria de grafeno, a UCS e o empresariado local já caminham com passos firmes nessa direção. Podemos acelerar esse desenvolvimento, precisamos só de um empurrãozinho.
Apesar de o governo ter confirmado apenas um recurso específico para a UCS, o reitor destacou que outros devem vir por aí.
— Temos vários projetos que envolvem empresas que produzem peças para montadoras e na sequência teremos outros anúncios. Temos projetos que têm três fases de aprovação, por exemplo, então até que não sejam aprovados em todas as fases ninguém anuncia antes, então todo mundo foi prudente nos anúncios de recursos. Também temos projeto para ampliação da planta de produção que envolve de início R$ 10 milhões, já solicitamos esse valor e daqui uns dias teremos a liberação — explicou Kuiava.
Descerramento de placa e entrega de prêmio
Outros dois atos previstos na agenda também marcaram a passagem do presidente por Caxias do Sul. Bolsonaro descerrou a placa alusiva aos 120 anos da entidade da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC), ato realizado ao lado de Adiló Didomenico, e dos presidentes dos conselhos Executivo, Ivanir Gasparin, Deliberativo, Emir José Alves da Silva, e Superior da entidade, David Randon.
Mais cedo, vereadores entregaram o Prêmio Caxias do Sul ao presidente. Participaram do atos os parlamentares Adriano Bressan (PTB), Sandro Fantinel (Patriota), Ricardo Daneluz (PDT), Alexandre Bortoluz (PP) e o presidente do Legislativo, Velocino Uez.
ALTO ESCALÃO PRESENTE
Do alto escalão, acompanharam Bolsonaro na agenda sete ministros: do gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno; da Secretaria-Geral, Onyx Lorenzoni; de Infraestrutura, Tarcísio Freitas; das Relações Exteriores, Carlos França; da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos; da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes; da Educação, Milton Ribeiro
O QUE FOI ASSINADO
- Assinatura de Convênio entre a Universidade de Caxias do Sul e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) em apoio ao projeto "Desenvolvimento de nanocompósitos poliméricos contendo grafeno para aplicação em tratamento cutâneo e medicina regenerativa, no valor de R$ 1.832.753,50.
- Termo de Adesão da UCSGraphene à rede MCTI-EMBRAPII de inovação em grafeno. A rede tem o objetivo de apoiar o desenvolvimento de pesquisa aplicada com grafeno. A rede reúne 16 unidades EMBRAPII, que estão prontas para atender demandas do setor empresarial, contribuindo para o aumento da competitividade.
- Portaria Ministerial que institui o Programa InovaGrafeno, um dos programas estratégicos da iniciativa brasileira de nanotecnologia e atua como vetor nacional para o desenvolvimento do grafeno da próxima geração dos materiais 2D à base de carbono.
- Decreto que institui a política da ciência, tecnologia e inovação de materiais avançados. Tem por finalidade orientar o planejamento, as ações e as atividades para o desenvolvimento de materiais avançados, como o grafeno, para serem aplicados em diversas cadeias de valor visando ao aumento da competitividade da economia nacional.
