Pela sexta vez consecutiva, Renato Oliveira (PCdoB) foi eleito vereador de Caxias do Sul, o que o tornará o vereador mais experiente na próxima legislatura. Ao todo, já são 20 anos como vereador. Parte desse período foi secretário da Habitação, no governo de Alceu Barbosa Velho (PDT), entre 2013 e 2016. Ainda assim, as duas décadas que completa de eleições à Câmara quase equivalem à idade de uma de suas futuras colegas, Estela Balardin (PT), que tem 21 anos. Quando encerrar o próximo mandato, serão 24 anos de atuação parlamentar, tempo inesperado para quem, na própria visão, iniciou a trajetória política de maneira despretensiosa.
— Em 1992, tentei concorrer depois de muitos insistirem. Acabei sendo o mais votado do partido, mas não me elegi. Em 1996, não quis disputar, e, em 2000, também não era minha vontade, mas amigos insistiram tanto que decidi concorrer e acabei me elegendo. Desde então, todas as vezes que tentei, eu consegui. Agora serei o mais experiente, mas é bom ver uma gurizada nova surgindo — avalia Renato.
Apesar do respaldo eleitoral, os votos de Renato reduziram de forma significativa: passou de 2.425 em 2016 para 1.860 votos neste ano. Renato não vê de forma negativa a perda de eleitorado e afirma que foi apenas um movimento natural em razão do alto número de candidatos, especialmente no seu bairro, o Fátima.
— A diferença neste ano foi a quantidade de candidatos. Eu sou morador do Fátima desde 71, cheguei muito criança, com 11 anos, há 49 anos que moro ali, a maioria dos meus eleitores são dali e tiveram muitos candidatos no meu bairro. Então faz parte reduzir a votação, principalmente quando tem bastante candidato e bons candidatos — acredita.
Mesmo sobre o longo período de Casa, Renato assegura que voltará tão motivado quanto da primeira vez em que foi eleito:
— Cada dia que se entra na Câmara é um desafio. Estamos nesse mandato novo como se fosse o primeiro. A cada quatro anos a Câmara é renovada, por isso a cada dia temos que mostrar o que fazemos ali, e se os eleitores me recolocaram, é porque aprovam minha atuação.
Renato é o único vereador na bancada do PCdoB na Câmara.
Anos conturbados
Do tempo de Câmara, Renato avalia os últimos quatro como os mais difíceis.
— Lidar com a gestão do Daniel Guerra (Republicanos) foi muito difícil, porque a Câmara tem hábito de falar com prefeito, encaminhar demanda para secretários. E depois que houve impeachment, nós descobrimos que nada foi entregue ao prefeito. Isso poderia ter dado resultado na comunidade, às vezes é uma coisa simples. E depois veio a pandemia, que está sendo muito assustadora — comenta Renato, que inclusive testou positivo para covid-19 recentemente, mas se diz plenamente recuperado.
Quanto ao próximo governo, ele diz ter boas expectativas, especialmente na relação entre Legislativo e Executivo:
— Acredito que o prefeito vai nos atender em muitas coisas por já ter vivido na pele como é ser vereador.
Saúde e bairro Fátima são prioridades
Residente há quase 50 anos do bairro Fátima, Renato Oliveira é envolvido com o movimento comunitário da região há 35 anos. Foi ali, que viveu parte da sua infância, reconheceu a importância da atuação política e formou-se um agente político e referência para os moradores.
— Me orgulho muito do meu bairro, temos área de lazer que é exemplo na cidade, temos um colégio estadual que é exemplo, instituto federal, duas escolas de ensino fundamental, mas isso nada veio de graça, foi com muito trabalho que conseguimos — destaca.
A grande inspiração vem do falecido pai, Jovelino Alves de Oliveira, que, mesmo que nunca tenha tido interesse em vivenciar a política, ensinou Renato a entender o valor de contribuir com a comunidade.
— Ele não se envolvia muito com política, embora me apoiasse nas campanhas, nunca teve interesse de se envolver diretamente, mas a vontade de entrar foi por ele. Ele que nos trouxe para morar no Fátima, e a rua em que morávamos foi feita em mutirão pela comunidade, com picão, carrinho de mão com roda de madeira. Ele me deixou esse exemplo de se envolver com a comunidade — relata.
Para a continuidade da vida política, Renato garante dedicação plena à comunidade do Fátima.
— Não tenho muito o dom da oratória, mas meu dia a dia é trabalhar pela comunidade. E quando se elege seis vezes, muito tem a ver com esse trabalho — exalta.
Para a comunidade, Renato afirma como objetivos da próxima legislatura lutar pela reativação da unidade do Corpo de Bombeiros da Zona Norte, conquistar um ginásio de esportes — via governo estadual — para a Escola Rachel Grazziotin. Em relação às prioridades gerais, ele destaca que dedicará atenção prioritária à saúde, especialmente cobranças pela realização de mutirões para acabar com filas de espera e garantir contínua reposição de medicamentos em UBSs.
Quem é
- Perfil: 60 anos, metalúrgico de profissão (funcionário licenciado da Mundial há 20 anos por ser da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos). Morador do bairro Fátima.
- Trajetória: vereador eleito para sexto mandato consecutivo. Foi secretário da Habitação no governo de Alceu Barbosa Velho (PDT), entre 2013 e 2016.
- Referência: o pai, Jovelino Alves de Oliveira.
- Pessoal: conviver com a família, assistir ao futebol com o filho. É torcedor do Caxias. Gosta de passar tempo na área de lazer do Fátima e é bastante envolvido com futebol amador (torcedor do União).
Propostas
Renato Oliveira destaca o que pretende priorizar em seu mandato:
Saúde
"Vai ser nosso norte principal. A conclusão do Hospital Geral é uma demanda antiga, e não podemos permitir que falte medicamento nas UBSs e no CES (Centro Especializado em Saúde), isso é muito mais importante do que um próprio projeto de lei. Também temos de reduzir as filas de espera de consultas especializadas."
Educação
"Temos a Escola Rachel Grazziotin há 20 anos no bairro e precisamos de um ginásio de esportes. Vamos continuar cobrando do governo do Estado."
Segurança
"Muitas casas podem ser poupadas de serem queimadas. Fui indicado ainda pelo governo de Pepe Vargas (PT) para a construção do Corpo de Bombeiros da região Norte, na administração (de José Ivo) Sartori (MDB) ele foi entregue para a comunidade e depois abandonado. Queremos reativar imediatamente."