Diogo Siqueira (PSDB) foi o nome escolhido pelo grupo de partidos composto por PSDB, Republicanos e Progressistas (PP), esse último, do ex-prefeito Guilherme Pasin. Apesar da consagração em dois mandatos de Pasin, o PP aceitou compor chapa com o candidato a vice Amarildo Lucatelli e Siqueira na cabeça. Ainda assim, o próprio Diogo afirma que o governo será de "continuidade".
Nascido em Joaçaba (SC) e criado em Uruguaiana, Diogo se mudou para Bento em 2002, logo após se formar em Odontologia pela UFRGS. Ele conseguiria emprego na sua área em Santa Tereza, município com população de cerca de 1.720 pessoas (IBGE) pertencente à macrorregião de Bento. Foi ali que ele também despertou para a vida política, ao eleger-se e reeleger-se prefeito, cargo que ocupou de 2009 a 2016. Em 2017, passou a integrar o governo de Guilherme Pasin, na função de secretário de Saúde, função que exerceu até o ano passado.
Ao Pioneiro, Diogo falou sobre como a experiência na pasta lhe preparou para enfrentar o desafio da pandemia agora como prefeito. Também comentou sobre o processo de cassação de que é alvo a chapa pela qual concorreu, em trâmite no Tribunal Regional Eleitoral (TRE). No ano passado, a Justiça Eleitoral decidiu pela cassação da chapa — antes de Diogo assumir — em primeira instância. Em dezembro, entretanto, a cassação foi revogada por efeito suspensivo. No entanto, o TRE ainda irá se manifestar. Os impetrantes que a coligação foi beneficiada por divulgações em canais oficiais da administração municipal.
O senhor foi eleito pela primeira vez em Bento, mas já foi prefeito em experiência prévia. O que muda?
Santa Tereza é cidade bem menor, muda muita coisa, mas foi a primeira base que eu tive, o primeiro contato.
O que espera frente à prefeitura de Bento?
Muito trabalho e focar 100% na gestão, acompanhar secretarias, tentar modernnizar cada vez mais e colocar toda a energia possível na prefeitura agora, fazer ela funcionar bem, porque quem precisa é o cidadão, principalmente agora que temos a pandemia. Já estava na Secretaria da Saúde, já tinha esse foco, então temos de ter cuidado com a doença, mas também com a retomada da economia. Não é só visão única, tem de ter essa conciliação de todos os setores.
A experiência prévia na pasta da saúde acaba sendo uma vantagem?
Sem falsa modéstia sim, é uma grande vantagem. A experiência na saúde é uma experiência difícil por si só, e a pandemia, a gente fala muito internamente, foi divisor de governo, praticamente tivemos um terceiro Governo Pasin quando chegou a pandemia, tivemos que reorganizar, mudar toda a prioridade de governo e focar tudo na saúde. Então, realmente foi um foco muito grande da gestão, e eu estava junto. Era um grupo que temos de coordenação, e foi difícil para todo mundo. Quem esteve à frente de cada município sabe das dificuldades de conversar com a população, tomar as ações necessárias. Então, acho que foi uma vantagem administrativa, sim.
É um governo de continuidade?
Sim, é uma continuidade, mas é um novo governo. Então acabamos mudando algumas prioridades, que já eram vistas que precisavam mudar lá atrás, e não vejo demérito, não, mas existe uma linha de conduta que a gente considera que deu certo e vamos continuar.
Tem algo primordial que muda?
Há um amadurecimento natural de todo governo. A gente tem a possibilidade de arriscar algumas coisas, tentar mudar o foco em algumas áreas, na própria saúde, educação, nas questões prioritárias de governo, podemos continuar tudo que está dando certo e arriscar novas ações.
O que projeta como maiores desafios e prioridades imediatas? Essencialmente no que se refere à pandemia e também a outras questões?
