O senador do Rio Grande do Sul Luis Carlos Heinze (PP) tornou-se agente ativo em demandas da região em intermediações junto ao governo federal. Foi ele um dos responsáveis por boa parte das articulações para avanços no projeto do Aeroporto da Serra Gaúcha e está tratando do Porto do Litoral Norte.
Heinze também, nas últimas semanas, ganhou maior evidência ao ser um dos mais ativos participantes na CPI da Covid, como um dos maiores defensores das ações do governo federal e do tratamento precoce, tema que acredita estar envolto por uma conspiração de boicote em nível mundial. Ao Pioneiro, Heinze falou de todos esses assuntos. Confira trechos da entrevista:
Qual perspectiva do Aeroporto e Porto do Litoral Norte?
Conseguimos, há umas duas semanas, lançar o edital do projeto do aeroporto. Tem um prazo para o edital, que já combinamos com prefeito Adiló (Didomenico) para ajustarmos e agilizarmos o projeto com a empresa que ganhar a licitação, não esperarmos o prazo (de 12 meses após a assinatura do contrato para finalização do projeto), pois acho que em três ou quatro meses podemos ter o projeto já entregue, a empresa que ganhar a licitação possa já apresentar o projeto. Aí vamos discutir a licitação da obra. Os passos todos paralelos já foram dados, agora é fechar o projeto e licitar a obra propriamente dita. Se demorar muito, a preocupação é que ano que vem é ano eleitoral e pode dificultar o andamento do processo. Temos de correr, primeiro com essa licitação, para poder fazer esse processo. Sobre o porto, estou pedindo audiência com ministro Tarcísio (Gomes de Freitas, da Infraestrutura) na semana do dia 21 para que os donos do projeto do porto venham com a empresa DPA, do Estado de São Paulo, para fazer a apresentação do pré-projeto, que já está pronto.
É interesse do senhor concorrer ao Estado de fato?
Eu já era pré-candidato em 2018 e sou pré-candidato agora em 2022. Adiamos o projeto e vamos trabalhar nisso.
E qual seu diferencial, na sua visão, que o torna apto a disputar o Piratini?
Venho da iniciativa privada, sou empresário rural, não sou profissional da política, estive prefeito (de São Borja) em um mandato, cinco mandatos deputado federal, estou senador, mas continuo com meu negócio, minha ligação é com a agricultura e tenho condição de fazer gestão, já fiz como prefeito e com meu negócio.
Como avalia o andamento da CPI da Covid?
Infelizmente, é uma CPI política toda voltada em função das eleições de 2022. PSDB tem candidato a presidente, PDT, PT... E os membros da comissão apoiam esses candidatos, então são contra o futuro possível candidato Jair Bolsonaro. Por isso é uma guerra para derrotar o presidente Bolsonaro. Então, todas as narrativas são em função disso, buscam de todas as formas depreciar o trabalho do Governo Bolsonaro. A própria grande mídia tem colaborado com isso. Saiu no Wall Street Journal na semana passada o desenvolvimento positivo do Brasil, isso é sinal de que tem direção, tem governo (conforme apurado pela Agência Lupa, a reportagem do jornal americano fala do crescimento de 1,2% do PIB brasileiro, critica a má condução da pandemia e diz que o aumento veio da "demanda represada durante a pandemia"). É um governo alinhado e, infelizmente, a CPI quer derrubar esse governo em função das narrativas do (senador e relator da CPI) Renan (Calheiros/MDB) desde o primeiro dia.
O senhor considera que não houve nenhum equívoco do Bolsonaro durante a pandemia?
Não vou dizer que foi correta, acho que tem de ter distanciamento, tem de usar máscara, lavar as mãos, usar álcool gel... Mas o governo federal liberou para Estados e municípios, no ano passado, R$ 175 bilhões, não faltou dinheiro, nunca houve tanto dinheiro para hospitais, Estados e municípios. Tudo que pode ser feito está sendo feito. O governo tem hoje compradas 662 milhões de doses de vacina, do início deste ano até final do ano. Três vezes a população brasileira com vacinas compradas. São 16 vacinadas aprovadas brasileiras que o Ministério da Saúde vem trabalhando para fabricar industrialmente.
