Dos 23 vereadores eleitos na última legislatura, oito permanecem na composição atual do Legislativo. Isso significa que o parlamento passou por 65% de renovação. Dos 15 que não voltaram, um deles é deputado - Neri O Carteiro (Solidariedade) - e dois deles - Flávio Cassina (PTB) e Elói Frizzo (PSB) - foram prefeito e vice, respectivamente, do governo de transição no ano passado. Dos restantes, apenas dois não concorreram à reeleição: Gustavo Toigo (PDT) e Alceu Thomé (PDT). Entretanto, a saída da Câmara não significa, necessariamente, o distanciamento da vida pública.
Além de Adiló Didomenico (PSDB) e Paula Ioris (PSDB), que assumiram o Executivo, outros quatros ex-parlamentares foram lotados em cargos públicos: Edi Carlos Pereira de Souza (PTB) assumiu cargo em comissão como assessor da liderança partidária da sigla na Assembleia Legislativa; Rodrigo Beltrão (PDT) foi nomeado assessor de Meio Ambiente do Samae; Edson da Rosa (PP) hoje é diretor do Banco Alimentos de Caxias; e Kiko Girardi (PSD) deve ser nomeado assessor parlamentar regional do deputado Gaúcho da Geral (PSD).
Seis deles ainda não se reinseriram na vida política de forma efetiva: Alberto Meneguzzi (PSB), Alceu Thomé (PTB), Chico Guerra (sem partido), Gustavo Toigo (PDT), Paulo Périco (MDB) e Arlindo Bandeira (PP).
A reportagem não conseguiu contato com Arlindo Bandeira. No entanto, o presidente do municipal Progressistas, Ricardo Golin, confirmou que Bandeira não exerce nenhum cargo público, mas salientou que o partido busca um "espacinho" para ele na administração. Com relação aos demais, todos relataram ter voltado a seus projetos pessoais e profissionais. Meneguzzi retoma o trabalho com sua empresa na área de assessoria de imprensa, Chico Guerra volta à função administrativa na iniciativa privada, Périco dá continuidade à função de professor, que exerce há 36 anos, e Toigo retorna como comissário da Polícia Civil, órgão em que atua há 27 anos.
A volta tranquila do comissário Toigo
Mesmo o afastamento da função por 12 anos (equivalente a três mandatos) não tornou estranho o retorno de Gustavo Toigo à função de comissário na Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA) de Caxias do Sul. Na função, ele elabora ocorrências, lavraturas de prisão em flagrante e atende ao público. No órgão há 27 anos, ele diz que pretende ficar pelo menos até o final do ano que vem para conseguir o tempo necessário para se aposentar. Ainda avalia se vai concorrer ou não na próxima eleição, mas, de qualquer forma, já mira alternativas para o futuro fora da vida pública:
— São três opções: a primeira é advogar, visto a minha formação; a segunda é dar aula, docência universitária, já que estou finalizando meu mestrado de Turismo; e a terceira situação é a abertura do meu negócio no campo da gastronomia. Todas essas opções podem andar uma ou mais do que uma simultaneamente — conta.
Toigo diz não ter se frustrado com a política por acreditar em renovação de quadro e também porque já estava em seus planos não concorrer a outro mandato na Câmara. Entretanto, não nega que sente falta da rotina parlamentar.
— Sem dúvida, a gente sente falta, a gente já tinha uma caminhada de um trabalho, e isso nos traz boas lembranças. A tribuna é diferenciada, podemos levantar assuntos e dar encaminhamentos em prol da comunidade.
A relação consolidada com a política não torna possível, segundo ele, o afastamento, mas, não sabe dizer se ainda pretende concorrer a cargo eletivo
— Na verdade, eu saí da Câmara, não saí da política. Não dependemos só de mandatos para fazer política, existem outras instâncias em que podemos fazer isso. Agora vamos avaliar com calma a situação de concorrer numa eventual eleição, e se ocorrer, com a garantia de ter chances de se eleger.
Toigo disse que, se concorrer, não será pelo PDT, partido ao qual ainda é filiado. Ressaltou ter recebido convite para ingressar em outras duas legendas e que, no momento, avalia as situações.
Política sempre ou nunca mais
Professor há 36 anos, Paulo Périco admite saudade da rotina política, principalmente pelo impacto social que exercia. Porém, também reconhece relativa frustração com o exercício parlamentar pela falta de reconhecimento e leitura da população.
