Trazido aos holofotes recentemente pelo vereador Zé Dambrós (PSB), o quartel dos bombeiros desativado da Zona Norte de Caxias foi revalorizado em sua importância com o incêndio registrado na última semana no bairro Serrano. Enquanto a distância entre o foco do sinistro até o quartel central é de 11,5 quilômetros, da localização da unidade sem uso é de 7,5 quilômetros, sem contar a maior facilidade de trânsito entre as regiões.
— Não faltou atendimento, estávamos com quatro viaturas, mas com o quartel da Zona Norte ativado, uma viatura chegaria para atendimento com alguns minutos de antecedência. Se tratando de incêndio, isso é um ganho tático, chega antes e minimiza dano — reconhece o comandante do 5º Batalhão de Bombeiro Militar (5º BBM), tenente-coronel Julimar Fortes Pinheiro.
No sábado (12), um ato reivindicou a reforma e reabertura do quartel da Zona Norte e realizou trabalhos de roçada e capina no terreno da estrutura hoje totalmente depredada. A principal articulação pela reativação é da Frente Parlamentar em Defesa da Reforma e Reabertura do Quartel de Bombeiros da Zona Norte, presidida por Dambrós.
— Não estamos desqualificando e nem dizendo que estamos desassistidos. A reivindicação é pelo tempo de resposta, precisamos estar mais próximos da Zona Norte da cidade, da própria RSC-453, ajudar em qualquer resgate — ressalta o vereador.
Em março, a Frente Parlamentar solicitou levantamento da prefeitura acerca das condições do local e projeção de investimentos necessários para reformas. O município ainda não deu retorno. No entanto, a Secretaria Municipal de Planejamento (Seplan) confirmou ao Pioneiro que o estudo foi concluído e enviado no dia 17 de maio à Secretaria de Governo, que debaterá com o prefeito as informações e apresentará ao grupo de parlamentares. Segundo adiantou a Seplan, relatório estimou custo de R$1,2 milhão para reforma da estrutura, inaugurada em 2011. Portanto, completaria 10 anos em 2021, mas desativada desde 2016.
COMO VIABILIZAR
Ainda não está claro de quem partiria a reforma do prédio. Na opinião do comandante do 5º BBM, os esforços poderiam ser conjuntos:
— O prédio é do município, mas quando se pensou foi para prestar serviço público que tem sua origem no Estado. Tem de ter envolvimento do governo estadual, municipal, Legislativo, mas também de legislativos estadual e federal, por que não? Quem sabe até partir para parceria público-privada, pois também há número significativo de empresas naquela região — comenta Fortes.
O Fundo Municipal de Reequipamento dos Bombeiros (Funrebom), mecanismo inicialmente cogitado pela Frente Parlamentar, não será possível de utilização. Os valores originados do fundo, explica Fortes, eram utilizados estritamente para reaparelhamento do Corpo de Bombeiros do local de recolhimento de taxas de serviços não-emergenciais (como análises de Planos de Prevenção Contra Incêndios/PPCIs). Além disso, esses recursos deixaram de ser recolhidos pelos municípios desde 1º de março. A partir dessa data, os valores são revertidos para o fundo estadual, uma das possibilidades hoje analisadas e articuladas.
Para não repetir os erros
A posição do comandante do 5º BBM, tenente-coronel Julimar Fortes Pinheiro, é enfática no apoio à reativação do quartel. No entanto, sabe das responsabilidades que envolvem o tema.
— Investimento público que não for feito com responsabilidade vai gerar consequências na mesma proporção. O quartel da Zona Norte é exemplo disso. Foi uma ótima ideia, continua sendo, mas precisa de planejamento de curto, médio e longo prazo para que não haja descontinuidade. Foi bem pensado em termos táticos, pois está bem localizado para atender Zona Norte, Rota do Sol, acessos a municípios vizinhos. Estrategicamente, o que faltou foi pensar melhor em como manter esse serviço ativo— afirma.
Com isso, ele reitera que a reforma da estrutura é só um dos elementos que deve ser considerado no planejamento responsável.
— Se entregassem o quartel reformado não resolveria o problema. Recuperar o prédio é só um dos vértices necessários. Seriam necessários 12 servidores para o mínimo necessário. Uma terceira condicionante seria prover toda estrutura e equipamentos necessários. São valores que têm de ser pensados conjuntamente. Vai somando e é investimento alto, que deveria ter sido pensado lá atrás — ressalta.
O efetivo, reforça, é um dos pilares que inviabilizam atualmente qualquer perspectiva de retomada:
— Com o número que tenho hoje, se permitir que abra uma ampliação dos pontos de atendimento sem ter condição de alcançar efetivo, estou criando uma falsa expectativa de segurança.
Conforme o secretário municipal de segurança, Paulo Roberto Rosa, a expectativa é de que novos bombeiros sejam destinados a Caxias nas novas turmas que devem se formar pela Brigada Militar no final deste ano.