O senhor disse 'não vou dizer que é correta'. Ao que se refere?
É uma pandemia que afetou o mundo, não só o Brasil. Estados Unidos têm quase 600 mil mortos e já vacinou quase toda a população (na verdade, menos de 50% da população americana está imunizada, no entanto, as mortes caíram em 90% desde a intensificação das campanhas de vacinação). Isso acontece em qualquer parte do mundo, as dificuldades. Falta de vacina, podia ter comprado anteriormente, tchê, poderia ter comprado. Mas questionei o Dimas Covas (diretor do Instituto Butantan), ele falou 'podia entregar 46 milhões de doses em dezembro'. Tchê, como poderia entregar vacina em dezembro se a primeira documentação que entregou foi em novembro e o pedido de registro foi em 8 ou 9 de janeiro? Assim como o contrato da Pfizer, contrato leonino, não tinha legislação que pudesse fazer a compra, tão logo foi feita legislação foi comprada a vacina da Pfizer.
A gente vive tempo de papéis e lados bem definidos na política nacional. O senhor não teme num futuro ser tachado por ter ficado do lado errado, ou está convicto nos seus posicionamentos?
Não, tenho certeza do que estou falando. Eu quero esse tratamento precoce, os médicos cientistas estão dizendo isso, se adotar tratamento no início do processo, tem vários estudos no mundo, agora, quando se usa na hora certa. Caso emblemático é de Rancho Queimado (cidade de Santa Catarina), são 3 mil e poucos habitantes, o médico tratou todos os pacientes, teve duas ou três mortes lá em 400, 500 casos, a letalidade foi baixíssima porque ele fez tudo certinho (segundo especialistas, as duas mortes entre 392 casos confirmados de covid na cidade de 2,8 mil habitantes tornaria a taxa de letalidade dentro de padrões "normais" na pandemia). Esse tratamento foi criminalizado... Pede para o doutor Alexandre Schneider, procurador de Bento Gonçalves, que teve que entrar com processo na Justiça para permitir que os médicos pudessem prescrever. Pelo amor de Deus, tchê, isso é no Brasil inteiro. Médicos estão do nosso lado, cientistas de universidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre. Quando começou essa guerra? O Didier Raoult, um dos maiores epidemiologistas do mundo, disse na França que era uma gripezinha que ia curar com cloroquina (o médico infectologista francês foi considerado o maior defensor da cloroquina no início da pandemia e conduziu um estudo com número reduzido de pacientes, porém, análises posteriores mostraram falhas nessa pesquisa e o próprio epidemiologista publicaria artigo neste ano reconhecendo que a medicação não reduz as mortes por covid-19), foi espezinhado na França, na sequência o (ex-presidente Donald) Trump usou essa fala nos EUA. Ele estava em campanha contra o (atual presidente Joe) Biden. Na sequência, o Bolsonaro disse no Brasil a mesma coisa, aí virou uma guerra de esquerda contra direita. Nunca se viu isso, médico de direita, médico de esquerda, cientista de direita, cientista de esquerda. Teve então uma publicação fraudulenta publicada na revista The Lancet, essa pesquisa tem uma retratação, James Watson, um cientista inglês, juntou 150 cientistas de todo o mundo e foram para cima dessa revista. Houve uma retratação. A pesquisa era fria, e essa pesquisa embasou a orientação da OMS (Organização Mundial de Saúde) contra a cloroquina.
Não seria mais adequado dedicar esse esforço à vacina do que na continuidade de defesa à cloroquina?
Não estou dizendo que o governo federal já bancou estudos e pesquisas de 16 vacinas? Começou em agosto do ano passado e já tem vacinas quase prontas em quatro ou cinco meses. Já produzindo vacinas. Já tem compradas mais de 600 milhões de doses, já tem dinheiro empenhado.