Tudo passa pela pandemia, qualquer ação em qualquer área, a pandemia tem de estar no escopo de decisão. Porque hoje, se formos analisar, a grande briga mundial é vacinar a população. Quem conseguir vacinar vai ter uma tranquilidade de trabalho a longo prazo, tem economia com maior segurança, maior segurança na educação, diminui pressão interna dos setores de saúde, então tudo passa por isso. Qualquer decisão que a gente vá tomar tem de pensar na economia, mas não na questão política ou planejando uma semana ou duas, a gente tem de sempre pensar a médio e longo prazo.
Qual legado pretende deixar para Bento?
Hoje já temos o melhor índice do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) entre as cidades com mais de 100 mil habitantes no Rio Grande do Sul, estamos em primeiro lugar no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), já temos boa qualidade de vida, de estrutura, temos uma prefeitura organizada e sempre falamos que queremos brigar pelas primeiras posições do Brasil inteiro. Temos potencial de melhorar muito o nosso IDH da saúde, educação, socioeconômico. Queremos buscar o que deu certo nas outras regiões e fazer Bento ser uma referência nacional. Não é uma questão apenas de indicadores, mas se conseguimos melhorar indicadores, conseguimos melhorar a qualidade de vida de todo cidadão de Bento. É isso que esperamos cumprir nesses quatro anos.
O que espera da relação com a Câmara?
Espero relação de conversa, de parceria. Vereadores são essenciais nesse processo, pois cada um tem uma visão própria, tem vereador que é do bairro, outro do interior, outro das empresas, e acabam representando segmentos. Por isso, a conversa é essencial para acertarmos mais. O vereador está para ajudar, ele quer trabalhar, participar das decisões, então quero ter uma conversa muito próxima com cada um dos vereadores.
Fale da importância da questão econômica. Quando houver a efetiva retomada ou estabilidade do cenário, o que o senhor vê de potencial na economia?
Tecnologia, quem incentivar mais o empreendedorismo tecnológico, a inovação, quem fizer isso mais rápido, sai na frente. Quem conseguir colocar nas prefeituras, nas escolas, não pensando em um, dois anos, pensando em longo prazo. Temos economia diversificada em Bento, a pandemia acaba interferindo no turismo, que é muito importante, então eu vejo que, quando houver a retomada efetiva, alguns setores nossos voltarão com uma força nunca vista antes, vamos ter um crescimento muito forte em um curto espaço de tempo.
Trabalho de integração regional é algo que interessa Bento?
Acho que o Pasin teve um papel fundamental nisso, foi um líder regional, na verdade ele é um líder regional mesmo saindo da prefeitura. Ele conseguiu construir isso muito bem na região. Lógico, temos Caxias do Sul que é a maior cidade, mas temos a nossa mcirorregião também e somos referência nessa microrregião. Então, temos de buscar os municípios vizinhos, conversar com os municípios vizinhos, pois o crescimento da região depende de cada um dos municípios. Se Bento e Caxias vão mal, as cidades menores são levadas junto, se Bento ou Caxias sofrem uma crise política, as outras cidades sentem também. Então, temos de ter essa responsabilidade de entender que as cidades maiores têm papel fundamental em toda a região. Se não entendermos que todos temos prioridades conjuntas, a gente acaba retrocedendo.
O pedido de cassação de seu mandato já é algo que lhe assombrou antes mesmo de assumir o cargo. Ainda não há decisão efetiva disso, mas o que o senhor pensa desse processo?
A gente respeita a Justiça, a gente recorreu, vamos ter decisão do TRE, mas sabemos que é uma questão judicial, de advogados. O nosso foco é trabalhar na prefeitura, baixar a cabeça e tocar energia para fazer uma Bento cada vez melhor.
Mas o que pensa sobre a alegação de que teriam se beneficiado das divulgações no site da prefeitura e como que toda essa situação afeta seu governo?
A gente respeita, é uma questão que temos de entender que obviamente acaba interferindo, mas temos tranquilidade na nossa defesa, é uma defesa fácil de entender que não houve gravidade neste processo, a própria decisão judicial diz que não tem interferência na decisão eleitoral. Então, acreditamos que vamos vencer esse processo.