— A frustração é com a população não entender o que a gente faz e não procura saber. Aí é mais fácil ficar nas redes sociais fazendo aquelas críticas e ofendendo, sem saber quais são as limitações dos vereadores, as pessoas nos cobram como se fossemos prefeito. Fiquei muito frustrado com a falta de visão política da população, que só reclama e agora votaram, fizeram uma nova Câmara e vão ficar mais quatro anos reclamando. Não é desta forma que se muda uma sociedade — afirma.
Já Alberto Meneguzzi ressalta que, embora não tenha sido eleito, ainda assim busca exercer o papel político como cidadão:
— Política não é só mandato eletivo. Eu não estou morto na política, me elegi vereador, fui presidente da Câmara, fiz um baita mandato e não me elegi, mas não estou fora da política não, estou bem dentro, só estou um pouco recluso e acompanhando as coisas que acontecem na cidade.
Para Chico Guerra, a experiência de um único mandato foi o suficiente. Ele afirma que encerrou sua carreira na política.
— Meu período para a vida política já deu. Já havia dito que não ia tentar a eleição, apesar da imensa possibilidade de me reeleger, mas dois mandatos nunca foi meu foco. Encerro essa parte da minha vida. Como cidadão, já dei meus quatro anos, vamos deixar para gente mais nova.
Apesar de estar prestes a assumir cargo de assessor parlamentar na Assembleia Legislativa, Kiko Girardi diz que há grandes chances de desistir da vida pública:
— Eu aceitei, mas a tendência é sair da vida política. Cada eleição é decepção com pessoas, então a gente acaba se desiludindo.
Chico Guerra, por sua vez, comenta não ter se decepcionado, mas que se impressionou negativamente com a postura de agentes políticos.
Onde estão
ASSUMIRAM OUTROS CARGOS PÚBLICOS
- Adiló Didomenico (PSDB) - Eleito prefeito.
- Paula Ioris (PSDB) - Eleita vice-prefeita.
- Edi Carlos (PSB) - Assumiu cargo em comissão como assessor da liderança partidária da sigla na Assembleia Legislativa.
- Edson da Rosa (PP) - Nomeado diretor do Banco Alimentos de Caxias.
- Rodrigo Beltrão (PSB) - Nomeado assessor de Meio Ambiente do Samae.
- Kiko Girardi (PSD) - Será nomeado nos próximos dias assessor parlamentar regional do deputado Gaúcho da Geral (PSD).
- Neri, o Carteiro (Solidariedade) - É deputado estadual.
NÃO ASSUMIRAM OUTROS CARGOS
- Gustavo Toigo (PDT) - Retornou como comissário da Polícia Civil. Não descarta concorrer a deputado. "São três opções: a primeira é advogar, visto a minha formação; a segunda é dar aula, docência universitária, já que estou finalizando meu mestrado de Turismo; e a terceira situação é a abertura do meu negócio no campo da gastronomia. Todas essas opções podem andar uma ou mais do que uma simultaneamente."
- Alberto Meneguzzi (PSB) - Retoma trabalho de assessoria de comunicação e pretende desenvolver projetos multimídia. Não descarta concorrer a deputado. "Sempre tive assessoria de imprensa, então tento reativar alguns projetos de comunicação. Projeto Acredita, que era da minha campanha, estamos tentando iniciar alguma coisa em rádio, em plataformas, nas áreas de saúde, cultura, entretenimento, empreendedorismo. Vamos começar a partir de março."
- Alceu Thomé (PTB) - Aposentado. Sem ocupação de momento. "Acabo trabalhando muito nas residências, tanto na cidade quanto na minha chácara, fazendo manutenções. Sempre tem muito trabalho, manter uma chácara dá muito trabalho, tratar peixes, sempre alguma manutenção."
- Chico Guerra (sem partido) - A partir de segunda-feira (1º), assumirá na área administrativa em empresa da iniciativa privada. Diz que encerrou a vida política. "Segunda-feira reassumo um cargo administrativo na iniciativa privada. Antes de ser vereador, também estava em área administrativa de empresas, trabalho nisso desde 1984. Até me favorece mais fora da política, financeiramente."
- Paulo Périco (MDB) - Continua como professor universitário (de Administração) na Universidade de Caxias do Sul (UCS). Diz não ter interesse em retornar à política. "Minha vida está tranquila, está boa, estou trabalhando, fiz curso de conselheiro de administração do Instituto Brasileiro de Gestão Corporativa (IBGC) durante as eleições até. Então também tem essa possibilidade, de atuar em conselho de administração de empresas ou até na esfera pública."
- Arlindo Bandeira (PP) - A reportagem não conseguiu contato, mas o presidente do partido (PP), Ricardo Golin, confirmou que Arlindo não assumiu nenhum cargo, embora a legenda esteja tenta inseri-lo na administração.