Há cerca de um ano com diretório municipal constituído em Caxias, o partido Novo não só passará a contar com a primeira bancada no Legislativo caxiense a partir do próximo ano, como também obteve o maior número de votos para um único candidato à Câmara no pleito do último domingo (15). Mauricio Marcon, empresário de 33 anos, conquistou a prefência de 5.618 eleitores e elegeu-se pela primeira vez na segunda oportunidade em que disputou o cargo. Na primeira tentativa, em 2016, concorreu a vereador pelo PSDB e totalizou 1.181 votos, ficando na segunda suplência do partido. Um ano depois, abriu mão dessa suplência e ingressou no Novo, justamente pela identificação imediata com o estatuto do partido, pelo qual concorreria à Câmara dos Deputados, em 2018. Encerrou aquela eleição com 11.003, ficando como primeiro suplente de Marcel Van Hattem na bancada federal.
Apesar do bom desempenho na eleição nacional há quatro anos, a votação do partido no pleito municipal em 2020 surpreendeu Marcon.
— Por ser a primeira votação do partido, fazer dois vereadores, uma bancada e o (Marcelo) Slaviero (candidato a prefeito) conquistar mais de 18 mil votos, achei expressivo para um ano só de diretório constituído. Termos vereador mais votado e montar bancada é uma grande vitória — comemora Marcon.
O vereador eleito se declara opositor ferrenho do Partido dos Trabalhadores (PT) "desde muito pequeno" e afirma Marcel Van Hattem como sua principal referência política — além do ex-presidente norteamericano Ronald Reagan e do ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Churchill. A partir das suas influências, ele ressalta que pretende defender a pauta liberal que fundamenta os princípios do partido Novo.
— A ideia é fazer uma frente ampla de desburocratização, facilitar vida do empreendedor e tornar Caxias novamente uma cidade pujante. Temos que copiar o que deu certo no mundo, posso citar exemplos de Hong Kong, Nova Zelândia, Austrália, Inglaterra, exemplos não faltam de países que adotaram o liberalismo, menor intervenção estatal,e desenvolveram seus países. Essa é a proposta do Novo, pro país e para o município — acredita.
Além de Marcon, o partido Novo elegeu também o administardor Maurício Scalco para o legislativo, que obteve 1.736 votos.
Respeito a vereadores e foco em ajudar pessoas
Quando questionado sobre quem considera seu diferencial, Marcon narrou:
— Minha mãe teve toxoplasmose quando estava grávida de mim. O médico disse que ela deveria abortar porque as chances de o feto nascer morto é grande nesses casos. Ela então foi na igreja e, na frente do sacrário, disse que, se eu nascesse, seria uma pessoa de Deus e ia trabalhar pelas pessoas. Sempre fui católico fervoroso, coroinha com oito anos, catequista com 21 e ministro aos 23, que foi a idade que minha mãe me contou essa história, até então eu não sabia. E sempre amei ajudar as pessoas.
O paralelo espiritual da narrativa busca explicar o desejo de Marcon de ingressar na vida política.
— Tem a frase bíblica que diz 'quando os bons se omitem, os maus tomam conta'. Eu poderia ter ficado na minha loja trabalhando, ganhando minha vida, mas decidi tentar fazer algo pela minha cidade — afirma.
Sobre sua postura no legislativo, adianta que pretende atuar para toda a população, mas vai buscar representar o pensamento das pessoas que o elegeram, o que prevê como uma ideologia contrária à de outros parlamentares, mas nem por isso desrespeitosa.
— A segunda mais votada foi a vereadora Denise Pessôa (PT). No primeiro dia vou conversar com ela, quero dar os parabéns e dizer que discordamos de praticamente tudo de visão de mundo, mas nem por isso devemos ser inimigos, ela tambem se elegeu e entende do seu próprio jeito o que pode ser melhor para a comunidade. Teremos discordâncias ideológicas, mas quero respeitar a pessoa dos meus colegas na Câmara.
Quem é
Perfil: 33 anos, empresário, dono de uma loja de roupas infantis, natural de Caxias. É formado em Economia pela UCS.
Trajetória: em 2016, concorreu a vereador pelo PSDB e obteve 1.181 votos, ficando na segunda suplência do partido; em 2018, disputou à Câmara Federal e ficou como suplente de Marcel Van Hattem ao fazer 11.003 votos. Em 2020, foi o vereador mais votado em Caxias (5.618 votos).
Referências políticas: Marcel Van Hattem, Ronald Reagan e Winston Churchill.
Pessoal: casado com a empresária Patrícia Loeser Marcon, juventudista e morador do bairro Pio X.
DOAR SALÁRIO E REDUZIR VEREADORES
Maurício Marcon destacou quais projetos pretende priorizar em seu mandato. Confira:
Reduzir número de vereadores
"Em 2012 a Câmara aumentou número de vereadores de 17 para 23 e eu particularmente não senti diferença na minha vida, não senti ganho, e isso custou R$ 12 milhões. A primeira ideia vai ser engajar a população, pressionando vereadores para que na próxima legislatura consiga diminuir número de vereadores para 17, assim conseguiríamos ter economia de recursos e prestar o mesmo serviço para a comunidade. Não precisamos esperar junho ou julho de 2024 para pautar isso, teremos de tentar pautar desde já."
Revogar leis
"Caxias tem mais de 9 mil leis, algumas absurdas como uma que exige que a pessoa tome ducha antes de entrar na piscina. Não faz sentido, termos 9 mil leis no município, beira o ridículo. Eu e o Scalco tentaremos revogar o máximo de leis possível. A pauta é desburocratizar, facilitar vida do empreendedor."
Responsabilidade compartilhada
"Temos exemplos na prefeitura de alvarás que levam 60, 90 dias para terem uma resposta e se tem uma coisa errada o processo se inicia novamente. Temos de confiar no cidadão. Se tiver que aprovar um projeto e a fiscalização tem sete, 10 dias para dar o retorno, se o retorno não for dado o alvará é concedido automaticamente, depois a fiscalização vai lá verificar se está tudo ok. Se não estiver o empreendedor vai arcar com as consequências. Mas não podemos achar que todo mundo é ladrão e quer fazer a coisa errada, 99,9% das pessoas querem fazer a coisa certa e nós precisamos acreditar no empreendedor."
Abrir mão de benefícios
"Vamos abrir mão de todos os benefícios que temos (ele e o colega de partido eleito, Maurício Scalco) na Câmara, celular, assinatura de jornal, tevê a cabo, não quero nada disso. Vou doar meu salário, vou ficar só com salário mínimo."
Doar salário
"Um vereador recebe cerca de R$ 8 mil líquidos. Vou ficar com R$ 1.045, que é o salário mínimo, para me custear, afinal, tenho custos também, pagar para trabalhar não vou querer fazer, mas vou doar cerca de R$ 7 mil por mês, vai dar doação de mais ou menos R$ 330 mil até fim do mandato. Meu projeto se chamar "Ir além" e com ele quero contemplar projetos de Caxias, escolas, ONGs que cuidam de animais, de mulheres, enfim, entidades vão me mandar o que precisam de forma material, não vou dar dinheiro. Suponhamos que tenham os projetos A e B que sorteei. Aí vão me mandar o que fariam com R$ 2, R$ 4 ou R$ 6 mil. Vou lançar dois projetos no Facebook e a população vai votar para quem vai o dinheiro e o recurso será proporcional. Se a entidade receber 60% dos votos vai receber 60% dos recursos."