A pandemia é o assunto dominante da política atualmente. Os movimentos da Câmara de Vereadores com relação ao tema têm sido pontuais, da parte de vereadores. Há manifestações avulsas que cobram avanço na vacinação e testagem da população e, na outra ponta, críticas e defesas a medidas restritivas adotadas pelos protocolos de distanciamento controlado. Dos movimentos mais simbólicos, a bancada do PSDB protocolou moção de apoio à alteração do cronograma nacional de vacinação para priorização de vacinação de professores, aprovada por unanimidade na sessão desta quinta-feira. O documento foi assinado por 17 parlamentares.
No último dia 25, os vereadores se posicionaram também por meio de moção, essa em apoio à inclusão dos serviços educacionais, por meio da oferta de aulas presenciais em escolas públicas e privadas, como atividade essencial. Na mesma semana, receberam no plenário as visitas dos secretários do Urbanismo, João Uez, e da Saúde, Daniele Meneguzzi, com quem puderam esclarecer as ações do enfrentamento ao coronavírus.
Pouco se debateu ainda na tribuna acerca das medidas impostas pelo governo do Estado na tentativa de frear o contágio. O Pioneiro, então, quis obter de cada um o que pensam sobre as medidas adotadas no protocolo de bandeira preta pelo governo de Eduardo Leite.
Confira as respostas.
O QUE DIZEM
"Desde o início da pandemia, defendemos que a economia e a saúde devam andar lado a lado. Entendemos que, neste momento crítico, é necessário adotar uma série de medidas, mas acreditamos que o fechamento do comércio e dos serviços não impacta no combate ao corona vírus." Adriano Bressan (PTB)
"Sou contrário às medidas e a favor do trabalho com responsabilidade. Que se empenhe o governador em combater os irresponsáveis, e não os trabalhadores. Enquanto ele, tem garantido os seus vencimentos à custa do povo, famílias estão desempregadas e passando fome, tornando-se criminosos, aos olhos do Estado, por simplesmente querer trabalhar." Alexandre Bortoluz (PP)
"A crise que vivemos agora é decorrente de forma direta das aglomerações no Carnaval e dos feriados. Acho que as restrições vieram tarde demais. Porém, no cenário atual, é o melhor que pode fazer. Espero que o povo e poder público colaborem, e que as medidas se mostrem eficazes o mais rápido possível." Clovis Xuxa (PTB)
"São duras porém necessárias para a situação caótica que estamos passando. O estado é de guerra." Denise Pessôa (PT)
"Alguma coisa sim (acha válida), outras não. Teria que avaliar critérios de comércio não essencial poder trabalhar como outros. Mas infelizmente não tem outra opção se não houver conscientização das pessoas. Essa pandemia é responsabilidade de todos nós." Elisandro Fiuza (Republicanos)
"Desde o princípio da pandemia, fomos críticos acerca de como o município, o Estado e, sobretudo, o governo federal conduziram o assunto. Apontamos diversas falhas, e denunciávamos que, caso os erros persistissem, chegaríamos a uma situação insustentável. A tragédia, que era anunciada, chegou. Entendo que hoje não restam alternativas para conter o agravamento da situação se não o remédio mais amargo da bandeira preta. Destaco que, para a solução efetiva do problema, todos os entes precisam agir em uma só direção: além de aumentar no número de testagem, vacina, vacina, vacina, para todos." Estela Balardin (PT)
"Discordo da decisão do governador de retirar a cogestão. A liberdade administrativa dos municípios é garantida no artigo 30 da Constituição Federal de 1988 e deve ser respeitada. O governador demonstra falta de critério em algumas decisões por não levar em conta a realidade de cada município. As frequentes alterações do decreto acabam provocando insegurança e falta de confiança nas bandeiras." Felipe Gremelmaier (MDB)
"Está perdido, confuso, não sabe o que fazer." Gilfredo De Camillis (PSB)
"Todos temos o entendimento de que o momento é muito crítico. Pessoas estão lutando pela vida nos hospitais e outras esperando um leito. Porém, medidas para diminuir as aglomerações, as filas, os ônibus lotados e outras situações deveriam ter sido tomadas lá trás. É um momento delicado, onde precisamos encontrar o equilíbrio entre os interesses, os deveres e os direitos, mas também a responsabilidade de cada um perante um vírus que afeta a todos. Fechar tudo ou parcialmente tudo não é o caminho." Gladis Frizzo (MDB)
"O governador cometeu e comete alguns erros nos decretos, mas as últimas atitudes se mostram de extrema necessidade em vista da situação dos hospitais, da nova variante do covid-19 e da falta de humanidade de algumas pessoas que se expõem de maneira desnecessária em diversas situações." Juliano Valim (PSD)
"Vivemos hoje o pior momento da pandemia. Quem nos diz isso é a curva ascendente no número de contaminados, de óbitos e a alta taxa de ocupação de leitos clínicos e de UTI em todo o Estado do Rio Grande do Sul. O cenário é agravado pela escassez de vacinas. Esses fatores devem ser levados em consideração na adoção das medidas de enfrentamento, necessárias neste momento." Lucas Caregnato (PT)
"Entendo que as medidas são necessárias neste momento em que vivemos o período mais crítico da pandemia e um quase colapso do sistema de saúde. A estrutura hospitalar (leitos, equipamentos, equipes) cresceu muito, mas isso não tem sido o suficiente. Além da ampliação da vacinação, precisamos unir forças para diminuir a circulação de pessoas para reduzir o contágio." Marisol Santos (PSDB)
"Sou contrário, pois já existe ampla literatura atestando a ineficácia das medidas de lockdown no combate à pandemia, especialmente em alguns países subdesenvolvidos como o nosso. Não podemos punir aqueles que pagam impostos e trabalham seguindo os protocolos de segurança. O foco das autoridades deve ser, por um lado, em políticas de amplas testagens, rastreio de contatos e imunização da população, e, por outro, na fiscalização daqueles que descumprem as medidas de segurança." Mauricio Marcon (Novo)
"Não foi à toa que chegamos nesta situação lamentável. O foco desde o início deveria estar em fiscalizar e penalizar aqueles que descumpriram o decreto e as normas no decorrer da pandemia. Sempre fui a favor da retomada do trabalho e das aulas presenciais, desde que seguindo todas as normas e protocolos exigidos pela vigilância. O comércio vem tomando todas as medidas necessárias desde o início, assim como as escolas particulares também buscaram se preparar para receber os alunos em 2021. Estamos vivendo um desequilíbrio inaceitável, onde a irresponsabilidade de alguns está afetando a vida de muitos que dependem da reabertura dos serviços para manter seus negócios e a família." Maurício Scalco (Novo)
"São as medidas necessárias no momento, hospitais na capacidade máxima de lotação, o agravamento da pandemia é incontestável." Olmir Cadore (PSDB)
"Corretas (as medidas do governo do Estado). Aliás, ele faz um morde e assopra. Acusa o governo federal sobre falta de recursos. Isso é uma mentira. Na hora de ter pulso firme sobre medidas, fica em cima do muro e joga a responsabilidade para os prefeitos." Rafael Bueno (PDT)
"Achei que foram boas, mas não entendi muito comércio fechar tudo, mas indústria, construção civil permaneceram trabalhando normal. E os hospitais superlotados. Precisamos de vacinas e testes imediatamente. Se não for feito algo de imediato entre governador e prefeito, fica difícil. Acho que, se for bandeira preta, tinha de ter fechado tudo de fato. Assim, fica um meio termo." Renato Oliveira (PCdoB)
"Estamos no pior momento da pandemia. O sistema de bandeiras não é eficiente e está prejudicando alguns setores como o pequeno comércio, o salão de beleza, as academias, entre outros. Enquanto outros funcionam normalmente. De forma geral, muitos estão sendo prejudicados pelo desrespeito ao distanciamento de parte da população que aglomera, faz festas clandestinas." Ricardo Daneluz (PDT)
"Demorar 15 dias no SUS para o cara ter um teste? Nesse tempo, o cara já pegou covid, já melhorou ou já morreu. Em vez de usar esse dinheiro (repasses do governo federal ao Estado) para pagar uns testes mais baratos para a população, pegou o dinheiro para pagar o funcionalismo público, aqueles que justamente aparecem na internet dizendo 'fique em casa', 'se vacinem'. Estão servindo de base de apoio para esse governador." Sandro Fantinel (Patriota)
"Neste momento, com a ocupação dos leitos hospitalares chegando a níveis preocupantes, de mais de 90% (e até de 100%) de ocupação, entendo que são medidas necessárias e que precisamos da cooperação de todos para reduzir o contágio." Tatiane Frizzo (PSDB)
"Os verdadeiros culpados de isso ter avançado rapidamente são os cidadãos que nunca obedeceram os decretos e que nem ao menos utilizam máscara muitas vezes. Ainda é cedo para avaliar a decisão do governador, se o resultado vai ser positivo, torço que essa parada possa frear esse contágio. Porém, para quem vive do comércio, eu que sou agricultor, da agricultura, essa parada é muito ruim. Para o comércio é ruim, mas pior ainda para aqueles que perdem a vida." Velocino Uez (PTB), presidente da Câmara
"São medidas que prejudicam diretamente os que mais precisam e que fazem sempre os mesmos pagarem a conta, como autônomos, diaristas, quadras esportivas, centros de eventos, artistas, músicos, bares, restaurantes, pubs... Se é pra um, tem de ser pra todos. Sou a favor de supermercados acima de 30 funcionários venderem só o essencial (alimentação e produtos de higiene). Sou a favor da volta de todas atividades, com cuidados, pois o vírus existe e é perigoso." Wagner Petrini (PSB)
"Governador está seguindo o que os especialistas da saúde indicaram. Até vacinarmos todos os gaúchos, o Estado precisa estar mais presente com seus serviços na vida das famílias." Zé Dambrós (PSB)